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Educação

15 DE DEZEMBRO DE 2023

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Profissionais abordam a importância da educomunicação

Com a chegada da tecnologia e tantos recursos disponíveis, os professores devem se adequar para aplicar uma nova didática aos alunos e também realizarem troca de experiências com os pensamentos deles

Por: Vinícius Dantas
Da Redação

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Histórias de vida, ouvir e descrever o outro com base em relatos pessoais, combater as notícias e informações falsas, são inúmeras as maneiras como a comunicação pode ser uma aliada da Educação. E esta união já ganhou até um termo, nem sempre conhecido por todos: a Educomunicação. Sua relevância é crescente a ponto de ter se transformado em curso superior na principal universidade do Brasil e uma das maiores do mundo, a USP.

Esta ideia resultou no Instituto Devir Educom, nascido na Baixada Santista e que atua na divulgação da Educação Midiática desde 2018. Destaque para o projeto Memórias em Rede, onde crianças e adolescentes se transformam em ‘repórteres’ para descrever suas experiências de vida. E muitas vezes, a equipe se surpreende com as respostas.

“As crianças têm um elevado potencial, mas em razão da sua vulnerabilidade e fragilidades com relações familiares conflituosas, acabam não sentindo pertencentes ao local onde vivem”, explica Andressa Luzirão, jornalista, professora e educomunicadora, idealizadora do Memórias em Rede.

O público-alvo é formado por alunos da Educação Fundamental II, mas a organização social também realiza um trabalho em parceria com a Casa da Vó Benedita, entidade que abriga crianças e adolescentes em Santos, no litoral paulista, graças a um edital do Conselho Municipal das Crianças e dos Adolescentes de Santos.

Educomunicação

De acordo com Andressa, a educomunicação vai além do uso das mídias nos espaços formais e informais de aprendizagem, mas refere-se também a boa comunicação, com princípios de respeito ao próximo, ética, escuta ativa, sensível e qualificada ao outro. “Com isso, a gente vai dirimindo discursos de ódio e intolerância ao que é diferente, a educomunicação vai desenvolver essas habilidades que deveriam ser natas do ser humano”.

Andressa esteve presente no programa Jornal Enfoque, confira o vídeo

Participação ativa

Dentro da educomunicação, a colaboração faz com que todos sejam importantes, com sua potência criativa contribuindo no desenvolvimento de determinada ação ou projeto.

Assim, a educomunicação busca uma ação educomunicativa que envolva a capacidade do sujeito de expressar, de ter voz, escutar, uma participação efetiva no processo educacional. “A educomunicação contribui bastante para que esse sujeito de forma ativa possa construir seu conhecimento, desenvolver, construir visão crítica, reflexiva e criteriosa a cerca não só das mídias, mas da vida como um todo. Educomunicação busca fazer com que esse sujeito desde infância tenha e exerça sua cidadania”.

 

Tecnologia

A jornalista aborda que a educação midiática estimula e incentiva o aluno a fazer um bom uso das tecnologias digitais, a grande preocupação hoje é porque as relações são mediadas pelas tecnologias. E elas fazem parte da cultura contemporânea, então ela reforça que é preciso educar para mídias, com o bom e adequado uso.

Quem concorda é a secretária da Educação de Santos, Cristina Barletta. “A educomunicação trata do sentido de levarmos para os nossos alunos a necessidade de ir em busca da fonte, educar para essa comunicação. Porque a sensação que a gente tem, às vezes, é que os nossos alunos repassam informações sem critério”.

Desse modo, ela ressalta que é transmitido para alunos do Ensino Fundamental II para que tenham critério e responsabilidade naquilo que compartilham, porque nem sempre a comunicação é feita de forma responsável e as conse-quências podem ser piores. Então, ela menciona a importância de trabalhar com as questões da comunicação, principalmente nas redes sociais.

A secretária aborda que os professores aprendem com os alunos, porque eles sabem mexer com as telas de forma muito mais rápida. “Nós temos os tablets em sala de aula e eu já vi professor perguntando para os nossos alunos ‘- olha aqui, desconfigurou, como é que a gente faz?’ Aí, o aluno vai, configura e é uma troca muito bacana. E isso fortalece o vínculo entre professor e aluno e colabora com o processo de ensino e aprendizagem”.

Cristina esteve presente no programa Jornal Enfoque, confira o vídeo

 

Relações

Segundo Andressa, a Educomunicação contribui para o fortalecimento de boas relações dentro da comunidade escolar, com diversos agentes educacionais que atuam, desde do porteiro a outros funcionários, pois todos têm papel preponderante na formação dos estudantes.

Quando houve o início do projeto “Memórias em Rede” havia a concepção da ideia do projeto, com pré-planejamento que foi construído junto do grupo que ali se configurava, observando as fragilidades nos participantes, como alunos com baixa autoestima, relações frágeis dentro do ambiente escolar, entre aluno e professor, vulnerabilidade no âmbito da família e também o não sentimento de pertencimento ao local em que os alunos moram.

Ela lembra que a partir das práticas foi construída a Metodologia dos Círculos, em que envolvem diversas áreas da Educomunicação como Educação Midiática a partir das histórias de vidas desses estudantes, levando a essência do Jornalismo. “Ao entenderem o que é o Jornalismo, eles vão pouco a pouco ressignificando sua própria história, compreendendo melhor o papel da mídia, a responsabilidade social que eles têm como cidadão e produtores de conteúdo, explica Andressa.

“Em uma das atividades que realizamos,  percebemos a fragilidade entre alunos e alguns agentes educacionais. Quando foram entrevistar inspetor, perguntaram como era escola na época dele, quais memórias tinham. Nesse momento, o aluno parou para ouvir, o jornalista tem que ser bom ouvinte e observador. Assim, o inspetor se sentiu valorizado porque o aluno queria saber a história dele, não tinha quem era mais e menos, duas pessoas compartilhando interesse em ouvir e partilhar o recorte de sua vida”.

 

Trabalho

Andressa menciona que o Instituto Devir Educom, que nasce em razão do projeto Memórias em Rede, trabalha com oficinas uma vez por semana, onde alunos realizam fotografias, vídeos, podcasts, praticam entrevistas, debates para discutir temas usando recursos da mídia.

“Fazemos oficinas de manchetes da semana, em que os alunos trazem histórias de vidas dele, como título jornalístico. Eles vão entendendo o que é o jornalismo por meio da própria história deles. Com isso a gente vai desenvolvendo escuta qualificada e entendendo qual o contexto social onde vivem”.

Atualmente, o projeto ocorre nas UMEs Avelino da Paz Vieira (bairro Vila Nova) e Vinte e Oito de Fevereiro (Saboó), em Santos. Mas, já ocorreu também nas UMEs Mário de Almeida Alcântara (Valongo) e José Bonifácio (Vila Nova) e EE Zulmira Campos (Castelo).

 

Escolas

As jornalistas Eduarda Antunes, Nicolly Placida e Maria Vitória Ferreira apresentaram como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) um projeto de Educomunicação que aborda a história das cidades da Baixada Santista. O produto é um site que chama-se “Explorando a Baixada”.

Nicolly conta que os principais desafios para o trabalho foram trazer as principais ferramentas das mídias sociais para dentro da plataforma, porque necessitou de um estudo e foco no público-alvo, crianças de 9 a 12 anos.

Maria Vitória acrescenta que outro desafio foi que durante as conversas com os professores, elas perceberam que a disputa de tela atualmente é muito grande. “Nóstemos uma grande quantidade de informação e muita das vezes nem sabemos o que fazer com ela e até mesmo as crianças. Elas prestam mais atenção no que está acontecendo no celular e nas redes sociais do que na sala de aula e muitas vezes o conteúdo ministrado é cansativo. Aquele texto enorme, é aquele livro aberto e isso dificulta o aprendizado com essa disputa de tela intensa que temos.”

Eduarda conta que em uma sala de aula na escola Aquarela Arte e Recreação em Santos, onde aplicaram esse método de ensino, elas notaram um grande interesse das crianças. “Nós fizemos um jogo com eles e pudemos ver que realmente deu certo, que eles prestaram atenção, que conseguiram responder às perguntas do jogo e esse conhecimento. Então, realmente é algo muito importante, porque no momento que a gente está com essa grande quantidade de telas, você tem que saber lidar com isso. E a gente precisa levar isso para educação também, para que o aprendizado não se perca”.

Nicolly reforça que nunca imaginaram partir para essa área da Educomunicação, inclusive quando estavam pensando no projeto, pois nem sabiam do termo.

“Conversando com a nossa orientadora, que nós começamos a pesquisar e a entender mais sobre isso. Mas o nosso TCC abriu muitas portas, inclusive nós conseguimos alguns contatos com os professores da banca”.

Maria Vitória comenta sobre o futuro do projeto. “Isso nunca foi algo que a gente pensou que estava na nossa cabeça e nós queremos continuar com o projeto no próximo ano. Nós queremos avançar ainda mais e trazer a história da Baixada Santista cada vez mais para as crianças que moram e que estudam aqui”.

Confira o site “Explorando a Baixada” das jornalistas Maria Vitória, Eduarda Antunes e Nicolly Placida.

Dessa forma, a Educomunicação é de extrema importância não apenas para o desenvolvimento e conhecimento dos alunos, como uma troca de experiência com os professores.

Com diversas informações e o intenso uso das tecnologias nos dias atuais é preciso conscientizar os alunos para o uso adequado e com responsabilidade dessas mídias digitais também no ambiente educacional.

 

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