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26 DE JANEIRO DE 2012

Olhar além da ilha

Por: Fernando De Maria

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A entrevista concedida pelo prefeito João Paulo Tavares Papa na edição passada deste jornal teve ampla repercussão. Vários aspectos podem ser analisados na reportagem, como a defesa enfática da escolha da candidatura do seu secretário de Portos, Sérgio Aquino, para as eleições.
Mas opto em não abordar neste artigo sobre sucessão municipal, tema que será abordado em futuras colunas. 
Chamou-me atenção a seguinte resposta (a versão na íntegra  está disponível em www.boqnews.com/ultimas_texto.php?cod=11350) sobre quais serão os próximos desafios do seu sucessor. Palavras de Papa: “Ajudar a construir uma Região Metropolitana mais equilibrada. Isso interessa para Santos. A Baixada tem que ser equilibrada economicamente e socialmente. Não basta para Santos ter bons índices seja lá do que for, se as outras cidades da região não seguirem essa mesma tendência”.
A análise é cristalina. A disparidade social e econômica que envolve os nove municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista é gritante. De nada adianta termos indicadores sociais de países do primeiro mundo se nossos vizinhos ainda estão no terceiro. Na atual conjuntura econômica e geográfica é impossível pensarmos localmente, pois as pessoas vivem regionalmente, seja para trabalhar, estudar e se deslocar. Há alguns anos, pagávamos tarifas diferenciadas apenas para telefonar para cidades vizinhas. Um absurdo.
A disparidade social é comprovada nos indicadores econômicos e sociais. Santos é a única das nove cidades da Baixada Santista que está no grupo 1 do IPRS – indicador que sintetiza a situação de cada município quanto à riqueza, escolaridade e longevidade, pois apresenta nível elevado de riqueza com bons níveis nos indicadores sociais. As oito cidades restantes são do grupo 2, ou seja, municípios com nível de riqueza elevados, mas não exibem bons indicadores sociais. Santos também é a única deste grupo que tem o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano superior à média paulista (0,871 contra 0,814).
O IPRS é dividido em três áreas: riqueza, longevidade e escolaridade. No primeiro item, Santos está em terceiro lugar. Nos demais, lidera com folga. A região tem sérias distorções sociais. Na mortalidade infantil, por exemplo, Peruíbe tem o menor índice, com 8,29 a cada 1000 nascidos vivos. Em Mongaguá, a taxa é de vergonhosos 22,16. Este é apenas um caso para ilustrar o fosso existente entre os nove municípios.
Portanto, o prefeito tocou em uma ferida que raros governantes ousam citar. De nada adianta morar em uma cidade com elevados índices sociais se o esgoto que sai das casas do município vizinho passa em frente da nossa, por exemplo. Portanto, esperamos que os eleitos ou reeleitos em outubro tenham uma real visão da região metropolitana. Caso contrário, a disparidade social apenas aumentará e os reflexos negativos, como a violência,  as deficiências na saúde, além das dificuldades de locomoção, só aumentarão.

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