Inclusão pelo trabalho | Boqnews
Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Opiniões

01 DE DEZEMBRO DE 2020

Inclusão pelo trabalho

Por: Humberto Challoub

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Ao confirmar esta semana que o auxílio emergencial não será estendido para o próximo ano, o ministro da Economia, Paulo Guedes, suscitou a dúvida sobre a real capacidade de o País suprir com as necessidades básicas de milhares de famílias que ainda dependem da ajuda governamental para sobreviver. Sem contar com previsão orçamentária que assegure os recursos necessários para esse fim e sem disposição de ultrapassar limites de gastos, o ministro aposta na recuperação da economia e em uma consequente geração de empregos capaz de absorver grande contingente de trabalhadores que hoje estão à margem do mercado de trabalho.

Inegavelmente, ao longo da última década, o Brasil assistiu a ocorrência de uma sensível melhora nas condições de vida das populações mais pobres, resultado quase que exclusivo da implementação de programas assistenciais como o bolsa-família, que permitiu a inclusão no mercado de consumo de produtos básicos de milhares de famílias que viviam em níveis de miserabilidade. Não há dúvida que as políticas assistencialistas foram eficazes em um cenário de pobreza extrema, porém elas consolidaram uma cultura de benevolência que, até agora, cercearam as oportunidades de aproveitamento do potencial produtivo de milhares de assistidos, limitando os mecanismos para que eles contribuam efetivamente com as atividades de geração de renda e, com isso, possam romper com o ciclo da miséria por seus próprios meios.

Apesar de coerente na retórica de austeridade orçamentária, Paulo Guedes ainda não formulou políticas consistentes dirigidas à criação de frentes de trabalho para o aproveitamento desses assistidos, especialmente em áreas que não exigem níveis elevados de especialização da mão-de-obra contratada. Enfatizar, nesse momento, a geração de renda por meio da ocupação de trabalhadores em projetos voltados à melhoria das condições de vida da população, como habitação, saneamento e infraestrutura urbana, é de fundamental importância e, por isso, deveria estar entre as principais prioridades das autoridades públicas em todos os níveis das administrações.

É hora, portanto, de o atual Governo indicar caminhos. Somente o aumento de vagas no mercado de trabalho resultará no fortalecimento da economia e, como resultante, na redução da desigualdade que marginaliza as famílias pobres brasileiras, um contingente que, por certo, deseja menos assistencialismo e mais oportunidades para não depender exclusivamente da complacência governamental.

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