Dois práticos de São Paulo, ganharam um dos principais prêmios da Organização Marítima Internacional.
Márcio Santos Teixeira e Fábio Rodrigues Alves de Abreu foram inscritos pelo Brasil ao Prêmio IMO por Bravura Excepcional no Mar que consiste em reconhecer aqueles que tenham atos de coragem na tentativa de salvar vidas.
Assim, a indicação foi feita, após o trabalho dos práticos no Terminal Almirante Barroso em São Sebastião no dia 28 de abril do ano passado, quando uma tempestade de mais de 130km/h deixou dois navios petroleiros à deriva.
O prêmio que acontece anualmente desde 2007, teve em 2019, 31 concorrentes de diferentes lugares do mundo e os brasileiros foram os vencedores juntamente com um prático da Filipinas, país localizado na Ásia.
O resultado saiu no dia 20 de setembro, esta foi a segunda vez que brasileiros conquistaram o Prêmio IMO, a primeira aconteceu em 2008, com o reconhecimento ao navegante Rodolpho Fonseca que salvou seus companheiros depois de um incêndio explosivo em uma embarcação.
A premiação dos brasileiros Márcio Santos e Fábio Abreu vai ocorrer em Londres na Inglaterra, mas sem data confirmada, por conta da pandemia da Covid-19.
Os dois heróis e o presidente da Praticagem do Estado de São Paulo, Carlos Alberto de Souza Filho concederam uma coletiva de imprensa, na última segunda-feira (19) na sede da Praticagem na Ponta da Praia em Santos, onde falaram sobre o trabalho durante a tempestade e a conquista do prêmio.
Trabalho de Herói
Os práticos foram acionados para atender a emergência por volta das 17h daquele dia, Márcio Santos e Fábio Abreu poderiam optar por não fazer o trabalho, mas já estavam determinados em realizar a ação, mesmo sabendo dos riscos de vida que a tempestade poderia causar.
Os dois navios petroleiros “Rio 2016” e “Milton Santos” estavam atrelados, por meio de um cabo de aço, com a tempestade, as embarcações ficaram à deriva em direção a Ilhabela.
Márcio Santos destacou a força da tempestade “No momento em que fomos acionados, não tivemos nenhum medo e chegamos no píer para embarcar na lancha até os navios, o batimento cardíaco estava acelerado. Apesar da nossa experiência, a situação foi completamente atípica, devido ao vento muito forte, o canal com o mar mexido e a visibilidade complicada”, ressaltou o prático.
Quando os dois chegaram nos navios, tiveram mais um problema além da tempestade, o tripulante da embarcação “Milton Santos” estava em estado crítico, aparentemente com um problema cardíaco, então eles precisaram desembarcar o homem urgentemente em meio ao trabalho de fundear o navio.
O tripulante não resistiu e acabou falecendo.
Operação
Durante a operação de evitar uma catástrofe, os práticos tiveram muita cautela para a tomada das decisões. De acordo com Fábio Abreu, a fase mais crítica foi conseguir girar os navios com segurança ao local de fundeio e tirá-los da área de perigo.
O único jeito para conseguir fundear os navios foi deixar o “Rio 2016” rebocar o “Nilton Santos”. Assim, que o vento diminuiu, as embarcações foram desconectadas e levadas para um local seguro.
A ação que parece ser simples na descrição durou mais de cinco horas e meia. Para Fábio Abreu, o sentimento foi de alívio e missão cumprida “Realizei meu trabalho, não imaginava receber um prêmio por isso, fiquei muito feliz em representar o Brasil numa das maiorias honrarias da comunidade marítima internacional” concluiu.
Já Márcio Santos ressaltou que caso não houvesse a ação dos práticos, poderia ocorrer uma tragédia “O pior cenário era os navios continuarem a deriva em direção à Ilhabela que tem fundo com pedras, assim com o choque da embarcação causaria uma catástrofe ambiental, com derramamento de óleo”, enfatizou.
Assim, toda a área turística de Ilhabela poderia ser impactada, porém com o trabalho de heroísmo dos práticos, vidas, meio ambiente, turismo e economia foram salvos.
Profissionalismo
O presidente da Praticagem de São Paulo, Carlos Alberto de Souza valorizou o trabalho e empenho dos práticos. Segundo ele, a equipe que atua no Estado está preparada para as mais diferentes circunstâncias.