Impulsionados pela Covid – mas não exclusivamente – o total de mortes em Santos neste ano, conforme registro nos cartórios, revela uma triste tendência nesta primeira metade de 2021.
As pessoas com menos de 60 anos, ou seja, consideradas fora do grupo de risco de doenças em geral e da Covid em especial já representam 1 em cada 5 mortes na Cidade.
Com base nos dados estatísticos divulgados pelos cartórios, por meio do Portal de Transparência, o Boqnews apurou que este índice subiu nos primeiros meses de 2021 (dados até 17 de junho), contra as médias de 2019 e 2020. Ano, aliás, quando surgiu a pandemia.
Os dados levam em consideração todas as mortes registradas – e não exclusivamente apenas pela Covid-19.
“Percebemos um aumento significativo no registro de óbitos de pessoas com menos de 60 anos”, explica Fábio Caprano, diretor regional em Santos da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen/SP).
Ele participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias de quinta-feira, onde explicou como são computados os números de mortes em geral.
E os dados dos registros atestam esta triste realidade, impulsionados, é claro, pela Covid.
A Prefeitura informa que até o momento já foram 1.776 mortes somente pela doença. Dados desta sexta (18).
Número, aliás, bem distante dos registros em cartórios.
Até quinta (17), eram 2.129 mortes, conforme registros no cartório, de vítimas fatais apenas de Covid.
“Realmente os números são bem distintos”, reconhece o profissional, salientando que os registros tomam como base os dados encaminhados pelos hospitais.
“O registrador não inova. Ele segue os atestados enviados pelos hospitais”, salienta.
Menos de 60 anos
Em 2019 – antes da pandemia – as pessoas com menos de 60 anos representaram 16,5% no total de mortes no Município.
O índice praticamente foi idêntico no ano passado (16,3%) quando a pandemia iniciou em março.
No entanto, o quadro tem se alterado, ainda que lentamente, neste ano.
O percentual atual chega a 20,7% entre as vítimas fatais com menos de 60 anos – consideradas todas as causa mortis.
Ou seja, um em cada cinco falecimentos na Cidade foi de moradores abaixo do considerado ‘grupo de risco’.
Esta alteração de 4,4 pontos percentuais representa um acréscimo de 136 mortes de pessoas com menos de 60 anos, se fosse mantida a mesma média percentual do ano passado, por exemplo.
O avanço da vacinação especialmente para as pessoas com mais de 60 anos pode ser um indicador desta alteração.
Ou sejam, enquanto boa parte do público acima de 60 anos já foi vacinado, inclusive com duas doses, aqueles abaixo desta faixa etária ainda aguardam – a vacinação para quem tem entre 50 e 60 anos começou na última semana.
Segundo o vacinômetro, em Santos, 184.657 pessoas já tomaram a primeira dose e 92.095, a segunda.
Na prática, este grupo estaria devidamente protegido, após 15 dias da segunda dose.
Ainda que possa transmitir o vírus, ressalve-se.
Conforme o IBGE, 19,2% da população santista tem mais de 60 anos.
Ou seja, cerca de 84 mil pessoas.
Portanto, como os números do Censo estão desatualizados – o último ocorreu em 2010 – pode-se assegurar que a grande maioria dos santistas já tomou a segunda dose da vacina ou será vacinado nas próximas semanas.
Médias
Entre as faixas etárias menores de 60 anos, algumas chamam a atenção pelo crescimento de mortes de forma proporcional.
Por exemplo, entre os jovens de 20 a 29 anos, já foram 28 que morreram neste ano – praticamente o mesmo número (30) em relação a todo o ano passado.
Já entre 40-49 anos, o total de mortes já chega a 165 – contra 163 ao longo de 2019. Antes, portanto, da pandemia.
Situação não muito diferente em relação à faixa etária entre 50-59 anos.
Foram 354 mortes em 2019, 434 ao longo de 2020 e agora, 334 apenas no primeiro semestre (que ainda não acabou).
Por sua vez, há uma queda substancial de mortes em geral – por todas as causas – para quem tinha mais de 80 anos.
No passado, foram 1.475 pessoas. Agora, 724.
Mortes em geral
Assim, ao longo de 2019, Santos perdeu 4.697 moradores (cerca de 1% da população) – média de 12,8/dia.
No ano passado, foram 5371 – alta de 14,3%, com média de 14,6/dia
E até 17 de junho deste ano, outras 3.090 mortes foram contabilizadas, com média de 18,4/dia.
Ou seja, alta da média diária de 26% na comparação com o ano passado e de 44% em relação a 2019, antes da pandemia.
Vacinação para pessoas acima de 50 anos, sem comorbidades, começa na última semana. Foto: Divulgação
Vacinação
Em Santos, neste final de semana, poderão ser vacinados os seguintes grupos (confira detalhes aqui).
Oxford/AstraZeneca (primeira dose)
- Pessoas sem comorbidades 50+
- Pessoas com comorbidades 18+
- Motoristas de transporte coletivo
- Transplantados
- Pacientes renais em diálise
- Pessoas com síndrome de Down 18+
- Trabalhadores da Educação Básica 18+
- Coletores de lixo
- Pessoas com deficiência permanente 18+
Além dos que precisam tomar a segunda dose, após 90 dias.
CoronaVac
Primeira dose – Gestantes e puérperas, com e sem comorbidades
Segunda dose – Todos os que completaram o intervalo de 28 dias da primeira dose
Pfizer
Primeira dose – gestantes e puérperas (mulheres que tiveram bebê nos últimos 45 dias), trabalhadores da Educação e pessoas com deficiências permanentes. Todos com 18+
Confira o programa completo de quinta (17)