Depois de um dia cansativo de trabalho, você chega em casa e se depara com roupas espalhadas, sapatos mordiscados, objetos quebrados, xixi no sofá e seu cachorro correndo por todos os lados. Isso não é só cena de filme como em Beethoven ou em Marley e Eu. Essa cena acontece com pessoas comuns.
Mas porque os bichos fazem isso? Segundo o adestrador Rômulo de Barros Martini, um cão em geral chega em casa no intuito de ser uma companhia, e depois se torna uma dor de cabeça. “Devido à falta de entendimento do proprietário, o cão acaba desenvolvendo problemas comportamentais. O que os donos devem saber é que o cachorro deve ser tratado como cachorro e não como gente. Ele será muito mais feliz assim”, diz.
Conforme o veterinário, adestrador e consultor comportamental da Cão Cidadão, Daniel Svevo, todo animal deve aprender boas maneiras, pois a natureza do animal naturalmente reage através de instinto. “É importante incluir os cães em uma sociedade de forma adequada”, afirma.
Principais Problemas
Svevo conta que há basicamente dois tipos de problemas com os cães. Os problemas de comportamento, como agressividade, medo, ansiedade, T.O.C. (transtorno obsessivo compulsivo) entre outros, ou problemas de obediência, como pular nas pessoas, destruir objetos, latir muito ou fazer xixi onde não deveria.
Reforço Positivo
O veterinário afirma que a melhor forma de educar o cão é através do método de reforço positivo. “Esse método não machuca o animal e valoriza as atitudes corretas através de recompensa”, diz. A empresa Cão Cidadão – criada pelo zootecnista Alexandre Rossi, o Dr. Pet da Rede Record – afirma que o método não tem contraindicação, podendo ser feito com cães de todas as idades, normalmente a partir de 50 dias, que é o período que o cão, normalmente, chega à casa do dono.
O reforço positivo permite uma melhor linha de comunicação entre o cachorro e o dono. “Além de ser uma ótima atividade física e mental”, diz Svevo. O método propõe exercícios ao cachorro e, quando executados é acionado o clicker, um aparelho que emite o som de um click quando apertado, para indicar ao animal que ele executou determinado comando da maneira correta. Após isso, a recompensa é dada, podendo ser uma bola, um afago ou um biscoito canino.
Inicialmente desenvolvido para cães, o Adestramento Inteligente, segundo o site Cão Cidadão, também pode ser aplicado em outros animais, como gato, papagaio, peixe, entre outros. É possível ensinar gatos a obedecer a comandos, papagaios a fazer truques e não bicar pessoas, e deve ser submisso e deve saber que receber cuidados humanos é extremamente importante.
Para isso a Cão Cidadão recomenda que o dono ande sempre à frente do cachorro. Se perceber que ele se adianta, mude de direção até que ele perceba que deve prestar atenção em você, além de o dono ser sempre o primeiro a entrar em casa ou passar por portas e portões.
Se o cachorro pedir algo como comida, petisco ou passeio, o recomendado é que o dono sempre peça para o cão executar algum comando antes. Assim ficará claro que é ele que está obedecendo, e não o dono. Entre todas essas dicas, a fundamental é a não-violência. Os cães costumam imitar os seus líderes, portanto ele pode passar a usar a violência com o proprietário quando quiser reafirmar sua posição de líder.
Outros tipos
Há também outras formas de adestramento com diferentes objetivos . De acordo com o adestrador Rômulo Barros Martini, os mais procurados são adestramento básico, para ensiná-lo a obedecer, adestramento comportamental para resolução de problemas comportamentais, adestramento de guarda para defender seu patrimônio, residência, lojas entre outros, adestramento anti-sequestro, para evitar uma possível situação de seqüestro e treinamento para cão-guia, destinado a pessoas com necessidades visuais.
Guarda Pessoal
Há também o treinamento de guarda pessoal, indicado para o cão defender o seu dono de maneira rápida e eficaz sempre sob comandos. “Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o treinamento de guarda pessoal não ensina o cão a matar, e sim a defender”, afirma a cinófila e adestradora Cristina Aparecida Bispo Machado.
De acordo com Cristina, este tipo de treinamento só deve ser feito por pessoal habilitado. “O leigo não tem informações suficientes para conduzir o cão em momentos de stress, deixando o animal agir pelo instinto e não pelo que foi treinado, podendo assim, causar alguma tragédia”, finaliza.
Cuidados
A técnica de reforço negativo, que consiste na utilização de sensação de desconforto e depois de alívio após a execução do comando, não é recomendado, pois é prejudicial à saúde mental e física do cão, provocando desconforto e fazendo com o que o cachorro associe este comando a uma situação negativa, portanto perdendo o prazer de realizá-lo.
O veterinário Svevo diz que é muito importante procurar profissionais qualificados para não machucá-lo. O serviço em domicílio varia de R$ 50,00 a R$ 80,00 por aula dependendo da necessidade.