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15 DE JANEIRO DE 2010

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Vidas preservadas

As propriedades que o cordão umbilical pode reservar vão muito além do que a ligação materna: ele é rico em células-tronco, células básicas que se originam após o encontro do espermatozóide com o óvulo aos quais durante o desenvolvimento embrionário, se convertem em todos os tipos de células como as nervosas, ou seja, os glóbulos […]

Por: Da Redação

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As propriedades que o cordão umbilical pode reservar vão muito além do que a ligação materna: ele é rico em células-tronco, células básicas que se originam após o encontro do espermatozóide com o óvulo aos quais durante o desenvolvimento embrionário, se convertem em todos os tipos de células como as nervosas, ou seja, os glóbulos vermelhos. Em etapas avançadas da vida, são as células-tronco que reparam os tecidos danificados, por isso são vitais.


De acordo com o Instituto de Pesquisas de Células Tronco, as que são encontradas no sangue do cordão umbilical e placentário têm a capacidade de se diferenciar para uma ampla gama de outras células. Estas são novas, com vitalidade, sem a ação dos fatores do ambiente.


Elas podem ser congeladas para utilização no tratamento de doenças além de apresentarem uma série de vantagens em relação às células-tronco da medula óssea, por exemplo. Além disso, são mais fáceis de congelar e não causam rejeição.


Propriedades


O sangue do cordão umbilical possui um elevado número de células-tronco hematopoéticas, que são células fundamentais no transplante de medula óssea. Além da leucemia, podem ser utilizadas em outros tratamentos. “Em doenças auto-imunes e em alguns tipos de anemia nós já fazemos transplante de medula com células tronco do cordão umbilical, com resultados satisfatórios”, diz a PhD em Biologia Molecular Lilian Piñero Eça, também consultora técnica da BCU Brasil.


Segundo a especialista, essas células também têm sido usadas em terapias celulares de adultos e crianças, em algumas doenças como Parkinson, Alzheimer, regeneração óssea e de cartilagem, doenças cardíacas e renais, acidente vascular cerebral e em doenças auto imunes como esclerose, artrite reumatóide, lúpus, entre outras.


Lilian ilustra com um caso onde o bebê, com quadro de paralisia cerebral, recuperou as funções vitais. “A criança recebeu, após cerca de um mês do nascimento, as células tronco do cordão umbilical que tinham sido armazenadas. Após um tempo, ela recuperou as funções originais”, conta.


De acordo com o Instituto Nacional do Câncer – Inca, a principal vantagem é que as células do cordão estão imediatamente disponíveis. Não há necessidade de localizar o doador e submetê-lo à retirada da medula óssea. Além disso, não é necessária a compatibilidade total entre o sangue do cordão e o paciente.


Com o uso do cordão umbilical é permitido algum nível de não compatibilidade, ao contrário do transplante com doador de medula óssea, que exige compatibilidade total. “No Brasil temos uma descendência  misturada. A estatística internacional é de um doador compatível para cada 12 mil. Só que no Brasil esse índice é  maior”, comenta.


Banco de cordão umbilical


Justamente pela riqueza do material encontrado no sangue do cordão umbilical, especialistas afirmam que esse material precisa ser armazenado. “É uma loucura jogar fora um material tão rico em células-tronco”, diz a PhD. Os bancos de cordão umbilical têm justamente essa função: armazenar as células-tronco retiradas do sangue dele.


Esse sangue é retirado após o nascimento da criança, quando o cordão umbilical já foi cortado, seja pelo parto normal ou cesariana. “O médico punciona uma veia do cordão para uma bolsa de sangue e recolhe, no máximo, de 70 a 100 mls. Não existe dor para a mãe ou para o bebê, justamente porque esse procedimento é feito depois que o cordão umbilical foi cortado e a placenta não está mais no útero”, explica.


O material é recolhido pelo obstetra e será acondicionado em uma caixa de transporte de material biológico para ser encaminhado ao laboratório de processamento, onde as células-tronco são separadas e preparadas para o congelamento. Essas células podem ser armazenadas em um banco público ou privado.


Banco Público


Os bancos públicos são gerenciados pelo Instituto Nacional do Câncer, Inca, que inaugurou o primeiro banco público de armazenamento de cordão umbilical em 2001. Ele gerencia a rede Brasilcord, que reúne os Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical. Atualmente estão em funcionamento as unidades do INCA, do hospital Albert Einsten e dos hemocentros da Unicamp (Campinas) e de Ribeirão Preto.


No estado de São Paulo, quatro hospitais estão credenciados a fazer a coleta: o Albert Einstein, o Hospital Municipal do Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo, um em Campinas e outro em Ribeirão Preto.
A doação do sangue do cordão umbilical não significa que o filho da gestante que doou terá prioridade de transplante de célula-tronco. Caso as células não tenham sido utilizadas por outro paciente, o mesmo será selecionado para doador.  O banco público disponibiliza as unidades para quaisquer pacientes brasileiros que precisem de transplante de medula óssea e não tenham um doador familiar. Todo procedimento é gratuito.


Bancos Privados


Além de ter que custear o serviço de armazenamento, a diferença do banco privado é que as células-tronco ficam disponíveis, apenas, para a própria criança ou familiares.  A coleta pode ser feita em qualquer maternidade, por profissionais dos bancos ou pelos obstetras do paciente, que recebem treinamento.  Há uma taxa de adesão ao programa e também de material para a coleta, que custa, em média, R$ 3 mil. Além disso, há uma mensalidade anual para manter o armazenamento no banco privado, que gira em torno de R$ 500,00.

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