Apesar de ser menos comum, o câncer infantil é um fator preocupante para a saúde pública.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de diagnósticos para este ano no Brasil é de 8.460 casos (4.310 homens e 4.150 mulheres).
Um indicador da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que de 0 a 19 anos, a incidência de câncer infantil é de 16 casos para cada 100 mil pessoas nesta faixa etária.
Vale destacar que um dos maiores desafios para combater a doença é o tratamento e a oferta de grupos especializados para este público.
Uma das instituições que fazem o procedimento é o Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer (GRAACC), hospital especializado no assunto localizado em São Paulo e referência no tratamento de câncer entre crianças e adolescentes.
A superintendente de Desenvolvimento Institucional do Hospital, Tammy Allersdofer destacou o papel da instituição do combate ao câncer infantil.
“O GRAACC atua desde o diagnóstico do paciente, passando pelo tratamento e depois avançamos para o acompanhamento pós-tratamento”, salientou.
Ela participou do Jornal Enfoque/Manhã de Notícias da última quarta-feira (16).
Tammy Allersdofer participou do Jornal Enfoque/Manhã de Notícias
Custo e Pandemia
O GRAACC tem despesas mensais de quase R$ 200 milhões por ano para atendimento de 400 pacientes, em média.
Por causa da pandemia, as quedas nas receitas em dois anos chegaram a R$ 50 milhões.
Tammy explicou que a instituição recebe recursos do SUS – a maioria dos pacientes são da rede pública, além de convênios – , por meio de verbas parlamentares, mas principalmente pelo apoio da sociedade para a manutenção da estrutura.
Afinal, em razão da Covid, a alta dos custos hospitalares elevou as despesas. “Alguns itens tiveram aumentos consideráveis”, enfatizou.
Importante frisar que o coronavírus trouxe uma série de cuidados no hospital.
“Nossa preocupação foi proteger nossos funcionários e os pacientes, pois a Covid-19 atinge diretamente pacientes com câncer”.
Assim, o hospital adquiriu uma série de produtos de higiene e equipamentos de segurança para garantir conforto e segurança a todos.
Papel da sociedade
A solidariedade é um ponto chave para o funcionamento do GRAACC.
Para se ter uma ideia, as doações de pessoas físicas representam pelo menos 1/3 do montante arrecadado pelo hospital para manutenção das suas atividades.
São cerca de R$ 60 milhões captadas por doadores anônimos espalhados pelo País.
“São verdadeiros heróis”, destacou.
Casos mais comuns
Tammy Allersdofer detalhou que o câncer infantil mais comum acaba sendo a leucemia.
Porém, o hospital tende a atender casos mais complexos.
Assim, o câncer mais frequente atendido no GRAACC é existente no sistema nervoso central, incluindo os presentes na região da cabeça e na espinha dorsal.
Já o segundo caso mais atendido é o retinoblastoma, um câncer raro no olho e presente em crianças pequenas.
Recentemente, o retinoblastoma ganhou visibilidade do País, com a diagnóstico de Lua, filha do jornalista e apresentador Tiago Leifert.
Em vídeo publicado nas redes sociais, ele e a esposa detalharam a importância do diagnóstico orientando os pais a terem atenção e conhecimento sobre a doença.
A repercussão da notícia fez o GRAACC sofrer um impacto positivo no volume de doações.
Inclusive, a filha do casal faz tratamento no hospital.
Estrutura
Localizado na capital paulista, no bairro da Vila Clementino, o hospital atende pacientes encaminhados pelo plano de saúde e pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No total, são 60 leitos disponíveis e a instituição promove um atendimento diferenciado, proporcionando um bom ambiente para a criança, juntamente com os pais.
O hospital mantém uma casa de apoio em parceria com a rede McDonalds para crianças e familiares se instalarem enquanto fazem tratamento – especialmente as provenientes de outras localidades.
Há também as tradicionais provas de corrida – que estavam interrompidas em razão da pandemia -, mas que retornarão em maio e o famoso McDia Feliz, realizado em agosto.
O GRAACC foi fundado no ano de 1991. Já o hospital foi inaugurado sete anos depois.
Confira a entrevista completa.