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Opiniões

25 DE JULHO DE 2013

As avós e o sexo

Por: admin

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O que as avós têm a ver com sexo, deve ser a pergunta que passeia pela cabeça de vocês, nesse momento. Mas eu digo que além das avós de hoje ainda se considerarem mulheres desejosas, elas têm um papel importante no desenvolvimento da sexualidade.
O papel das avós vai muito além do bolo gostoso e dos almoços de domingo. Por ser nesta sexta-feira (26) um dia dedicado a elas gostaria de me deter um pouco mais sobre o papel dessa figura no desenvolvimento sexual.
Isso parece uma heresia, colocar a boa e sagrada velhinha num contexto tão profano. Bem, comecemos pela desconstrução da ideia da “boa e sagrada velhinha”, porque a  maioria  das avós de hoje tem uma vida e projetos pessoais e profissionais dos quais não abrem mão.
Isso reforça a necessidade de se refletir sobre esse papel que já não é vivido como nos velhos tempos, que o cheiro do bolo e o sabor das guloseimas da casa da avó acompanhavam a vida toda e davam guarida aos momentos difíceis.
Mas a máxima mais antiga de que na “casa da vovó pode tudo” hoje tem um sentido diferente, pois essa avó moderna e experiente não se horroriza com as dúvidas e nem impõe o silêncio e nesse diálogo surpreende como alguém que tem e teve angústias, desilusões e sonhos. Assim sendo, a casa da vovó dá espaço para tudo. Aspectos que, na preocupação com questões reais e de sobrevivência, os pais não dão conta. Esses dons devem ser manifestados modernamente muito mais em cumplicidade e atualização. Basta que para isso tanto pais e avós tenham bem claros o seu momento de vida, os seus desejos e principalmente a sua possibilidade de doação e não de servilismo.
Já dá para perceber o que isso tem a ver com sexualidade? Doar-se sem medo de acertar ou errar, liberdade de ser sem máscaras ou falsos pudores, perceber o amor na sua expressão mais pura onde não existe o mais inteligente, o mais bonito em que cada um é importante pelo que é.
Não creio que a avó seja apenas facilitadora, entre um intervencionismo desequilibrado e a distância excessiva, a maioria das avós se deixa guiar pela “inteligência do coração”. Escutar, compreender e reunir. As avós escutam. Elas têm tempo.
Uma das graças das avós ao acolher crianças é a de lhes dedicar um tempo de admiração. Observação “das coisas menores da vida, mas de grande significado emocional e na construção de uma psiché saudável. Saborear as perguntas das crianças, compartilhar das suas pequenas alegrias, ouvir suas queixas e tristezas, mágoas e injustiças.
Os pais são a lei, as avós devem ser o sonho, espaço de tolerância e aceitação, capacidade de compreender tudo e todos. Será que não devemos ter esses valores na condução da vida afetiva adulta? Posso garantir que está faltando muito de tudo isso nos relacionamentos.  
Fazer da casa da avó o local encantado onde ocorrem as celebrações. Lugares onde se saboreiam muito mais do que pratos diferentes, onde a vida é festejada a qualquer hora. Sexo é vida, alegria, encontro.
Hoje em dia, essas reuniões se tornam mais raras e difíceis nas famílias nucleares e em seus infinitos afazeres. Mas a família ampla é um dom, permite a criança tomar consciência de suas raízes, de participar de uma memória comum, de uma herança de gerações. Essa experiência convida a ampliar a vida comunitária, a solidariedade. As avós têm ou teriam que ter essa graça de manterem, até onde é possível, os laços familiares. Às vezes só se percebe isso quando eles não estão mais aqui . Mas o vivido na infância na casa das avós é uma marca para o resto da vida.
Gosto muito de refletir sobre o papel das raízes, que devem ser cuidadas e valorizadas. Afinal, esperamos muitos frutos da árvore da vida e árvore sem raiz com certeza terá frutos minguados ou não os terá.

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