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Opiniões

18 DE NOVEMBRO DE 2014

Síntese da barbárie

Por: Humberto Challoub

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Os números da violência no Brasil, sintetizados no anuário divulgado esta semana no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelou o paradoxo que envolve a questão no País: apesar de os gastos com o setor terem alcançado R$ 258 bilhões no ano passado – quase 6% do PIB nacional, as ocorrências resultantes em vítimas fatais envolvendo ações da polícia ainda estão muito acima da média mundial. Só para se ter uma ideia, 11% dos homicídios do mundo aconteceram em território brasileiro.

O documento também ressalta que, nos últimos cinco anos, as polícias brasileiras mataram 11.197 pessoas, enquanto a dos EUA levou 30 anos para atingir quase o mesmo número de mortes: 11.090. Nesse cenário de guerra, policiais também foram vítimas. Somente 2013, 490 foram mortos, sendo que 75% estavam fora de serviço.

A quantificação da violência deixa clara a urgente necessidade de priorizar profundas mudanças nas instituições policiais brasileiras, com o aperfeiçoamento dos métodos utilizados até aqui e, sobretudo, com a valorização e qualificação dos profissionais que atuam nessas corporações. Sem contar com infraestrutura adequada, com sistemas de formação deficientes e oferecendo salários incompatíveis com a realidade que a atividade requer, a polícia brasileira assemelha-se a uma facção em meio aos conflitos urbanos estabelecidos, onde mata-se para não morrer.

A sociedade brasileira não pode aceitar passiva a continuidade dessa barbárie, sem exigir providências concretas das autoridades constituídas, que devem igualmente priorizar ações nas áreas sociais para atendimento das populações residentes nas periferias, principais vítimas dessa guerra silenciosa.

Dispostos a dar continuidade ao enfrentamento com os policiais, as quadrilhas revelam-se cada vez mais equipadas com armamentos de última geração, o que demonstra uma pretensão nunca vista para manter e expandir o domínio das áreas utilizadas para a criminalidade e o comércio de drogas. Há de se reconhecer que o crime foi fortalecido pela negligência das administrações públicas, omissas no atendimento das demandas sociais básicas. Nesse cenário, as quadrilhas, em muitos casos, estão inseridas em esferas do poder constituído patrocinando candidaturas políticas e pela prática recorrente de atos de corrupção e, o que é pior, designam sentenças de morte contra juízes, promotores, diretores de presídio, delegados, policiais, jornalistas e todos aqueles que julgarem como sendo uma ameaça à atividade.

Como se tudo isso só não bastasse, até mesmo os presídios foram transformados em autênticas escolas de formação e aperfeiçoamento da criminalidade, quartéis-generais de onde se originam os principais planos e estratégicas criminosas. Somente por meio da mobilização e união de esforços visando a integração dos poderes nas esferas municipais, estaduais e Federal será possível subverter essa dura realidade imposta pelo crime organizado em busca da paz que todos almejam.

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