O último dia 29 de outubro foi dedicado a dar atenção para as ocorrências de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), que somente este ano contabilizou no País mais de 85 mil casos, sendo responsável por uma média de 307 mortes diárias.
Desta forma, somente no semestre passado, ocorreram 56.320 mortes provocadas por AVC, número acima das vítimas de infarto (52.665) e covid-19 (48.865), segundo registros do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil no Brasil.
Assim também, essa doença acontece quando o suprimento de sangue que vai ao cérebro é interrompido ou reduzido, privando as células de oxigênio e de nutrientes. Os homens são a maioria dos vítimas, de uma das principais causas de morte e internações ao redor do mundo.
O AVC ocorre de duas formas
Hemorrágico, que apresenta ruptura de um vaso sanguíneo e responde por 15% dos casos.
Isquêmico, quando há o entupimento da artéria e falta de circulação na região. É o mais comum e representa 85% dos casos.
Além de oferecer risco de morte, o problema também afeta diretamente no emocional dos pacientes. Portanto, para controlar essa doença e evitar que ocorra, é necessário o tratar com antecedência.
Efeitos da vacina
Já há preocupação sobre um possível efeito adverso provocado pela vacina contra a Covid, que estaria favorecendo a ocorrência de AVC.
Segundo o líder de infectologia do Hospital do Coração, Guilherme Furtado, alguns dos poucos eventos relatados estão associados à trombocitopenia, um tipo bem específico e incomum de trombose.
“Vacinas, como as da AstraZeneca e da Janssen, podem ser contraindicadas a pessoas com tendência a esse tipo de trombose, o que é raro. Mesmo assim, pacientes com essa predisposição foram imunizados, depois acompanhados, e não se notou essa reação”, afirmou o médico.
A médica neurologista Sheila Martins, presidente da World Stroke Organization (WSO) – organização internacional que busca reduzir o impacto global do AVC e da Rede Brasil AVC -, ressalta que há novas formas de tratamento e conscientização da doença.
A médica destaca a existência de equipamentos modernos que ajudam na prevenção da doença.
Ela ressalta que a Trombectomia Mecânica (TM) complementa a trombólise (processo de quebrar ou diluir um trombo).
Essa é a única opção disponível na rede pública de saúde, porém nem sempre eficiente para os casos mais graves do AVCi.
“Além de segura e eficaz, uma das vantagens que a TM traz é que pode ser utilizada até 24 horas após os primeiros sintomas do AVC com sucesso. Enquanto outros procedimentos têm uma janela restrita de indicação e êxito de apenas a 4,5 horas depois das manifestações iniciais da doença”, diz Sheila Martins, citando que esses diferenças representam um grande avanço da ciência.
A médica chama a atenção quanto a identificação dos sintomas do AVC.
“Depende da observação e atenção de terceiros, justamente porque nem sempre o paciente percebe o que está acontecendo.Mudar o cenário do AVC está em nossas mãos. O caminho é estimular a educação da sociedade. Vamos aprender mais sobre essa doença para vencê-la”, adverte.
Sintomas
São diversos os sintomas que indicam a possibilidade de ocorrência do AVC.
A fraqueza ou formigamento em alguma parte do corpo, alteração na visão (em um/ambos olhos), confusão mental, dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente; alteração da fala ou compreensão e alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou jeito de andar.
Contudo, alguns pacientes são suscetíveis à doença, que pode ser estimulada pelo sedentarismo, idade avançada, sobrepeso, obesidade, diabetes tipo 2, tabagismo, ser do sexo masculino, uso de drogas ilícitas, colesterol alto, hipertensão, uso excessivo de álcool e histórico familiar.
Tratamento
Segundo a médica neurologista, apesar de autorizado desde 2021 para tratamento por meio do SUS, essa assistência ainda é precária.
A trombectomia mecânica, conforme explica, terá introdução aos poucos nos hospitais já estruturados, pois necessita de treinamento, qualificação técnica dos profissionais e disponibilidade de hemodinâmica no hospital.
“Lentamente esse tratamento ocupa os hospitais, mas prova de que pode servir de auxílio à redução das ameaças dessa disfunção”, afirma.
O país conta com 88 centros especializados no tratamento do AVC habilitados pelo Ministério da Saúde. Desta forma, nem todos têm a estrutura e a equipe necessária para a realização da trombectomia mecânica.
Desse modo, fica visível que muitas obras precisam ocorrer para o aprimoramento dessa área.
O que resta para os pacientes e médicos é a conscientização da doença, com tratamento cedo para evitar um prejuízo maior.