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Opiniões

03 DE MARÇO DE 2023

Mais do que definir preços

Por: Humberto Challoub

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A discussão em torno da política de preços a ser adotada pela Petrobras é complexa e, por isso, não permitem soluções milagrosas diante das realidades conhecidas.

Dividido entre as correntes nacionalistas estatizantes e às que defendem a regulação por meio do mercado externo, o debate carece de um olhar mais amplo, com base nas perspectivas atuais e futuras do setor petrolífero.

Já se sabe que, paradoxalmente, as riquezas a serem produzidas pela indústria petrolífera brasileira denotam uma oportunidade de caráter imediatista, pois representam a sobrevida a uma base energética condenada por ser uma das principais responsáveis pela degeneração progressiva do planeta.

Há, portanto, de se assegurar mais do que apenas a definição de preços para a venda dos produtos derivados dessa matriz energética, visto que os recursos provenientes da exploração das imensas jazidas das bacias litorâneas pode servir para atendimento às demandas sociais e ao financiamento de novas tecnologias que venham, em um futuro próximo, substituir o uso do petróleo como combustível automotivo.

Da mesma forma, torna-se prudente desconsiderar as repetidas retóricas ufanistas que, invariavelmente, têm permeado os debates sobre a questão.

Isso porque, muitos conceitos desvirtuados têm interferido em decisões que nem sempre atendem aos interesses da sociedade brasileira.

O desenvolvimento desse setor não permite mais a repetição de erros cometidos no passado, que produziram prejuízos que acabaram sendo pagos pelo conjunto da população.

Nesse contexto, é de se estranhar que até hoje o etanol brasileiro não tenha merecido o reconhecimento devido pela sua importância econômica e recebido todos os estímulos necessários para se consolidar como o principal combustível do mercado automotivo nacional, pela sua capacidade incontestável no combate ao efeito estufa.

É comprovado que o cultivo da cana-de-açúcar absorve da atmosfera quase todo dióxido de carbono que a produção e o uso do etanol emitem.

Soma-se a essas vantagens a possibilidade de geração de energia por meio da queima da biomassa resultante dos resíduos gerados durante a produção do produto, e as vantagens agrícolas obtidas com a conjugação de plantios de outras culturas em períodos intercalados nas mesmas áreas ocupadas pela cana-de-açúcar.

Além de perseguir o ideal que motivou a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) em 1975, que à época objetivou reduzir grande dependência nacional em relação ao petróleo importado, priorizar e estimular o uso do etanol representa uma eficiente estratégia para antecipar a substituição dos combustíveis fósseis, cujas reservas se revelam finitas.

Ao mesmo tempo, a expansão de seu uso deve ser acompanhado de rigoroso planejamento para evitar consequências danosas, como aumentos dos latifúndios monocultores de cana-de-açúcar, elevação dos valores de alguns gêneros alimentícios, erosão e esgotamento do solo utilizado para o plantio.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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