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24 DE JULHO DE 2009

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Uso com moderação

O tempo fez com que a maneira como os estudantes passassem a fazer seus trabalhos escolares mudasse drasticamente. Até certa época, enciclopédias como as tradicionais Barsa e Conhecer, e livros didáticos e paradidáticos eram as principais bases de pesquisa para projetos e apresentações em classe. Hoje, esses materiais foram, em parte, substituídos. Isso porque tais […]

Por: Da Redação

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O tempo fez com que a maneira como os estudantes passassem a fazer seus trabalhos escolares mudasse drasticamente. Até certa época, enciclopédias como as tradicionais Barsa e Conhecer, e livros didáticos e paradidáticos eram as principais bases de pesquisa para projetos e apresentações em classe. Hoje, esses materiais foram, em parte, substituídos. Isso porque tais obras — assim como outras, em diferentes idiomas e com distintas visões de mundo — podem ser encontradas e recolhidas em poucos segundos, graças à Internet e seus milhões de sites.

Reconhecida por professores como a principal ferramenta de pesquisa de estudantes nos ensinos fundamental, médio e superior, a grande rede é um atalho para que, do computador caseiro ou  dentro da própria escola, o estudante possa acessar páginas de museus de todo o mundo, universidades brasileiras e internacionais e centros de pesquisa, indo além do que era propiciado pelas antigas enciclopédias.

No entanto, justamente pela gama de possibilidades que a rede possibilita, aumenta-se a probabilidade de que se encontrem artigos transcritos sem embasamento e informações concretas, pois qualquer pessoa pode, a partir de um site pessoal, opinar sobre determinado assunto, passando a ser outra fonte de pesquisa.

Com isso, alguns pontos devem ser observados para que o material retirado da internet seja um adicional para o trabalho e não uma “dor-de-cabeça” ao aluno e ao professor, que deverá avaliar o material. “É fato que a possibilidade de contatar pessoas de qualquer lugar do mundo sem gastos maiores e ter acesso às páginas sérias de diversos lugares do planeta são ganhos tremendos”, elogia o diretor do Centro de Ciências da Educação da Universidade Católica de Santos, Dráuzio Costa Pires de Campos, que faz um alerta: “As atenções devem ser redobradas para que o estudante não utilize informações meramente imaginadas por escritores de internet, que agem no achismo”.



Pesquisas
A primeira recomendação está na forma de procura de tais informações. Conforme Campos, é importante o aluno detalhar as pesquisas, primordialmente, em páginas tidas como confiáveis, como as específicas de museus, universidades e órgãos públicos, além das próprias enciclópedias, em sua versão on-line. “Tratam-se de sites onde o conteúdo é garantia de qualidade, com seus devidos embasamentos e explicações. Tais sites também são vinculados a outros possíveis locais recomendados para pesquisa , para onde o usuário pode ser direcionado”, detalha.

Famoso mecanismo de pesquisa, a Wikipedia deve também ser vista com olhares desconfiados. “Ela nem deveria ser considerada uma referência”, alerta Campos. Apesar de o site conter verbetes para vários assuntos — a versão em português contém mais de 200 mil inscritos, e a inglesa possui mais de 1,5 milhões —, o fato dela ser editada por qualquer pessoa, ainda que sob uma supervisão dos coordenadores do site pode torná-la um ‘tiro no pé’.

“É importante que o aluno não deixe de relacionar os dados da Wikipedia, caso opte em procurar as informações, com outras páginas de maior confiabilidade. Ou, ainda, tente localizar algum professor que tenha conhecimento do tema para esclarecer determinadas informações. Toda a checagem é importante”, ressalta.

A dica busca prevenir que estudantes, especialmente nos ensinos Fundamental e Médio, onde o trabalho chega a ser visto como ‘chato’ e feito, às vezes, de maneira displicente, retirem informações inverídicas. Mas o alerta também é feito aos docentes. “Pode ser que o professor diga que não entende ou não gosta, mas a velocidade da tecnologia e as formas de estudo atuais o obrigam a se apropriar desses conhecimentos”, reflete. “Caso contrário, pode ser uma vítima fácil de um aluno que o possa ludibriá-lo”, diz.

Plágio
A ação de estudantes na tentativa de “enganar” o professor, adotando informações e trechos encontrados na internet como se fosse de autoria própria, é comum e, inclusive, foi tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do professor de Ciências da Computação da Unisantos, Fernando Campos de Macedo, em 2004.

Aconselhado por seu orientador, que dizia, assim como outros docentes, sofrer com a dificuldade em localizar plágios em trabalhos de alunos, desenvolveu um site, apelidado de Agente, que consegue vasculhar se o texto do aluno é copiado da grande rede ou não.

De acordo com Macedo, o trabalho é ‘carregado’ no site —  http://sourceforge.net/projects/detectaplagio — e o programa por ele desenvolvido promove uma varredura geral no documento, separando os diversos trechos existentes na publicação e buscando-os no Google, na rede mundial.

O material encontrado é listado em um relatório, que, ao final da pesquisa, indica qual a porcentagem de ‘cópias’ que o trabalho analisado possui. “A partir daí, pode-se dizer que o material, dependendo da quantidade de trechos similares, tem grande possibilidade de ter sido plagiado”, explica, ponderando: “Dizemos ‘grande possibilidade’ porque, muitas vezes, a pessoa até listou as fontes, e por isso utilizou a frase na íntegra. No entanto, passa a ser um trabalho a ser visto com uma maior observação”, destaca.

O programa é recomendado tanto ao Ensino Superior como para o Médio e Fundamental, e trouxe benefícios, como recorda o professor. Segundo ele, quando instituído na Unisantos, houve uma redução drástica de plágios. “Notou-se que o pessoal se conscientizou mais do risco de ser pego. No entanto, quando retiramos o Agente, as cópias voltaram. Agora, voltaremos a implantar o sistema em agosto”, revela.

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