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Nacional

09 DE JANEIRO DE 2009

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Aglomeração de risco

Eventos públicos de grande porte, comuns no verão, costumam estar mais vulneráveis às confusões e violências generalizadas. O grande número de pessoas que se aglomera para assistir aos espetáculos de grande apelo popular, se expõe com mais facilidade e riscos a atos de vandalismo. A segurança, normalmente reforçada, não consegue evitar determinadas situações e barrar […]

Por: Da Redação

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Eventos públicos de grande porte, comuns no verão, costumam estar mais vulneráveis às confusões e violências generalizadas. O grande número de pessoas que se aglomera para assistir aos espetáculos de grande apelo popular, se expõe com mais facilidade e riscos a atos de vandalismo. A segurança, normalmente reforçada, não consegue evitar determinadas situações e barrar a entrada de pessoas que possam provocar desordem, especialmente após o término dos eventos, quando a aglomeração se espalha pelas vias públicas. E a facilidade da venda de álcool nestes locais potencializa o risco.

Nas últimas semanas, dois acontecimentos foram resultados do acúmulo de multidões  reunidas em eventos específicos. Em Praia Grande, na madrugada do dia 1º, cerca de 1.500 pessoas se envolveram em atos de vandalismo durante a festa de Réveillon da cidade.  Eles danificaram veículos, residências, comércio e orelhões públicos. Nenhum dos detidos pela polícia era morador de Praia Grande.

Dois dias depois, São Vicente também foi vítima de um ato parecido, em menor proporção. Cerca de 800 arruaceiros destruíram vidraças de carros e comércios nas praias do Gonzaguinha e da Biquinha. O grupo teria saído de um show do cantor Belo realizado na praia do Itararé, distante um quilômetro do local. De acordo com a prefeitura, não houve qualquer incidente na apresentação, que terminou às 23h30.

A discussão entre as autoridades é até que ponto os grandes eventos públicos, que atraem milhares de pessoas, garantem a segurança da população, especialmente após o seu término?

Segurança

De acordo com o coronel Sérgio Del Bel, subcomandante do Comando do Policiamento do Interior-6 (CPI-6), responsável pelas cidades da Baixada Santista e Vale do Ribeira, qualquer evento público que reúna um número elevado de pessoas em um local, é desaconselhável. “O entorno do lugar onde se realiza o evento também é problemático, pois demanda um número maior de veículos, ambulantes (que vendem bebidas alcoólicas), linhas de ônibus carregadas, dentre outros fatores. Por isso, pedimos às prefeituras da Baixada Santista que evitem realizar essas programações em lugares inadequados”, orienta, fato nem sempre atendido.

Segundo ele, quando a estrutura é fechada e há venda antecipada de ingressos, é mais fácil evitar tumultos e prováveis confusões. “Quando o local é cercado, mas não há venda de ingressos, as pessoas que não conseguem entrar causam problemas em outros lugares”, acrescenta.

Um exemplo desta situação ocorreu no dia 22 de julho de 2007, na Festa Inverno, no Emissário Submarino,  quando um multidão tentou invadir  o local para assistir aos shows gratuitos, o que obrigou a PM a decidir o fechamento dos portões, em razão da capacidade esgotada do espaço, o que provocou tumulto generalizado do lado de fora, interrompendo o fluxo de veículos até na Avenida Presidente Wilson e imediações. Por decisão judicial, os shows foram proibidos até o término daquela edição do evento. Em 2008, a Prefeitura alterou a proposta da festa e optou em realizar shows menores, a exemplo do que ocorre nas tendas instaladas ao longo da orla da praia nas férias de verão. 

Por estes fatores, Del Bel ressalta que a estrutura fechada e o limite de acesso de pessoas também garante a revista pessoal. “Evitamos que o indivíduo entre com facas, armas e outros objetos desse tipo”, diz o coronel.

São Vicente

Em relação ao tumulto que aconteceu no dia 3 de janeiro, em São Vicente, o coronel confirma que não houve ligação com o show. “São Vicente montou uma boa estrutura. A área onde são realizados os shows está bem definida e cercada, para que não haja invasões. Existe um local para evacuação, caso ocorra algum problema e também o controle de acesso”, analisa.

De acordo com ele, o tumulto começou quando um grupo, que estava alcoolizado, começou a atirar pedras na viatura da polícia. “No local do show havia a venda de bebidas alcoólicas a R$ 1,00. Isso potencializa o consumo exagerado de álcool que, agregado com tumulto, pode gerar confusão”, afirma. “O estilo do show também define o tipo de público”, acresenta.

Em Praia Grande, o elevado consumo de bebidas também contribui para os atos de vandalismo durante a comemoração do Réveillon.  “Tudo começou quando um grupo de pessoas, alcoolizadas, impediam a passagem de carros pela avenida”, conta Del Bel. Na ocasião, cerca de 13 pessoas foram detidas e nenhuma delas era moradora da região. “Sempre que há aglomeração de pessoas, existe o risco de tumulto”, destaca.

Praia Grande acabará com os shows

Os shows na praia que fazem parte da programação especial de verão de Praia Grande estão em sua última temporada.  De acordo com o prefeito da cidade, Roberto Francisco (PSDB), no próximo ano eles serão espalhados pelos bairros. Boqueirão, Cidade Ocean, Vila Mirim e Vila Caiçara serão os locais que receberão os eventos. “Nesses shows, que serão realizados em dias diferentes, teremos um número menor de pessoas, assim o controle e a segurança poderão ser  intensificados e melhorados, evitando tumultos”, diz o prefeito.

De acordo com ele, a idéia era iniciar o projeto neste verão. “Os eventos centralizados nos bairros exigem um número maior de policiais. Não sabíamos quantos efetivos da PM teríamos disponíveis para fazer a segurança dos shows. Não queríamos diminuir o policiamento, por isso optamos em começar o projeto no próximo ano ”, completa Francisco, que tomou posse no último dia 1º de janeiro.

Questionada a respeito dos shows na praia, a Prefeitura de São Vicente, por meio da Assessoria de Imprensa, não quis se pronunciar sobre o assunto.

Santos 

Há alguns anos, a Cidade optou por não realizar shows gratuitos, de grande porte, na orla da praia. “Queremos garantir a segurança do munícipe e evitar os tumultos e atos de vandalismo provenientes desse tipo de evento. Os grandes shows podem ser realizados em espaços fechados, onde há um controle maior,” diz o secretário de Cultura, Carlos Pinto.

A alternativa foi a criação de tendas na extensão de toda a orla que recebe, além de atividades diversas durante o dia, shows noturnos. “Prezamos pela qualidade do atendimento ao turista e ao santista. Para garantir a segurança optamos em realizar ações para um determinado público”, diz a secretária de Turismo, Wânia Seixas. Ou seja, grupos populares que atraiam multidões não fazem parte da programação.

De acordo com eles, o resultado tem sido positivo. “O local também é um espaço de confraternização, o que estimula o turista a retornar a Santos”, comenta a secretária.

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