Brasileiros no exterior relatam dificuldades com pandemia | Boqnews
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Longe da família

10 DE ABRIL DE 2020

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Brasileiros no exterior relatam dificuldades com pandemia

Pandemia já infectou mais de 1 milhão de pessoas pelo mundo inteiro. Europa é o continente que mais sofre com o vírus

Por: Da Redação

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O mundo está sofrendo com a pandemia do novo coronavírus e não há perspectiva de quando isso acabará.

Reclusos com a família, muitos brasileiros estão passando por situações nunca antes experimentadas.

Pior ainda são aqueles que moram distantes de seus entes.

Nesses casos, a tecnologia acalenta, por diversas situações, os sentimentos neste período conturbado.

Até o momento do fechamento desta reportagem, mais de 1,6 milhão de pessoas foram diagnosticadas com a doença, mais de 360 mil se recuperaram e quase 100 mil óbitos foram confirmados.

 

América do Norte

Um dos países que mais recebem brasileiros, o Canadá sofre com o aumento de casos de covid-19. No último domingo (5), por exemplo, os números de mortos pelo vírus aumentaram em 20%.

Na terça-feira (7), o país já confirmava 17.032 casos, com 3.794 recuperados e 345 mortes. Até a publicação desta reportagem, os números aumentaram, chegando a 21.728 infectados, 5.598 recuperados e 531 óbitos.

Para o brasileiro Bruno Leonardo de Oliveira, 34 anos, desde a implementação da quarentena, foram tomadas medidas para conter a disseminação do vírus.

“Basicamente, como boa parte do mundo, somente serviços essenciais estão funcionando, com exceção de empresas que conseguem funcionar por acesso remoto. Eu e minha esposa saímos de casa somente para ir ao mercado, e no meu caso, tenho ido trabalhar fora de casa”, explica.

No entanto, Oliveira ressalta que se sente seguro como a forma que o governo está tratando a pandemia.

Montreal, uma das principais cidades do país e regigão onde vive, apresentou números elevados de casos.

Segundo ele, a cidade apresenta aproximadamente 1,8 milhões de pessoas, e cerca de 1/4 está concentrada na região.

De acordo com Bruno, a desinformação promovida pelo governo brasileiro o preocupa em relação à família, que está no Brasil.

Os planos de visitá-los foram modificados, pois agora não há datas certas para que consigam voltar ao Brasil.

“Eu planejava visitá-los em agosto, mas diante do cenário atual, vou aguardar mais um pouco para definir uma nova data. Em nenhum momento, pensei em voltar ao Brasil nesse período”, enfatiza.

 

De volta à Europa

Epicentro do coronavírus no mundo, o continente europeu ultrapassou a marca de 50 mil mortes, segundo a agência de notícias France Presse (AFP), em balanço divulgado no início da semana.

E os números só crescem.

Deste montante, cerca de 85% ocorreram no Reino Unido, França, Itália e Espanha.

O santista Romilson Moura Santa Rosa, 45 anos, mudou-se com a esposa para Lisboa, em Portugal, no início deste ano.

Desenvolvedor de software, ele admite que a sua readaptação ao país fora complicada.

No começo do surto do novo coronavírus, ele e os colegas de trabalho não se preocuparam com o que estava acontecendo.

Contudo, na virada do mês de fevereiro para março, o impacto do vírus o deixou alarmado.

“Perto da minha casa, uma escola primária registrou o primeiro caso de coronavírus em uma professora. Essa escola foi imediatamente fechada e os telejornais logo noticiaram”, conta.

A complicada readaptação também se passa pela mudança repentina em meio à pandemia.

Acostumado com a vida agitada e com uma rotina frenética, o profissional viu tudo isso ser desconstruído e ser obrigado a permanecer em casa.

Porém, o costume de acordar cedo, participar das reuniões diárias e fazer as tarefas impostas pelo trabalho continuam iguais, segundo ele.
Assim como disseram outros brasileiros que trabalham na Europa, o sistema home office é bem mais eficiente no velho continente do que no Brasil.

“Penso que a realidade será outra depois que tudo isso passar. As empresas acabarão por lucrarem mais, pois existem muitos custos para manter um escritório funcionando e colaboradores cada vez mais empenhados e produtivos”, afirma.

Em relação à família deixada no Brasil, Santa Rosa admite que não pensou em voltar, pois acredita que este o atual momento é apenas uma fase, e que tudo voltará à normalidade em breve.

 

Ironia

No Reino Unido, com mais de 6 mil mortes, a tendência é que os casos do novo coronavírus continue aumentando. Pelo menos, foi o que afirmou o prefeito de Londres, Sadiq Khan à BBC.

Segundo ele, não há data prevista para suspender a quarentena.

Ele acredita que o pico de contaminação do país ocorrerá na próxima semana.

O brasileiro Theo Carvalho, 33 anos, está vivendo em Oxford, a 80 quilômetros de Londres, e conta que a quarentena tem sido ‘estressante’.

Como muitos ao redor do mundo, o home office não ‘funciona’ para todos, já que inúmeras empresas possuem melhor estrutura do que as próprias casas dos moradores.

Para ele, “se você é pago pelo governo em 80% do seu salário para não trabalhar, você se vê com muito tempo disponível e poucas opções de entretenimento, sem contato humano”.

Ironicamente, durante a entrevista, enquanto Theo dissertava sobre a negligência do governo britânico em tomar as medidas de combate ao covid-19, o primeiro ministro inglês, Boris Johnson, que relutou em tomar medidas contra o vírus, fora internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido a doença.

“Ele chegou a dizer que deveríamos “levar o golpe na fuça”, e houve conversas em seu gabinete de processo de imunização de rebanho, fazendo pouco caso das mortes previstas”, complementou, afirmando que estima a rápida recuperação do primeiro ministro.

Em primeiro momento, Theo estranhou as medidas impostas pelo governo italiano, o primeiro epicentro do vírus na Europa.

Porém, mesmo não acreditando de início que estas medidas fossem tomadas por diversos governos em todo o mundo, a opinião começou a mudar quando a imprensa e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendaram a prática de isolamento.

Afinal, a imposição do distanciamento evitou, até este momento, que mais mortes fossem computadas.

Com planos de rever a família em maio, Theo afirma que a volta ao Brasil virou uma incógnita, mas agradece por ter como conectar-se com a família durante este período.

Em especial sua avó, Antonieta Dias, que completou 89 anos e está isolada há quase um mês em casa.

 

Vida parisiense

Paris, na França, é conhecida como a Cidade Luz por atrair diversos pintores, escultores, músicos, artistas e bailarinos. Contudo, hoje é reflexo do caos instaurado pelo novo coronavírus.

Terceiro país europeu mais afetado pelo vírus, atrás da Itália e Espanha, a vida no território se transformou por completo.

A jornalista santista Diana Gonzalez, 35 anos, vive há 8 anos na França, e assim como os demais brasileiros, retrata as dificuldades enfrentadas em outro país.

Hoje, para conseguir sair de casa, é necessário preencher um formulário para ir ao mercado, por exemplo.

Em caso de descumprimento do confinamento, o cidadão tomará uma multa de 135 euros (R$ 750).

Antes mesmo da pandemia, o país já passava por problemas com a paralisação do transporte público, entre dezembro e janeiro, e Paris fora uma das mais afetadas pela greve, relembra a santista.

A chegada da primavera no território francês altera a vida dos habitantes, pois nesta época do ano o sol começa a aparecer mais.

“Como o sol é coisa rara na França, quando ele parece, todos querem aproveitar, ir ao parque, às ruas. Mas agora não podemos. Então, não é fácil enfrentar essa “maratona” sequencial de isolamento social, porém necessário”.

 

Mudança de rotina e felicidade comprometida

Mesmo com todos os recentes acontecimentos, Diana reforça a maneira como o governo francês tem lidado.

Em apenas um dia, a quarentena fora imposta pelo presidente Emmanuel Macron, impedindo que o povo se preparasse para o momento.

“Às 20h do dia 17 (de março), o presidente anunciou em rede de TV que medidas mais drásticas seriam tomadas. Porém, não explicou no que elas consistiam. Uma hora depois, o ministro do interior explicou que a partir do meio-dia do dia seguinte (18) ficaríamos proibidos de sair de casa”, afirma.

A vida longe da família, segundo ela, também está sendo difícil, e isso a fez refletir seu atual momento.

Para Diana, olhar a morte mais de perto, tende a fazer com que as pessoas fiquem mais sensíveis sobre os sentidos da vida.

Neste caso, ela crê que a felicidade dela não está em Paris.

“No meu caso, estou sozinha aqui e se algo acontecer comigo, não tenho ninguém para me ajudar, me acudir, ligar para emergência. E claro, gostaria também de poder estar perto da minha família para caso precisarem poderem contar comigo”, finaliza.

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