Fragmentação de votos | Boqnews

Opiniões

20 DE OUTUBRO DE 2014

Fragmentação de votos

Por: Fernando De Maria

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Se nas eleições majoritárias o eleitor da região optou pelos candidatos do PSDB no primeiro turno (vitórias de Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra para presidência, governo de São Paulo e Senado, respectivamente), nas eleições proporcionais a história foi diferente. João Paulo Papa foi a exceção entre os eleitos. Sua votação (117.590 sufrágios) garantiria-lhe vaga em qualquer dos principais partidos. A salada partidária incluiu eleitos pelo PEN, PMDB, PSB e PRB.

Apesar da manutenção do total de deputados estaduais e federais (3 de cada) na região, nossa representatividade eleitoral diminuiu, servindo de alerta. Houve uma clara fragmentação dos votos e a previsível invasão de candidatos de fora.

Vários fatores servem para ilustrar a realidade: nossa abstenção foi maior que a média paulista. Não bastasse, a vaidade de alguns candidatos superou a realidade da capacidade individual de votos e muitos fizeram campanhas municipais – recebendo sufrágios praticamente apenas em suas cidades de olho nas eleições de 2016 e fechando as portas para quem efetivamente estava na disputa. Resultado: o bolo teve que ser dividido em mais pedaços e a maioria ficou sem comê-lo.

Como resultado, pela primeira vez em duas décadas nenhuma mulher foi eleita pela região. Além disso, o desgaste do Partido dos Trabalhadores, especialmente em São Paulo, atingiu os candidatos proporcionais. Afinal, desde o início da década de 90 sempre houve algum membro eleito do PT pela região, seja na Assembleia ou Câmara Federal.

Quem mais se aproximou foi a deputada Telma de Souza. Tragada pela onda antipetista, foi vítima do partido que ajudou a fundar. Faltaram-lhe 4.740 votos para manter-se no cargo para uma nova legislatura. Ficou na terceira suplência.

Experiente, Telma tem o importante papel de ser oposição em um cenário amplamente contrário, onde o governo paulista tucano reina soberano, com anuência de parcela da imprensa e da oposição enfraquecida na Assembleia. Afinal, nem a escassez de água atingiu o governo paulista.

Aos deputados estaduais eleitos, Caio França (PSB), Cassio Navarro (PMDB) e Paulo Correa Jr (PEN), esperam-se que se tornem gratas surpresas para bem representar a região, carente de tantas necessidades. Jovens na vida pública, incidem sobre eles enormes expectativas. A dúvida, porém, é se todos cumprirão seus respectivos mandatos até o fim de olho em 2016.

Quanto aos federais, Papa foi o único eleito com suas próprias pernas, tendo 85,5% do seu total de votos na Baixada, tornando-o uma nova liderança metropolitana. Beto Mansur e Marcelo Squassoni, ambos do PRB, devem suas eleições a Celso Russomano, campeão de votos de provável mandato curto, também de olho na Prefeitura de São Paulo, o que é permitido pela atual legislação eleitoral. (Só para anotar: as somas de votos dele e Tiririca (PR) na Baixada chegaram a 103.130, suficientes para eleger um parlamentar pela região).

Aos eleitos, obriga-se a necessidade de se lutar por uma reforma política justa para evitar as distorções eleitorais. Resta saber apenas efetivamente quem terá interesse em mexer neste vespeiro…

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