Após longas discussões que vararam a madrugada com o objetivo de demover a ideia do governador João Doria de desistir de concorrer à presidência, a paz aparentemente voltou a reinar no ninho tucano paulista.
Assim, durante o 4º Seminário Municipalista e 64ª edição do Congresso Estadual de Municípios, ocorrida durante a tarde de hoje no Palácio dos Bandeirantes, Doria confirmou que será candidato à presidência e seu vice, Rodrigo Garcia, assumirá o cargo a partir deste sábado (3).
Já Garcia será o pré-candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes.
No evento, estavam 619 dos 645 prefeitos paulistas.
“Sim, serei candidato a presidente da República pelo PSDB”, bradou durante o evento.
“Nós vamos vencer o populismo, a maldade, a diversidade e a corrupção”, finalizou o seu discurso, após fazer um longo balanço do seu governo dos últimos 3 anos e 3 meses.
A discussão sobre a saída de Doria da disputa varou a madrugada e ganhou as manchetes dos portais de notícias pela manhã.
A informação naquele momento é que Doria desistiria de concorrer à presidência, mas ficaria no governo até dezembro – dificultando os planos de Rodrigo Garcia.
E assim, o racha seria iminente.
Por sua vez, correligionários de Garcia admitiam que poderiam voar do ninho do PSDB para o União Brasil, fusão do PSL com o DEM, ex-partido de Rodrigo Garcia.
Nacional
A polêmica ganhou tanta dimensão a ponto do presidente nacional do PSDB Bruno Araújo emitir comunicado oficial reafirmando que o candidato a presidência da República pela legenda é o governador paulista, João Doria, “escolhido democraticamente em prévias nacionais realizadas em novembro de 2021”, salientou.
“As prévias serão respeitadas pelo partido. O governador tem a legenda para disputar a presidência da República. E não há, nem haverá qualquer contestação à legitimidade da sua candidatura pelo partido”, enfatizou.
A carta abafou a crise que caminhava para uma situação sem precedentes na legenda.
Afinal, com a renúncia de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, havia a suspeita de uma reviravolta na prévia do partido, onde Doria venceu Leite.
Assim, nas suas redes, Leite informava que hoje estaria em cidades gaúchas de Santa Maria e Pelotas ‘para os últimos compromissos como governador’.
Assim, com a decisão do governador gaúcho, Doria temia que Leite fizesse-lhe sombra e ocorresse uma reviravolta
Doria não avança nas pesquisas eleitorais, motivo de críticas de tucanos oposicionistas.
Com apoio de Aécio Neves, liderança tucana mineira, a renúncia de Leite – que em um primeiro momento não disputaria qualquer cargo público – ele poderá fazer sombra a Doria até a convenção do partido.
Era esse o temor de Doria.
Com a garantia do PSDB nacional de que a legenda estará garantida, Doria se sentiu seguro para voltar ao páreo eleitoral.
Sem briga
O Boqnews apurou que não houve briga entre o governador e seu vice, conforme divulgado por parte da Imprensa.
No entanto, pessoas ligadas a Garcia teriam ameaçado uma debandada da legenda rumo ao União Brasil.
O ex-ministro Sérgio Moro, por exemplo, desistiu hoje da candidatura rumo ao partido, deixando o Podemos e entrando no União Brasil.
Portanto, durante o ato, Garcia elogiou o governador em seu discurso.
“Estão todos aqui para te abraçar”, enfatizou.
“Não estamos dando adeus, mas um até breve. O que o sr (governador) fez em São Paulo fará ao restante do Brasil”.
Como resposta, Doria teceu vários elogios ao seu vice.
“Nos últimos 3 anos e 3 meses, São Paulo teve o privilégio de ser governado por dois governadores (Doria e Garcia)”, disse.
Assim, Garcia se tornará o novo governador paulista a partir deste sábado (2) e Doria conclui seus últimos atos no cargo até sexta (1), prazo final de desincompatibilização.