Léo está de bem com a vida. Aos 39 anos, o ex-lateral-esquerdo do Santos Futebol Clube, o 10º atleta com maior número de jogos com a camisa do Peixe (455) vive uma fase “paz e amor”, como ele auto-denomina. Mesmo assim, não esquece as mágoas do passado e ainda carrega uma ponta de frustração por não ter conseguido se despedir do torcedor que tanto o idolatra.
Seu contrato com o Alvinegro Praiano chegou ao fim em abril deste ano e não foi renovado. Recuperando-se de problemas físicos, Léo não conseguiu jogar o Paulistão. Sua última partida com a camisa do Santos foi no dia 2 de abril, no insosso 0 x 0 diante do Mixto-MT, na inauguração da Arena Pantanal.
“Sou um ídolo da torcida, não era um ídolo daquela gestão (de Odílio Rodrigues). O que me move e deixa feliz é o carinho das pessoas. Levo comigo a carreira maravilhosa que tive e o amor pelo clube. Espero que essas pessoas não voltem, pelo bem do Santos”, dispara Léo.
Sobre a possibilidade de fazer a despedida agora, com um novo comando no Peixe, afirma: “Não sei (se terá jogo de despedida). Se por acaso aparecer algum convite, vou com o maior prazer”. Vale lembrar que o ex-jogador apoiou o grupo que elegeu Modesto Roma Jr. à presidência do Santos.
Ele continua treinando e mantendo a forma física. Sobre a aposentadoria, que foi, até certo ponto, forçada, declara. “Eu não me arrependo. Poderia estar em atividade em outro clube. Vesti a camisa de poucos clubes, por onde passei dei meu melhor. Mas, pelo amor que sinto, não me imagino vindo para a Vila vestindo a camisa de outro clube”.
Personalidade forte – Conhecido também pelas polêmicas que se envolveu dentro e fora de campo, por conta da sua forte personalidade, o atleta acredita que falta irreverência no futebol de hoje em dia. “Você chega nas coletivas e já sabe o que o jogador falará. Antigamente não era assim. Hoje você não pode falar muitas coisas, porque um interpreta de um jeito, o outro, de outra forma. Todo mundo é dono da verdade”, pondera, recordando uma de suas últimas polêmicas: a declaração sobre o Barcelona, após o título da Libertadores.
“Eu tive o privilégio de jogar contra o melhor Barcelona de todos os tempos. E eu vi, era isso mesmo, ou muito mais. E quem fica por aí falando, esteve lá para ver? Pode contar? Quem questiona tanto não pode falar algo”, salienta.
Livro e filho – Com tanta coisa vivida no meio do futebol, ele já pensa no futuro. Por isso, estuda Gestão & Marketing .”A teoria é fundamental, mas não penso em assumir cargo no Santos. Não é fácil lidar com pessoas”. E ainda dá andamento ao projeto do seu primeiro livro: Léo: a história recente do Santos Futebol Clube contada pelo seu maior camisa 3.
“O pessoal do Lance! (jornal da Capital) que me procurou para fazer esse trabalho e a coisa fluiu. As pessoas não têm noção do que se passa. Há muita polêmica, não pode faltar”, detalha, aos risos. A publicação está em fase de finalização e ainda não tem previsão de chegar às livrarias.
E no meio de tudo isso, o ex-lateral assiste seu filho já dar os primeiros chutes e ensaiar entrar no mundo da bola: para aflição do pai. “Estou preocupado, porque eu sei o que passei. Quero o melhor para o nosso filho e não sei se isso é o melhor para ele, pois o mundo do futebol é de muita decepção”. Mesmo assim, se insistir, ele terá o apoio para seguir carreira nos campos. “Mas tem que jogar do meio para frente. Lateral, não”, afirma aos risos.
Léo demonstra a felicidade com os projetos futuros, mas não esconde a vontade de fazer a despedida. Foto: Nara Assunção