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Opiniões

09 DE FEVEREIRO DE 2015

Incongruência econômica

Por: Humberto Challoub

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Números recentes da economia brasileira apontam para uma sensível redução da produção industrial, com queda da atividade em diversos setores. No sentido inverso, os gastos de custeio com a máquina pública – valores que excluem as despesas com saúde, educação, sociais e repartição de receitas com estados e municípios – cresceram substancialmente, o que evidencia um desequilíbrio cujas consequências danosas à população já são por demais conhecidas.

O aumento significativo das despesas permanentes, especialmente para com o funcionalismo e à Previdência Social, se tornam perceptivos porque já comprometem o ritmo de desenvolvimento das obras públicas, notadamente as inseridas no alardeado Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Os reflexos da gastança, em um futuro próximo, ameaçam também trazer prejuízos à formação da poupança interna, utilizada para direcionar ações de longo prazo, podendo igualmente comprometer, de forma duradoura, a capacidade de o País produzir superávits primários mais expressivos, deixando assim de contar com esse importante trunfo caso volte a ter necessidade de se promover novos ajustes fiscais quando precisar.

Percebe-se assim, de forma clara, que o Governo Federal mantem em curso sua estratégia de apoderamento da máquina pública, notadamente objetivando garantir sua base de sustenção política no Congresso Nacional, a partir da concessão de cargos e benesses aos apaniguados. Ao longo da história são muitos os exemplos das consequências negativas geradas pelo inchaço das máquinas administrativas, que invariavelmente resultam em sucessivos déficits orçamentários e no aumento dos volumes pagos a título de juros para rolamento de dívidas de custeio.

Da mesma forma, a necessidade de cada vez mais recursos para cobrir déficits revela-se como o principal combustível para impulsionar processos inflacionários, cujas resultantes maléficas são muito conhecidas por várias gerações de brasileiros. Lamenta-se, portanto, que ao invés de priorizar a destinação de recursos exclusivamente aos projetos sociais e de melhoria da infraestrutura produtiva nacional, o Governo comandado pela presidente Dilma Rousseff (PT) opte por dar preferência ao financiamento de ideários partidários visando o objetivo de perpetuação no poder.

Nesse sentido, torna-se imprescindível a mobilização da sociedade civil em torno da necessidade de exigir das administrações públicas o estabelecimento – e fiel cumprimento – de políticas de investimento de longo prazo, desatreladas do risco de sofrer com as constantes interferências dos processos eleitorais e cartilhas partidárias. O País já não mais necessita de salvadores da pátria ou planos econômicos mirabolantes, mas apenas a utilização coerente e austera dos muitos impostos arrecadados da população, que muito paga pelas poucas contrapartidas que lhe são oferecidas.

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