Abertas as urnas, surgem as surpresas, desmentindo as projeções e análises que as pesquisas eleitorais de grandes institutos costumam fazer. Aos petistas, que apostavam que o segundo turno só ocorreria em São Paulo, as urnas foram-lhes favoráveis, mas insuficientes para garantir o fim da disputa. Foi uma vitória com sabor de derrota.
Pior, não conseguiram dar o troco no principal estado da federação, que permanecerá por mais quatro anos sob o comando dos tucanos, para desespero do funcionalismo público estadual. Aos verdes, a torcida pelo desempenho ascendente da candidata Marina Silva, uma efetiva terceira via nestas eleições, contrariando as análises eleitorais. Tal situação fica evidenciada em relação à Baixada Santista, onde Marina obteve 23,7% dos votos válidos, algo em torno de 220.852 sufrágios, percentual bem maior que a média nacional, de 19,33%.
Além disto, a proximidade no número de votos entre Dilma Rousseff e José Serra (a diferença foi de apenas 3.989 votos a favor da candidata) mostra que a disputa será acirrada neste segundo turno. Vale destacar que Dilma ganhou justamente nas cidades onde Lula já havia vencido no primeiro turno em 2006 contra Alckmin: Guarujá, São Vicente e Cubatão. E desta vez, acrescente-se Bertioga, por apenas 159 votos.
Serra ganhou em Santos, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, a exemplo de Alckmin há quatro anos. Portanto, a lógica permanece e deverá ser mantida. Com este raciocínio, é bem provável que Serra ganhe na Região Metropolitana da Baixada Santista no segundo turno, em razão do perfil do eleitorado de cada cidade. Aguardemos…
A lógica também serve para a disputa ao Governo do Estado. Em 2006, José Serra ganhou em oito dos nove municípios da região contra Aloízio Mercadante. A exceção foi Cubatão, única cidade onde o candidato petista voltou a ganhar em 2010. O curioso é que teríamos segundo turno se dependesse dos votos dos eleitores da Baixada Santista, pois Alckmin obteve 49% dos votos válidos contra 50,63% em âmbito estadual. Mercadante manteve seus 35,2% de média estadual e regional. O fiel da balança em âmbito regional foi Celso Russomano, que ficou com 7% dos votos válidos na região contra 5,42% no Estado.
O incremento tucano vitaminou a candidatura do candidato, Aloysio Nunes, que abocanhou 436.898 votos nas cidades da região, seguido pelo comunista Netinho de Paula, com 331.355 votos. A petista Marta Suplicy obteve 296.877 sufrágios. O efeito Marina também atingiu o Senado, pois o candidato verde Ricardo Youung ficou em quarto lugar na região, com 175.310 votos.
Na próxima coluna, analisaremos os resultados eleitorais da região sob a ótica dos cargos proporcionais, que já sinalizam o que virá pela frente em 2012.