Ovacionado por sindicalistas, jovens e simpatizantes, que lotaram o auditório do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários de Santos, no litoral paulista, o candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), enfatizou que o Brasil está sendo ameaçado com o avanço das multinacionais ocupando espaços em áreas estratégicas no mercado nacional.
Ele citou o exemplo da Embraer, adquirida pela Boeing, e na exploração do pré-sal, em razão da mudança no regime de cessão onerosa, o que permitiu a ampliação da participação de empresas estrangeiras neste tipo de exploração, antes restrita à Petrobras.
“Estão entregando a Embraer e a Petrobras ao capital externo, que são as últimas potências tecnológicas a qual o Brasil ainda detém”, afirmou Ciro, ex-ministro da Fazenda durante o governo Itamar Franco.
“O Brasil não pode viver apenas das commodities para exportação”, disse.
“Precisamos garantir nossa tecnologia”, enfatizou no auditório do sindicato, cuja lotação máxima contribuiu para a temperatura elevada no ambiente.
A ponto do candidato sair literalmente com a camisa azul totalmente encharcada pelo suor.
Mesmo assim, Ciro não deixou de atender a todos que se aproximavam.
Mesmo a despeito da corrente de seguranças que inibia (e empurrava!) quem tentava uma selfie com o ex-governador cearense e ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula.
Sobre Trump
Em entrevista ao Boqnews na saída do sindicato, Ciro reiterou sua preocupação com as declarações do presidente americano, Donald Trump.
No início da semana, Trump falou a respeito das críticas à relação comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Para Trump, o Brasil leva vantagens nesta relação.
O Governo Federal, por sua vez, disse que a situação não procede.
O superávit americano com o Brasil atingiu U$ 90 bilhões (R$ 360 bilhões) na última década.
“Este é o primeiro anúncio de uma guerra comercial que já começou contra o aço e alumínio brasileiros”, enfatizou.
Ciro lembra que o problema já iniciara com o suco de laranja no passado e vem se avolumando.
“É uma guerra comercial que vai se aprofundar. Será mais uma grave condicionante para a crise atual do Brasil”, vislumbra.
Ciro aproveitou para criticar tanto Jair Bolsonaro (PSL) como Fernando Haddad (PT) sobre o assunto.
“Bolsonaro é um entreguista completo. Se ele tivesse algum compromisso, ele teria falado qualquer coisa contra a entrega e a compra da Embraer pela Boeing. Só eu falei”, enfatizou.
“Nem o (Fernando) Haddad falou, o que é uma vergonha”, disparou.
Pesquisas
Terceiro colocado nas últimas pesquisas Ibope e Datafolha, Ciro enfatizou que pedirá votos até às 17 horas do próximo domingo (quando se encerram as votações).
“Queremos oferecer um projeto para semear a esperança. Tenho que ser presidente para salvar o Brasil”, enfatizou.
“Esta polarização extrema (entre petistas e anti-petistas) só irá desagregar o País”, disse.
Após Santos, o candidato participou de ato junto a trabalhadores da indústria automobilística em São Caetano do Sul, no Grande ABC.