Ações devem continuar | Boqnews

Opiniões

06 DE MARÇO DE 2016

Ações devem continuar

Por: Humberto Challoub

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Apesar das negativas retóricas, a saída de José Eduardo Cardozo do comando do Ministério da Justiça, que passará a ser chefiado pelo procurador Wellington César Lima e Silva, atendeu parte das lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) insatisfeitas com as ações promovidas pela Polícia Federal na Operação Lava a Jato, especialmente em um momento em que as etapas das investigações envolvem diretamente o líder maior da legenda, o ex-presidente Lula. Ligado ao atual ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, o novo titular da Justiça, ao que tudo indica, tem como missão jogar água na fervura do caldeirão de denúncias envolvendo atos de corrupção e crimes eleitorais, que agora também já ameaçam atingir a presidente Dilma Rousseff (PT).

Neste sentido, caberá à sociedade redobrar a atenção para atuação de Wellington César à frente do Ministério para evitar interferências indevidas na condução dos processos investigatórios e assim evitar que os avanços no combate à corrupção sejam refreados em favor de interesses partidários. Havemos de reconhecer que, até hoje, as tentativas de coibir a banalização de práticas corruptas nunca haviam alcançado tamanha repercussão no País, acostumado com o ambiente de impunidade motivado por décadas de inexistência de leis específicas de combate a esse tipo de crime.

Mesmo que ressaltando a importante contribuição da imprensa, por meio da fiscalização e denúncia de inúmeros casos de negociatas, favorecimentos ilegais e uso indevido do poder constituído, a imagem do Brasil ainda é formada pelos traços marcantes habitualmente atribuídos às nações do terceiro mundo, onde a cultura da corrupção se sustenta sobre a ideia de representar uma mera consequência resultante da pobreza e desinformação da população.

Os danos gerados pela corrupção vão além dos prejuízos causados diretamente aos cofres públicos das administrações lesadas. A desconfiança e as dúvidas geradas por desvios de propósitos desestimulam as boas práticas administrativas e de conduta na atividade pública, uma vez que, pelo que se pode abstrair da realidade atual, somente os desvios éticos estão sendo aquinhoados com as benesses oferecidas pelo poder. Combater com rigor os atos corruptos, a partir da condenação moral e a aplicação de severas punições aos corrompidos e corruptores, é o único caminho viável para elevar a imagem de credibilidade do País e, sobretudo, ressaltar os valores éticos e de honestidade que obrigatoriamente devem permear as administrações públicas. Espera-se portanto do novo ministro uma atuação isenta e alinhada aos reais interesses da população que, mais do que nunca, deseja interromper um ciclo de ilicitudes que, lamentavelmente, se tornou corriqueiro e já se caracteriza como característica pejorativa da cultura nacional.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.