Verborragia inadequada | Boqnews
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Opiniões

05 DE AGOSTO DE 2019

Verborragia inadequada

Por: Humberto Challoub

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O estilo verborrágico adotado pelo presidente Jair Bolsonaro em nada tem contribuído para a criação de um clima político propício visando reconduzir o País para o caminho do desenvolvimento econômico e social. Tratando temas sensíveis e complexos com vulgaridade e leviandade, com o firme propósito de acirrar ânimos e instigar sentimentos antagônicos, Bolsonaro começa a construir uma imagem de descrédito, a partir das contradições contidas em suas atitudes nepotistas e desprovidas de transparência.

Disposto a relegar a altivez e a liturgia atribuída ao cargo ocupado pelo principal mandatário na Nação brasileira, o presidente insiste no uso cotidiano de prosopopeias e metáforas inadequadas, com insinuações misóginas e racistas. Agindo assim ele em nada contribui para ajudar sua equipe de Governo na difícil tarefa de estabelecer novas relações políticas, administrativas e comerciais, de forma amigável, eficaz e produtiva, visando o alcance das metas preconizadas para melhorar as condições de vida dos brasileiros.

Ao mesmo tempo em que sua logorreia estabelece uma agenda diária de polêmicas, Bolsonaro ressuscita o velho jargão maniqueísta da doutrina política, colocando-se como vítima de um processo sistemático desencadeado pelos meios de comunicação para depreciar sua imagem.

Tantos outros governantes tiveram o mesmo dissabor e souberam entender que o cargo exercido delega direitos incontestáveis, mas impõe deveres institucionais que incluem a obrigação de dar total transparência e publicidade aos atos praticados na função.

Não há como negar que jornalistas cometam erros e que veículos de comunicação atuem com propósitos outros, ou se coloquem a serviço de interesses particulares. Porém, à sociedade cabe a fiscalização e o julgamento desses atos, especialmente em um estado plural e democrático como o brasileiro.

Ao invés de tentar consagrar um estilo coloquial e jocoso à frente da Presidência, seria de maior valia se o atual chefe da Nação dedicasse seu tempo à tarefa de promover as reformas que o País tanto espera e precisa, como a previdenciária em curso, a tributária, a administrativa, e à revisão da legislação e dos princípios que norteiam o sistema político-eleitoral vigente.

O momento de dificuldades vivido por parte da população, sobretudo os milhões de desempregados que almejam oportunidades para recuperar condições de vida digna às famílias, impõe ao presidente o entendimento de que será preciso alterar sua conduta no exercício do cargo, sob pena de ser condenado a entrar para a história ridicularizado pelos sucessivos gestos de ignorância e incompetência.

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