A deputada estadual Telma de Souza (PT) afirma que a sigla sofre o desgaste de tantos anos no poder. Para ela, é preciso dar novos rumos à legenda, da qual é fundadora e que completou 35 anos na última terça-feira (10). A política concedeu entrevista ao Jornal Enfoque, da Santa Cecília TV, na última quarta (11) e fez um balanço sobre o momento atual do partido.
“Não gosto de usar a palavra refundação. De algum tempo para cá, o PT carece de um retorno à base ideológica. Só um projeto que tem essa fundação de ideologia pode sobreviver aos apetites e egos que quem compõem qualquer colegiado. Nós precisamos ver o caráter das pessoas, ver se elas têm espírito coletivo. Sem ele, é impossível fazer política”, ressaltou, que não conseguiu ser reeleita à Assembleia (ficou com a terceira suplência).
Ela lembra que as lideranças petistas farão reuniões para discutir os rumos da sigla no futuro. Segundo ela, essas conversas e defninições “já estão atrasadas”. “Mais do que nunca é preciso resgatar os motivos pelos quais nós criamos o Partido dos Trabalhadores em 1980. Os movimentos sociais, a transparência em tudo que se faz e, justamente, o compromisso ideológico com a classe média e os setores menos abastados da sociedade”, continuou.
Insatisfeitos
Telma também aproveitou para falar sobre dois casos recentes de membros do PT que tornaram públicas críticas à forma de conduta da sigla e à passividade das lideranças: a senadora Marta Suplicy e o vereador santista Evaldo Stanislau. A deputada classificou a ex-prefeita da Capital como deselegante. “Ela não foi humilde ao expor particularidades da presidente Dilma (Rousseff) e do ex-presidente Lula”.
Sobre o parlamentar, a política afirma que a postura dele foi “confusa”. “São dois anos de PT que o vereador tem. Quem sou eu para dizer para as pessoas terem humildade. O caso já foi tratado na Executiva e após o Carnaval pelo diretório. Há uma unanimidade contra a postura do vereador. Ele será chamado a falar. Por mais que tenhamos muitos motivos para estarmos preocupados com os rumos do PT, nós temos grupos internos construídos com suor e sangue de muita gente para tratarmos destes assuntos. Não é assim que se porta”, ressaltou Telma, para, no final, sacramentar: “Quem não está satisfeito, tem que sair”, alfinetou o colega do partido da estrela vermelha.