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Opiniões

05 DE JULHO DE 2017

Não é favor, mas direito

Por: Fernando De Maria

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Considerado pela população um dos itens que mais a preocupam, a saúde do morador da Baixada Santista é ainda mais preocupante que de boa parte dos demais paulistas e brasileiros.

Os números não mentem. Somos 4% da população no Estado, mas recebemos apenas 1% dos recursos para o setor. Como o dinheiro é escasso resta aos municípios a responsabilidade de tentar evitar o caos completo comprometendo cada vez mais as já combalidas finanças das prefeituras.

Hoje, cidades já estão gastando cerca de 25% do seu orçamento para suprir as necessidades básicas na saúde, bem mais que os 15% obrigatórios. Somando com os gastos fixos para Educação e funcionalismo, pouco resta aos demais setores.

Conforme levantamento efetuado pelo escritório R. Amaral Associados, dos R$ 23 bilhões que o governo paulista recebe na área da Saúde/ano (R$ 14,5 bilhões próprios e R$ 8,5 bilhões repassados pelo Governo Federal), a Baixada Santista deveria ter direito a R$ 920 milhões, mas só recebe 1/3 deste montante.

Alguns indicadores mostrados durante a reunião do Condesb na última quinta (29), onde foram discutidos o cenário regional da saúde e os caminhos para aprimorá-los, deixaram claro que a Baixada Santista há décadas sofre com o descaso dos governos federais e estaduais, apesar de sua importância e relevância.

Alguns números ajudam a entender esta situação: enquanto as intervenções de Média e Alta Complexidade (MAC) chegam a R$ 181,01 per capita no Brasil e R$ 189,34 no Estado de São Paulo, por aqui representam R$ 136,65. Cidades como Mongaguá e Bertioga ficam com míseros R$ 44 a título de comparação.

Não bastassem, as internações eletivas (para operações de especialidades que podem ser agendadas) não chegam a 15%. Já no estado são 26% e no País, 19,5%.

A soma da falta de recursos leva à ausência de leitos hospitalares. São menos 1.484 entre SUS e não SUS que o recomendado. E a cada ano, o volume de ofertas vem diminuindo, pois os hospitais, como não conseguem ser ressarcidos de forma justa, fecham alas e diminuem a oferta de leitos, ampliando o desespero e as dificuldades às pessoas que necessitam destas intervenções. Em alguns casos, como as neoplasias, o tempo de espera pode ser fatal.

Além destas dificuldades, não se pode desconsiderar que quase 33 mil beneficiários saíram dos planos de saúde nos últimos dois anos na região. Este público busca abrigo no SUS.

Fica claro que o cobertor é curto, mas não se pode aceitar que a região fique à mercê destes investimentos a que tem direito. Não dá para conviver com as piores taxas de mortalidade infantil e materna só para citar alguns exemplos de rankings negativos aos quais a Baixada Santista ostenta.
Passou da hora da população e dos nossos representantes políticos exigirem condições de igualdade, pois na hora do voto todos os eleitores têm o mesmo peso, mas no momento das cobranças a corda sempre pende para o lado mais fraco, ou seja, a população.

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