O calvário de Dilma | Boqnews

Opiniões

04 DE OUTUBRO DE 2015

O calvário de Dilma

Por: Humberto Challoub

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Desprestigiada pelo próprio partido pelo qual foi eleita, sem poder contar com uma base de apoio político que assegure a maioria no Congresso Nacional, e com o maior índice de desaprovação ao seu governo medido em pesquisas recentes, a presidente Dilma Rousseff dificilmente escapará ao calvário de ter que enfrentar um processo de impeachment, especialmente em um momento em que a crise econômica amplia as taxas de desemprego em diversos setores e não dá sinais de esperança de registrar em curto prazo indicadores positivos capazes de amenizar as dificuldades enfrentadas pela população, sobretudo nas camadas de menor poder aquisitivo.

Descontadas as ações de caráter oportunista lançadas por partidos de oposição, que carregam no bojo estratégias político-eleitorais, o coro que pede a saída de Dilma aumenta na mesma medida em que surgem novos fatos que, aos poucos, vão conectando a presidente aos atos de corrupção protagonizados por importantes lideranças petistas. A isso, soma-se os atos de improbidade cometidos na gestão financeira de seu governo, prática que, como se vê, foi responsável pelo desequilíbrio das contas públicas que originou a atual crise enfrentada pelo País.

Não há como negar a assertiva do Governo de implementar audaciosos projetos dirigidos ao combate dos principais problemas enfrentados há décadas pelo País, especialmente os que envolvem as áreas sociais, porém eles não foram alicerçados em bases reais para garantir a sustentação dessas ações. Optou-se por preservar a manutenção do poder, a um custo que todos podemos conhecer agora.

Com pouca disposição para ceder aos acordos políticos, Dilma enfrenta agora a fria realidade do cotidiano palaciano, onde já não consegue mais exercer a liderança para unir interesses antagônicos, atender demandas clientelistas e superar com destreza os inevitáveis comparativos que são feitos com o estilo carismático consagrado pelo presidente Lula. Como agravante, a urgente necessidade de promoção de um ajuste fiscal que exigirá a realização de cortes de gastos em diversas áreas da administração, obrigando a adoção de medidas impopulares que colocarão em xeque sua capacidade em lidar com as contradições que permeiam o universo político.

Já não há como se considerar a retórica situacionista de que os pedidos de impeachment denotam tentativas de golpe. Ao contrário, eles cada vez mais se revelam como prerrogativas dos sistemas democráticos, que estabelecem direitos incontestáveis aos mandatários, mas impõem deveres institucionais que incluem a obrigação do fiel cumprimento das leis vigentes e de transparência aos atos praticados na função. Com Dilma não haverá de ser diferente, especialmente em um cenário de necessidade de renovação da esperança.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.