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Foto: Divulgação Mercosul e União Europeia

Opiniões

15 DE JULHO DE 2019

Gerar e distribuir riquezas

Por: Humberto Challoub

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O acordo de livre comércio entre a União Europeia e os países que integram o Mercosul, concluído após 20 anos de negociações entre os dois blocos econômicos, representa uma grande oportunidade para o Brasil ampliar sua participação no mercado internacional, com a possibilidade de propiciar um aumento significativo no saldo de sua balança comercial. Ao mesmo tempo em que se abrem perspectivas extremamente favoráveis pela possibilidade de acesso a uma região de representa um terço do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, muitos desafios terão que ser superados para que toda potencialidade que esse mercado oferece possa ser aproveitado, especialmente no que diz respeito às exigências quanto a qualidade e preço das mercadoriais comercializadas.

A efetivação do acordo entre os dois blocos abrirá inúmeras oportunidades, mas irá impor a necessidade de criação de novos sistemas de integração comercial, alicerçados na idéia de que, ao invés de distribuir prejuízos da especulação financeira, são as riquezas produzidas pelo trabalho que devem ser compartilhadas em benefício de todos. Nesse sentido, os países envolvidos terão a missão de construir uma nova ordem de relacionamento, a partir da união de propósitos entre as nações industrializadas e em desenvolvimento, permitindo que a geração de riquezas favoreça em especial às populações mais vulneráveis.

Mais do que representar um simples ato de benevolência, a promoção de ações visando assegurar melhores condições de vida às comunidades pobres, em todo o mundo, representa uma necessidade premente, não só pelo cumprimento dos direitos fundamentais à dignidade humana, mas sobretudo pela necessidade de interromper a degradação do planeta motivada pela ocupação urbana desordenada. Sem acesso à saúde, à educação e marginalizados dos processos de geração de renda, grandes contingentes populacionais contribuem involuntariamente para a degeneração de bens naturais universais e para o acirramento dos conflitos sociais, traduzidos no aumento da criminalidade.

As consequências do sistema capitalista que predomina nas relações internacionais, utilizado para reproduzir princípios feudais e da escravocracia – calcados na idéia da existência de exploradores e explorados – já são bem conhecidas. Por isso, o acordo favorece a criação de um novo paradigma comercial entre as nações, guiado pelo entendimento de que a redução das imensas diferenças sociais trará benefícios a todos, especialmente em um momento que devem ser redobrados os esforços para a recuperação ambiental do planeta.

É preciso reconhecer que as políticas assistencialistas, como o Bolsa Família, revelaram-se eficazes para reverter cenários de pobreza extrema, contudo, como se viu, elas também estiveram a serviço de interesses eleitorais populistas e eleiçoeiros, por isso não podem avalizar a distorcida ideia de que os fins possam justificar os meios. Principalmente porque elas também oferecem o risco de consolidar uma cultura de benevolência que acabará, no futuro, cerceando as oportunidades de aproveitamento do potencial produtivo do cidadão, limitando os mecanismos para que ele gere renda e prospere socialmente por seus próprios meios.

O momento exige à formulação de políticas econômicas realistas, adequadas à capacidade de geração de recursos e do controle dos gastos públicos, de forma a recuperar a credibilidade do País e sustentar quaisquer políticas sociais que sejam introduzidas com a finalidade de salvaguardar garantias de vida digna à população. É preciso portanto, a todo custo, assegurar oportunidades no mercado de trabalho, pois só assim teremos como resultante a redução da grande distância que separa os poucos ricos dos muitos pobres brasileiros, um contingente que, por certo, deseja menos complacência e mais dignidade. Sem um propósito factível e trabalho honesto não haverá milagre possível porque, como é sabido, Papai Noel só existe nos lúdicos sonhos infantis.

Sem projetos consistentes dirigidos a promover a desconcentração produtiva e a descentralização dos gastos e investimentos públicos, o Brasil não dispõe de um planejamento capaz de assegurar a integração regional, por meio de sistemas de transportes coletivos eficientes e adequados às realidades locais. Nesse sentido, além da urgente necessidade de investimentos na melhoria das condições de um setor essencial para a melhoria das condições de vida da população, cabe ao Governo colocar em prática a tão propalada política de transportes para o País, que obrigatoriamente deve incluir projetos visando a criação de sistemas urbanos mais eficientes conjugados com malhas ferroviárias de grande extensão e o melhor aproveitamento de vias pluviais, garantindo condições mais seguras e econômicas para o translado de cargas e passageiros.

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