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22 DE MAIO DE 2009

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Criadores de enigmas

Não há quem jamais tenha tentado decifrar, ao menos uma vez na vida, uma palavra cruzada. Difícil imaginar quem não passou horas para localizar as nove letras que completavam os espaços seguidos em busca do sinônimo correto para “Persuadir ou ludibriar”.No entanto, evidentemente, para que essa diversão fique à disposição dos aficcionados, é preciso que […]

Por: Da Redação

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Não há quem jamais tenha tentado decifrar, ao menos uma vez na vida, uma palavra cruzada. Difícil imaginar quem não passou horas para localizar as nove letras que completavam os espaços seguidos em busca do sinônimo correto para “Persuadir ou ludibriar”.

No entanto, evidentemente, para que essa diversão fique à disposição dos aficcionados, é preciso que alguém pense e formule as diversas tabelinhas, como, inclusive, a que pode ser encontrada no jornal Boqueirão. E se os jogadores são os “cruzadistas”, os fabricantes de palavras cruzadas são os “enigmistas”.

De acordo com o diretor-gerente da Recreativa, editora especializada na produção de passatempos dessa natureza, Luciano Mussolin, há uma quantidade considerável de pessoas que enviam charadas para a empresa. A faixa de idade dos participantes, conforme o proprietário, é, em cerca de 70% dos casos, de pessoas já próximos aos 60, 70 anos.
“A maioria deles, curiosamente, não se preocupa com a bonificação, mas em ter o nome na revistinha, como autor da cruzada. É mais a diversão e o fato de poder ter participado da brincadeira”, conta, completando que, para cada publicação da Recreativa, recebe-se em torno de 60 colaborações.




E não é necessária qualquer formação específica ou idade para se aventurar na produção das cruzadinhas. “O importante é ter gosto e curiosidade pelo nosso idioma”, explica o advogado e enigmista Luiz Norton Nunes, “curioso assumido” como se auto-denomina, e apaixonado pela Língua Portuguesa: “Ela é maravilhosa, não é? Não entendo porque temos tantas cruzadinhas que perguntam significados em inglês…”, relata.

Nunes faz a atividade há pouco tempo, tendo começado, mais precisamente, em 2006, criando diagramas com maior frequência até 2007, quando se casou e teve o tempo naturalmente reduzido, necessitando aliar a prática com os compromissos. Ainda assim, admite que, de vez em quando, retorna à atividade. “Faz bem para o cérebro e ajuda a gente a se manter em dia com as palavras, com reflexões e raciocínio”, destaca, completado por Mussolin, da Recreativa.

“Muitos psiquiatras e psicólogos recomendam à pessoa que tem alguma dificuldade de raciocínio que ela pratique as cruzadinhas”, lembra.
Atualmente, o Boqueirão conta com a colaboração do aposentado Augusto Ferreira. Aos 80 anos, ele comparece periodicamente à redação do jornal para trazer as novas cruzadas por ele preparadas, que demandam horas de tempo e reflexão.

“Precisava arrumar uma distração, até pela minha idade. Foi quando, há mais ou menos um ano, comecei com os enigmas. É fácil, mas requer prática. Costumo fazer tudo em um dia, usando enciclopédias e o computador, mas quando estou com dificuldade, deixo para o dia seguinte”, revela.

De acordo com o diretor-gerente da Recreativa, aliás, há uma ascensão cada vez maior das cruzadinhas, graças ao advento da internet. “Em dias de chuva e frio, a pessoa fica em casa, e se tiver acesso à rede, pode passar o tempo resolvendo. Além disso, existem pessoas que aproveitam a internet para se aventurar em palavras cruzadas em outros idiomas em jornais do resto do mundo”, conta.

Eventos coletivos também costumam ser realizados para verificar quem faz e elabora as cruzadinhas mais rápidas, um verdadeiro teste de memória e paciência entre os concorrentes.


Atividade requer paciência


O caminho para ser um bom enigmista não é complexo, mas trabalhoso. Paciência é fundamental para que a cruzadinha possa reunir aquela que é considerada a principal  razão de ser da “brincadeira”: o ato de se fazer pensar.

“Deve-se dar conceito ao quadro que você faz, e não simplesmente colocar espaços para serem completados. Muitas cruzadinhas se utilizam demais de siglas obvias e até fracas, apenas para completar espaço. Poderiam, por exemplo, pedir as duas letras que compõem o nome dado ao elemento químico do ouro, que é Au, derivado do latim aurun, que significa brilhante. Isso é legal, isso é passar cultura”, comenta  Luciano Mussolin, da editora Recretiva, citando ainda a falta de referências para as produções.

“Na palavra cruzada usual o  certo é você criar o enigma e disponibilizar os dicionários e documentos nos quais se baseou para criar a charada, mas isto não ocorre mais. É algo que poderia incentivar a pessoa a pesquisar e se interessar”, define o enigmista e advogado Luiz Norton Nunes.

Técnicas à parte, tanto Nunes como o aposentado e colaborador de cruzadinhas do jornal Boqueirão, Augusto Ferreira, encaram a atividade, principalmente, como uma excelente terapia e diversão. “A gente começa a entrar em um mundo de fantasia e reflexão. É gostoso”, finaliza Ferreira.
Sudoku
O termo rivalidade pode ser meio forte, mas é crescente o número de adeptos de outro tipo de enigma, esse mais recente no Brasil, que é o Sudoku. Originário do Japão, possui, ao todo, nove quadrados grandes, divididos em nove menores.

Dentro de cada um dos quadrados grandes, deve-se conter números de 1 a 9, ocupando cada qual um dos espaços, sem que se repitam. Além disso, as nove linhas e colunas de quadrados menores também devem ser completadas com os números de 1 a 9, novamente sem repetições.
“É um exercício mais exigente para a elaboração, pois a combinação deve ser perfeita, o que demanda que se trabalhe bastante a lógica. Há alguns que são realmente impossíveis de serem feitos, mas aguçam  a curiosidade”, comenta Nunes.  No entanto,  sudokus e palavras cruzadas convivem amigavelmente nas páginas de jornais e em publicações específicas vendidas em bancas.

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