Realização de festivais é fundamental para processo de revitalização do Centro | Boqnews
Foto: Thalles Galvão

Centro Histórico

07 DE AGOSTO DE 2015

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Realização de festivais é fundamental para processo de revitalização do Centro

Restaurantes fechados e ruas desertas compõem a paisagem da região do Centro Histórico à noite

Por: Da Redação

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centro1No próximo domingo (16) celebra-se o Dia do Bairro do Centro de Santos, conforme a Lei Municipal 1.891, de 2000. Desde aquela época falava-se em revitalização do local. A Cidade — apelido carinhoso dado pelos santistas — povoada com casarões e obras arquitetônicas de relevância histórica sofre há muito com a ação do tempo e o abandono. O Centro já não é tão efervescente como outrora. O ambiente de boêmia deu lugar à sensação de insegurança em meio as ruas desertas e, muitas vezes, às escuras.

“Temos muito pedintes no entorno do nosso estabelecimento. Isso sem falar nos buracos. Só esticamos o expediente um pouquinho na sexta por causa do happy hour, mas não como antigamente”, diz Vera Perez, mãe do proprietário do Largo do Café. Marcelo Mineiro, filho de um dos proprietários do tradicional Café Carioca, relata que normalmente as portas ficam abertas até as 21 horas, contudo, após as 19 horas, fica tudo bem deserto e o movimento é “baixíssimo”.

Eventos e atividades
Para mudar a realidade, o secretário de Turismo de Santos, Luiz Dias Guimarães diz que o objetivo da Prefeitura é resgatar o costume do público de frequentar o Centro, atraindo-os por meio de eventos e festivais como o recente Festival Santos Café, que reuniu 37 mil pessoas em quatro dias no mês passado.IMG_0040

O evento, já confirmado para 2016, teve mais de 40 atrações. Todavia,  os restaurantes que participaram do programa não conseguiram absorver a demanda do público. “Era um primeiro evento. Não havia um histórico. Nem todos os restaurantes aderiram ao projeto. Alguns deles alegaram dificuldades e nós respeitamos isso. Não tenho dúvidas que o sucesso do festival mostrou para eles que a demanda existe. Tenho certeza que alguns se arrependeram de não ter participado. Mas irão participar no próximo”, justifica Guimarães.

Guilherme Brum, gerente do restaurante português Tasca do Porto — único do Centro que abre aos domingos — confirmou que o resultado do festival foi excelente, mas que é preciso criar cada vez mais atrativos de modo  a formar o hábito de ir à Centro à noite e aos finais de semana. “É preciso um esforço conjunto de restaurantes e Poder Público. O Centro tem um potencial incrível. Basta perguntar quantos pontos turísticos existem em Santos e quantos estão localizados aqui”.

De acordo com Guimarães, a regulamentação do happy hour no espaço público ainda está na fase de estudos juntamente com os donos de bares e restaurantes. “A ideia é que seja das 18 às 22 horas em pontos que tenham vocação para a atividade  e condições de segurança e trânsito. Queremos incentivar o happy hour no Centro Histórico. Mas não como uma grande atividade concentrada, mas em micro pontos. A princípio são três pontos em estudo (Rua XV com a Rua do Comércio; Boulevard da Rua XV e Rua Cidade de Toledo)”.

A intenção é delimitar um perfil musical na linha do Festival do Café, com choro, blues, jazz. A Secretaria de Turismo também quer estimular o hábito da feijoada aos sábados.

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Outro programa fundamental no processo de revitalização é o Alegra Centro. Criado em 2003, visa o desenvolvimento socioeconômico com isenções fiscais. Desde então, o Alegra Centro já beneficiou 490 obras. Atualmente, são dez processos em análise.

“É um conceito de revitalização que deu certo. Basta comparar o Centro hoje em relação há 15 anos. Estamos estudando para fazer alterações na legislação de forma a incentivar ainda mais empreendimentos no Centro Histórico. Trouxemos neste mês para o edifício da Secretaria de Turismo, no Valongo, o escritório técnico do Alegra Centro. Isso já acusou o triplo de aumento na procura”, afirma.

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Hoje, existe a cultura de que as ruas do Centro Histórico não são exatamente as regiões mais seguras da Cidade, sobretudo no período noturno. “Não sei se a segurança daqui é o faroeste que todos pintam. ‘Falta segurança porque falta gente ou falta gente porque falta segurança?’”, indaga Guilherme Brum, gerente do restaurante Tasca do Porto.

Para o secretário Luiz Dias Guimarães, os restaurantes não abrem à noite “porque têm um alto custo para uma demanda, que hoje, é insignificante. Existe uma lógica comercial. Na medida em que nós fomentarmos a realização de atividades no Centro essa conta muda”.

Guimarães complementa dizendo que à medida que existe uma frequência maior de pessoas, aumentará a sensação de segurança.

Paralelamente a isso, foi instituído pela Administração Municipal uma força-tarefa entre fiscais, Guarda Municipal e Polícia Militar com objetivo de coibir a venda de bebidas alcoólicas irregulares e fiscalizar hotéis na região central.

Valongo
Quando se fala em revitalização da região central, não se pode esquecer do Valongo. Lá, a luta do Frei Rozântimo durante a sua primeira passagem, há mais de 15 anos, trouxe melhorias ao local. “Graças a Deus tivemos mudanças. Na minha época conseguimos a liberação de verba do (governador) Mário Covas para  restauro da Estação do Valongo. O uso do casarões está sendo valorizado, com a chegada do Museu Pelé e as casas noturnas”, salienta o frei.

Contudo, após anos de espera, o Museu Pelé ainda não está sendo o sucesso esperado. A boa temporada das férias de julho pode ser um alento aos problemas financeiros, incluindo salários e contas de luz atrasados, mas a instituição demitiu uma parcela de seus funcionários no último mês.  Os ingressos de R$ 9,00 a R$ 18,00 e a lanchonete com cafezinho custando R$ 6,00 afugentam o público.centro5

Outra mudança no Valongo foi a chegada da Petrobras. Apesar de ser longe da expectativa inicial de três torres e 6 mil funcionários, a única torre erguida reúne cerca de 1.500. Alguns trabalhadores que não quiseram se identificar conversaram com a Reportagem e disseram que o entorno tem muito a melhorar. A começar pelos casarões abandonados e os problemas com a vegetação.

Frei Rozântimo alertou ainda para a necessidade da reforma dos armazéns 1 ao 8 prometida há tempos. Quanto a isso, o secretário de Turismo, Luiz Dias Guimarães, justificou que a parada se deu pelo contingenciamento do orçamento federal. “Foi praticamente retirada a dotação que havia para a implantação do Mergulhão (passagem subterrânea). Ele é indispensável para viabilizar o projeto. De qualquer forma, já estamos estudando alternativas de utilização da área dos armazéns. Não podemos ficar parados por conta da crise”.

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