Cientista político acredita que sucessor de João Paulo Tavares Papa será da ala conservadora de Santos | Boqnews

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11 DE MARÇO DE 2011

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Cientista político acredita que sucessor de João Paulo Tavares Papa será da ala conservadora de Santos

Experiente cientista político de Santos, Fernando Chagas visitou a redação do Jornal Boqueirão, onde analisou a eleição de 2010, a nomeação do secretariado de Alckmin e o pleito municipal de 2012. Confira a entrevista:Jornal Boqueirão- Qual sua análise do resultado das eleições de 2010 para nossa Região?Fernando Chagas- Foi aquém das expectativas. Principalmente na Assembléia […]

Por: Da Redação

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Experiente cientista político de Santos, Fernando Chagas visitou a redação do Jornal Boqueirão, onde analisou a eleição de 2010, a nomeação do secretariado de Alckmin e o pleito municipal de 2012. Confira a entrevista:

Jornal Boqueirão- Qual sua análise do resultado das eleições de 2010 para nossa Região?
Fernando Chagas-
Foi aquém das expectativas. Principalmente na Assembléia Legislativa, onde tínhamos sete deputados estaduais, contando os suplentes que assumiram. É uma queda bastante acentuada que prejudica a representatividade. Elegemos quatro deputados, se considerarmos o Luciano Batista (PSB) que está eleito, mas sob júdice. Para assumir dia 15 teríamos três: Telma de Souza (PT), Bruno Covas (PSDB) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Um quadro bem reduzido caindo de sete para quatro, contanto o Luciano Batista, ou seja, temos três. E ainda caímos para um, uma vez que o Bruno Covas e o Paulo Alexandre optaram por serem secretários. Isso, no meu modo de entender, até por uma questão aritmética, diminuiu nossa representatividade. Isso é indiscutível. Podemos como muitos alegam ter ganhado força política devido à proximidade do Paulo Alexandre e do Bruno Covas com o Geraldo Alckmin, mas na aritmética perdemos força política. Os deputados foram eleitos pela Baixada Santista com um argumento ao eleitor. Vote nos candidatos da Baixada Santista para aumentar nossa representatividade. Não vote em candidatos de fora. Inclusive houve uma campanha muito grande contra o Tiririca bancada pelo Márcio França, deputado federal reeleito. Eu cobro muito essa coerência. Eles foram eleitos com esse argumento de votar em candidatos da Região para aumentar nossa representatividade na política estadual. O Paulo Alexandre e o Bruno Covas antes mesmo de tomar posse se tornaram secretários e a Região ficou reduzida a Telma, que é da oposição e que terá mínimas chances de representar a Baixada, uma vez que a oposição terá poucas oportunidades para fazer frente ao Governo. E a Telma dificilmente ficará os quatro anos, pois pretende ser candidata a prefeita de Santos. Se ela ganhar em 2012 perdemos mais uma representante na Assembléia, se ela perder seu retorno será isolado, sem voz e força. A Baixada Santista, hoje, não tem voz na Assembléia Legislativa e isso é uma perda. Dizer que os deputados estão mais próximos do governador como secretários e que tem deputado que não é recebido pelo governador em quatro anos não justifica essa perda, uma vez que os secretários estaduais seguem uma política determinada pelo governador, para atender os interesses do Estado e não os da Baixada Santista. E se um secretário tentar mudar essa política determinada pelo governador estará contrariando as orientações de Alckmin. Na secretaria, eles não estão representando a Baixada, mas sim fazendo a política do governador para atender todo o Estado e não apenas nossa Região. Não vejo que a força política de um secretário possa beneficiar a população da Região. Os recursos que tiverem que vir para a Baixada Santista vão vir não por causa dos deputados secretários, mas sim porque é a política do Governo do Estado para a Região. Na Câmara Federal, temos o Márcio França, que usou o argumento de não votar no Tiririca para fortalecer os candidatos da Baixada, um argumento que achei incorreto, pois só fortaleceu o Tiririca. Além disso, foi incoerente. Depois de eleito, ele primeiro tentou ser ministro do Turismo no Governo Federal. Não conseguiu. Parece que ele queria ser ministro ou secretário de qualquer forma, pois deixou de ser ministro do Governo Federal para ser secretário do Turismo do Governo Estadual. Portanto perdemos metade de nossa representação na esfera federal em virtude dessa falta de coerência do Márcio França. Na realidade, na Câmara Federal tínhamos duas representações com o Beto Mansur (PP) e o Márcio França (PSB) e com a saída do Márcio essa representação que já é reduzida diminuiu a apenas um nome. Tem o Alberto Mourão (PSDB) que é suplente e não é titular. Além disso, o Mourão pode ser candidato a prefeito na Praia Grande em 2012. Se for eleito, perdemos até a suplência. O terceiro é o Protógenes Queiróz (PCdoB) que tem domicílio eleitoral no Guarujá, mas não possui nenhuma história com a Região. Nossa capacidade de eleição histórica é para estadual de quatro a cinco. Quando passa disso é um fato extraordinário. Mas ficar com apenas um é muito aquém. Para deputado federal temos possibilidade de eleger três a quatro deputados, já estávamos com dois e agora apenas um e o Mourão que é suplente. Estamos sub-representados tanto na Assembléia Legislativa como na Câmara Federal em um momento que Santos precisa fundamentalmente de recursos, já que a Cidade vive um bom momento, mas que para se concretizar precisa de investimentos necessariamente do Governo Estadual e Federal, já que o Município não possui recursos, e isso é comum em qualquer município, para investir em infra-estrutura. Portanto, quanto mais representada tiver, mais facilidade a Baixada conseguirá recursos, embora reconheça que a função de um deputado não seja trazer recursos, mas é uma norma comum aceita por todos. Perdemos as emendas dos deputados que são sempre um anseio da população e se tornou uma norma. E é isso que precisamos. A Baixada carece de investimentos em toda a região. E quanto maior a representação, mais facilidade teremos para isso. E não acredito que Desenvolvimento Social e Meio Ambiente sejam áreas tão fundamentais para decidir os destinos da Baixada Santista. Nossa região já tem a sua vocação e precisa sim de recursos tanto do Estado como federais para crescer.



Fernando Chagas analisou a perda da
representatividade política da Baixada Santista


JB- Nessa sua linha de raciocínio, o secretário Márcio França, no Turismo, pode fazer mais pela Baixada?
FC-
Sem dúvida. O Márcio França é fundamental, mas temos que lembrar que como secretário de Turismo ele tem que seguir as determinações do governador do Estado e as dotações orçamentárias. O que ele pode é sim, no segundo ano, mostrando força política, prever em orçamento projetos viáveis na região trazendo mais recursos. Porém, o orçamento deste ano foi aprovado pelo governo anterior. Não tem muito que mexer. Ele pode neste ano trabalhar por uma mudança de política de governo no Turismo e batalhar pela Baixada Santista. Porém vai sofrer retaliações das outras regiões do Estado de São Paulo que querem recursos do Turismo. O Márcio França em Brasília, em tese, seria da base do governo e sim poderia usar sua representatividade no PSB para trazer mais recursos federais. Mas isso é tese, pois sabemos que para o PT ele é uma pessoa muito ligada ao PSDB, muito mais um tucano do que aliado ao Governo Federal. Ele foi indicado pelo PSB para assumir o ministério do Turismo. Mas tanto pessoas descontentes dentro do PSB e membros do PT denunciaram o Márcio França como uma pessoa muito ligada ao PSDB. O PSB em São Paulo sempre foi base do governo do Estado desde a época do Mário Covas. Ao assumir a secretaria ele só fortaleceu essa desconfiança do PT e de pessoas do diretório nacional do próprio PSB.


JB- O fato do PSB Paulista ter lançado o Paulo Skaff ao governo de São Paulo não atrapalhou as pretensões ministeriais de França?
FC-
O Paulo Skaff veio para dar mais peso político ao PSB. E não conseguiu esse objetivo de fortalecer o PSB em São Paulo. Tendo um candidato ao governo, a tendência seria que o Márcio França, presidente estadual do partido e um líder da legenda, tivesse uma votação maior por todo o Estado. Mas sua votação foi aquém da expectativa, assim como a do Skaff.


JB- E a próxima eleição, como ela se dará, uma vez que quase todos os deputados eleitos são cogitados como candidatos?
FC-
Em Santos, o Paulo Alexandre é considerado favorito. Ele conseguiu 60 mil votos em Santos na última eleição. É claro que a eleição para deputado estadual é diferente de uma eleição para prefeito, mas é um número significativo. Hoje, ele pode ser considerado um forte candidato à Prefeitura de Santos. Até porque o PSDB busca e quer a prefeitura de Santos e vê no Paulo Alexandre a possibilidade da legenda finalmente conseguir eleger, pela primeira vez, um prefeito aqui. Pela sua votação e por esse desejo do PSDB, o Paulo Alexandre se torna um nome forte. Outro forte candidato, mas para a Cidade de São Paulo, é o Bruno Covas. Já que não há nenhum nome forte de nenhum partido disposto a se candidatar para a Prefeitura de São Paulo. Nem PT, nem PSDB, nem PSB tem um nome forte em São Paulo e o Bruno Covas, com sua votação, pode surpreender. Hoje, não há nenhum interesse do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloysio Mercadante, e da senadora Marta Suplicy em saírem candidatos em São Paulo pelo PT. No PSDB, o José Serra está empenhado em ser presidente nacional da legenda e já declarou que não pretende disputar a prefeitura. O Serra quer ser candidato a presidente. Com isso não há nenhum grande nome, e o Bruno, até pelo seu avô Mário Covas, e também pela votação que teve, é um forte candidato. Ele é uma pessoa bastante conhecida na Capital, onde obteve uma boa votação. Vejo no Bruno Covas um nome tão forte em São Paulo como é o Paulo Alexandre em Santos. O Márcio França parece que está fazendo o caminho inverso. Ele teve a chance de se tornar um nome nacional, sendo cogitado a ser candidato ao governo do Estado, mas ele pode voltar à prefeitura de São Vicente, até para garantir o arco de alianças hoje existente no Município, onde não existe oposição. Ele não tem o problema do Mourão, uma vez que o prefeito Tércio Garcia não pode se reeleger, mas o Roberto Francisco na Praia Grande sim. O Mourão, se ele voltar a se candidatar na Praia Grande é franco favorito, mas essa situação com o Roberto Francisco pode atrapalhar, já que ele deve ser candidato à reeleição. É a mesma situação do Beto Mansur no passado. Em 2008, ele poderia tentar voltar à prefeitura de Santos, mas como a administração do João Paulo Tavares Papa estava muito bem avaliada naquele momento, ele optou por não sair contra o seu sucessor. Tem também a questão do Luciano Batista. Se ele conseguir resolver na Justiça a questão do Ficha Limpa, ou que o projeto seja apontado como inconstitucional (já que agora foi nomeado o juiz Luiz Fux para o Supremo Tribunal Federal e caberá a ele decidir a constitucionalidade da questão) ele é forte candidato em São Vicente, já que possuirá uma cadeira na Assembléia Legislativa. Se esse quadro acontecer, não há alternativa para derrotar o Luciano Batista em São Vicente sem ser o nome do secretário Márcio França. O Luciano Batista com certeza deixaria o PSB e buscaria outra legenda. O Beto Mansur tem grandes possibilidades de sair candidato a prefeito de Santos, e com chances de vitória. Embora o Paulo Alexandre com 60 mil votos seja um nome muito forte, o Beto fez oito anos de governo muito bem avaliados pela população, fez seu sucessor e é um político que consegue se comunicar muito bem com o eleitor. O contato do Beto Mansur com o povo durante a eleição é muito bom, principalmente a parte feita pela televisão. A eleição em Santos se decide na televisão. E essa será uma eleição muito igual, teremos diversos candidatos, principalmente ligados ao lado conservador da Cidade. Qualquer resultado será normal. O candidato que souber usar melhor o programa de TV leva uma vantagem e o Beto Mansur tem essa qualidade. Além do que ele tem conhecimento profundo da Cidade. Eu acredito que ele seja candidato sim e que ele sairá bastante fortalecido se ele for para o PMDB, como cogita-se nos bastidores. Se isso acontecer ele será o grande favorito, porque naturalmente o prefeito Papa que é do PMDB, vai apoiá-lo até por retribuição ao que o Beto fez pelo Papa no passado. No PMDB ele é um concorrente muito forte. Como devemos ter muitos candidatos em Santos os votos serão espalhados. Há o caso do Antonio Carlos Silva Gonçalves, o Fifi, que é secretário quase há 16 anos na Cidade. Poderemos ter, caso o Beto Mansur permaneça no PP, um outro candidato do PMDB, e nesse quadro qualquer candidato peemedebista é forte, por ser o natural candidato do Papa. Temos três possibilidades: Sérgio Aquino (Secretário de Assuntos Portuários e Marítimos), Márcio Lara (secretário de Assuntos Estratégicos) e Marcus De Rosis (vereador e ex-presidente da Câmara). Qualquer um desses candidatos, com o apoio do Papa, é um nome muito forte. Há ainda o candidato do PSB, o professor Fábião, que seria também um candidato da situação, uma vez que ele é secretário municipal de Meio Ambiente. Nós vamos ter muitos candidatos da situação. E isso tira o favoritismo de qualquer um deles. E facilita a realização do segundo turno. Se não tiver nenhum outro candidato do lado progressista da Cidade, a Telma de Souza é a grande favorita para chegar ao segundo turno. Mas, no segundo turno, a situação se modifica. Santos cada vez mais é uma cidade conservadora e o candidato dessa corrente que for ao segundo turno tem todas as chances de sair vencedor, mesmo que a Telma ganhe o primeiro turno. Santos há muitos anos deixou de ser progressista e se tornou uma cidade conservadora. No segundo turno, os candidatos conservadores se unem e fatalmente ganham a eleição. A tendência hoje é que ganhe um candidato conservador. A Telma de Souza pode ter alguma dificuldade caso um boato que está rolando nos bastidores se confirmar, que é o Fausto Figueira ir para o PSB e sair candidato por lá com o apoio do Márcio França. Isso dividiria o voto progressista da Cidade. Se isso acontecer poderemos mesmo até ter dois candidatos conservadores com poucos votos no segundo turno. Mas acho essa possibilidade pequena, pois dificilmente petistas tradicionais deixam o partido, aqueles que o fizeram tiveram suas carreiras políticas em franco declínio. A Luiza Erundina é o maior exemplo disso. Eu acredito que o Fausto não vai correr esse risco. Se isso acontecer ele prejudica a candidatura da Telma de Souza. O favorito para mim é o candidato conservador que for ao segundo turno. Hoje temos um grande nome que é o Paulo Alexandre, que é do PSDB, e conta com o apoio do governo do Estado. Seu partido quer o comando de Santos por entender que o Município vive uma expectativa grande de progresso econômico e desenvolvimento urbano. Por outro lado tem o ex-prefeito Beto Mansur que tem grandes chances se for para PMDB. O Antonio Carlos Gonçalves terá a dificuldade de ser um candidato da situação sem o apoio do prefeito. O mesmo também deve ocorrer com o Fábião, cujas dificuldades serão maiores ainda, pois integra um partido tido progressista, mas da base do Papa. O Vicente Cascione pode aparecer, mas se isso ocorrer só vai dividir ainda mais os votos conservadores. Ele, até por ser um político que joga individualmente, não costuma compor ou agregar, tem possibilidades mínimas de se eleger, pois essa eleição será marcada pela composição política, como isso é muito difícil para o Cascione, ele teria poucas chances de ir ao segundo turno. É um nome conservador que está em baixa, não tem o destaque do passado. Hoje as chances são de um candidato com mandato vencer a disputa.


JB- Você não acha que tem hoje muito candidato a prefeito que é candidato a secretário?
FC- Isso é uma estratégia. Logicamente, o candidato que é político, que vive o meio, usa essa estratégia que é natural. Sair candidato a prefeito para negociar uma secretaria no segundo turno. O segundo turno é inevitável em Santos. O caso do Papa em 2008 é um fenômeno que dificilmente ocorrerá de novo. Com tantos candidatos e sem o prefeito bem avaliado podendo participar do pleito, com certeza teremos o segundo turno. Com isso, a tendência é cada vez mais termos mais candidatos no primeiro turno. Mesmo aqueles que sabem que não possuem chance nenhuma. Como a eleição em Santos pode ser decidida por um número mínimo de votos, os candidatos do primeiro turno fecham alianças no segundo turno negociando, no mínimo, uma secretaria. Isso faz parte da política e muitos candidatos a prefeito têm essa visão. Sabem que não tem chance, porém é uma maneira de se colocar no jogo político, compondo e buscando seu lugarzinho ao sol tendo pelo menos uma secretaria que o coloque no cenário.


JB- Não é estranho que uma cidade que foi governada oito anos pelo PP não possuir sequer um vereador da legenda? E mais, não é estranho uma Cidade governada pelo PMDB não ter um candidato natural da legenda para a sucessão?
FC- Isso é um reflexo da política do Brasil. Hoje a política nacional é feita individualmente, de forma personalista. Do PP, eu ainda não estranho, pois a legenda vivia em Santos com uma bancada de vereadores chamada de Jumbão, formado basicamente pela personalidade do ex-prefeito Beto Mansur. No momento que o Beto não podia ser candidato, o PP, até por não ser um partido orgânico, não só em Santos como em todo o Brasil, acabou perdendo sua densidade política inclusive na Câmara. Um prefeito que governou oito anos não tem um vereador de seu partido é de se estranhar. Mas é conseqüência da política personalista do Brasil. O PP no Brasil não é uma legenda forte. É o partido de um homem chamado Paulo Maluf. Por outro lado, é estranho isso no PMDB. Esse sim um partido tradicional, presente no Brasil inteiro. Causa estranheza o PMDB não ter um candidato forte para suceder o prefeito Papa. Entretanto tem uma explicação. O prefeito Papa não é um político, uma pessoa de natureza política. Ele não cresceu no PMDB fazendo política, embora o partido seja orgânico e forte. Tanto que sua primeira eleição foi para prefeito e ele ganhou a eleição. O Papa fez uma carreira técnica dentro do PMDB. Ele ganhou notoriedade no partido como quadro técnico e se tornou um líder da legenda pela sua capacidade de gestão, provada em sua administração em oito anos com altos índices de aprovação. Porém, ele nunca teve muita tendência em organizar o seu partido politicamente. Essa falta de interesse do Papa em articular a legenda politicamente levou essa situação do PMDB não ter candidatos políticos a sua sucessão. Tanto é que nos bastidores se discute dois técnicos como nomes do partido a sucessão. Nomes que nunca disputaram uma eleição que são o Sérgio Aquino e o Márcio Lara. Ambos nunca foram avaliados pelas urnas. Por outro lado, é lógico, temos o vereador Marcus De Rosis que está se posicionando como candidato pelo PMDB, mas não pela indicação do Papa, mas pela sua própria história política em Santos e na legenda. Ele foi duas vezes recentemente presidente da Câmara. A via política do PMDB vem pela história do De Rosis e não pela influência do Papa. Se for pelo Papa a influência será técnica. A maior prova disso é que o Papa nunca foi candidato a vereador, nunca foi candidato a nada. Apenas a prefeito e a vice, que não é votado. O que levou o Papa ao segundo turno em 2004 foi à boa avaliação do governo Beto Mansur. No segundo turno, no embate entre os dois candidatos prevaleceu o conhecimento técnico do Papa, principalmente no último debate. O Beto levou o Papa ao segundo turno e depois ele, com seu conhecimento técnico da Prefeitura de Santos ganhou a eleição no debate técnico.


JB- Como você vê o PT hoje na Cidade. Na última eleição municipal, o partido precisou lançar a ex-prefeita Telma como vereadora para manter o mesmo quadro de legisladores que já tinha. Nessa eleição não tem Telma, como o partido vai agir?
FC-O PT passa por uma dificuldade muito grande, tanto para o Executivo, que conta apenas com o nome tradicional da ex-prefeita Telma de Souza, que sempre chega ao segundo turno com poucas possibilidades de vitória. Isso por causa de Santos ter se tornado uma cidade conservadora como disse anteriormente. No Legislativo, onde o PT já foi muito forte, hoje precisa de uma renovação substancial. Os nomes colocados pelo PT não atraem a população santista. É um partido que depois que perdeu o poder não soube apresentar uma alternativa a proposta conservadora da Cidade. Ficou apenas na crítica sem apresentar uma proposta e sem um grande nome que pudesse substituir a Telma. O PT precisa ser reinventado em Santos. No meu modo de entender tem que unir o partido. Principalmente seus dois grandes líderes: a Telma, que é uma liderança popular, e o Fausto Figueira, uma liderança interna forte no partido. Tem que unir a liderança popular, que tem voto, com a parte interna. Juntos, eles poderão construir um nome novo, para sair já nessa eleição até para perder, mas depois teria mais chance em outra eleição. Em um município como Santos, não se constrói uma candidatura forte do dia para a noite. Precisa de muito trabalho e muita proposta. E o PT tem que se se reciclar na Câmara, se reinventar. A sociedade hoje não admite mais a crítica. Ela aceita a crítica desde que ela venha acompanhada de uma proposta alternativa para que ela possa escolher. E essa proposta alternativa o PT em Santos não apresentou. É até interessante, a dificuldade que o PT tem em Santos, de ser um partido de oposição com propostas alternativas, é a mesma dificuldade que o PSDB encara no cenário nacional frente ao PT. Hoje o PT em Santos padece do mesmo mal do PSDB em âmbito nacional. Hoje não basta a crítica. Tem que apresentar novas propostas e novos nomes. Ao ponto do PT hoje passar por uma situação tão difícil, pois a Cassandra Maroni Nunes não deve sair candidata a vereadora e se ela não sair e sem a Telma, o PT não terá nenhum puxador de voto. E com isso sua situação na Câmara fica bastante crítica. O que poderia puxar voto é a candidatura da Telma ao Executivo puxar o voto da legenda. O PT nesses 16 anos não soube construir uma proposta de oposição para a sociedade debater. Ficaram puramente na crítica, batendo em um governo nos últimos anos muito bem avaliado.

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