Centenário, o Clube Atlético Santista enfrenta sérias dificuldades para voltar a funcionar com sua destacada sede no cruzamento das avenidas Washington Luiz com Rua Carvalho de Mendonça.
Nos próximos dias, deverá ser divulgada a reabertura do clube, numa sede próxima à atual.
O administrador e responsável pela parte jurídica do clube, Aldo Ierizzi, confirmou a informação, mas não divulgou o novo local. Ele pontua que já está em fase de finalização as tratativas e a construção da nova sede.
No ano passado, a imprensa regional havia divulgado que o terreno estaria sendo leiloado para sanar as dívidas da agremiação esportiva, que, à época, chegavam a R$ 6 milhões.
A Reportagem não teve acesso aos valores atualizados.
De acordo com o processo que corre na esferas trabalhistas, o leilão do terreno acontecerá no dia 6 de outubro, porém, segundo Ierizzi, “há uma desconformidade na data do pagamento da entrada do acordo, mas que já foi esclarecido ao juízo e deverá ser anulada a decisão de leilão. Está para o juiz decidir”.
Venda e equacionamento
Esperando para reabrir, o clube corre para conseguir vender o terreno, segundo o administrador.
Hoje, a agremiação já está em negociações com compradores da sua sede.
Em relação às dívidas, a Reportagem esteve no local, e verificou que no grande portão de entrada se encontram algumas notificações da Sabesp a respeito de contas não pagas nos últimos 15 meses.
O advogado afirmou que as dívidas estão sendo negociadas e serão equacionadas nos próximos meses.
“Importante frisar que os detalhes de tais negociações e dívidas somente dizem respeito aos associados que estão cientes e que compareceram às assembleias gerais”, afirma.
Hoje, o clube possui 125 associados e, em média, de 60 a 80 pessoas participam das assembleias gerais. Além disso, Ierizzi ressaltou que o “Atlético Santista não está morto e vai durar mais 100 anos”.
Viralizou
Conforme circulou um vídeo nas redes sociais, hoje, a sede atual do Clube não possui mais a estrutura que outrora era conhecida por seus frequentadores.
No vídeo, foi possível identificar muitas telhas quebradas, lixo espalhado no chão, cadeiras empilhadas, mato alto e também a ausência dos tradicionais campos society.
O clube está parado desde o começo de março, quando a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia do novo coronavírus, apontou o administrador.
Ainda nas redes, muitos internautas se mostraram espantados com o que viram nas imagens.
Uma internauta relatou o quão triste é ver um patrimônio acabar desta forma depois de ter dado anos de alegrias ao povo santista. Outros afirmam que o tempo dos clubes já passou.
“Realmente tudo passa. Os clubes tiveram a sua história nos anos 60 e 70. Depois vieram os prédios, condomínios com suas infraestruturas que os sucederam. Assim como nós, velhos saudosistas, também seremos sucedidos. Tudo é passageiro”, relembra o internauta José Ricardo.
Ex-sócio do Clube, o jornalista Wolney Lima afirma que a perda é enorme, tanto na parte social quanto na esportiva.
“No esporte, o Atlético foi protagonista em várias modalidades. Revelou atletas que brilharam no cenário nacional. Sua força não ficava restrita à região”, relembra.
Outro ex-frequentador do local, o analista de sistemas Danilo Manchini, se disse triste ao ver o vídeo de como se encontra o local.
Na visão dele, perder um clube desse é perder vários talentos que poderiam surgir dali. “A palavra que define tudo isso é tristeza”, resume.
Saúde pública
Mesmo com poucas chuvas na região e sem manutenções no local, o Atlético virou possível um escoadouro de doenças, como, por exemplo, a dengue, conforme temem os vizinhos.
Até junho último, a cidade havia registrado cerca de 68 casos de dengue.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde de Santos informa que o clube é classificado como imóvel especial, sendo vistoriado todo mês pelos agentes de combate a endemias para adoção de medidas preventivas e apontamento das intervenções necessárias para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti e a presença de pragas urbanas.
“Na piscina do local foram colocados peixes larvófagos, que se alimentam de larvas, e em áreas internas do imóvel houve a aplicação de larvicida. Uma nova vistoria está programada para ocorrer nos próximos dias”, complementa a nota.