As notícias recentes, do ponto de vista do mercado acionário, não são agradáveis para as grandes construtoras brasileiras, especialmente aquelas voltadas para o mercado habitacional. Segundo o noticiário especializado em economia, as ações das construtoras vêm registrando queda em 2011.
As causas, segundo os analistas, são principalmente o aumento dos custos, sobretudo da mão de obra, combinado com inflação mais alta, aumento dos juros e a saída do investidor estrangeiro do setor. Empresas líderes do setor, como Gafisa, PDG Realty e MRV Engenharia tiveram queda anual no valor de suas ações de 17,19%, 10,83% e 18,07%, respectivamente. Outras empresas renomadas, como Rossi, Brookfield, Even, Direcional e Cyrela também tiveram queda, em maior ou menor grau.
Há fatores sobre os quais as construtoras não têm como influir, ao menos no curto prazo, entre eles o aumento dos juros e a saída dos investidores estrangeiros do setor. Mas há outros em que é possível atuar no sentido de diminuir custos com materiais e mão de obra, itens apontados como os principais para o descompasso entre a previsão inicial e o custo final de uma obra, que está empurrando as margens de lucro para baixo.
O sistema construtivo com elevado grau de industrialização, como o que utiliza a alvenaria estrutural com blocos de concreto, tem vantagens inegáveis nesse sentido. Estudos realizados por especialistas em construção com alvenaria de renomadas universidades brasileiras, como a Politécnica da USP, Universidade Federal de São Carlos-SP, Federal do Rio Grande do Sul, entre outras, comprovam que a alvenaria estrutural com blocos de concreto permite reduzir o custo das obras em até 30% (em torres de até quatro pavimentos) e 15% (em torres com 20 pavimentos), com ganhos ambientais, por praticamente não gerar rejeitos de canteiro e quase não utilizar fôrmas e escoras de madeira.
Em relação à mão de obra, as vantagens do sistema construtivo com blocos de concreto estruturais são enormes: por não precisar erguer a estrutura – pilares e vigas, combinado ao emprego de lajes pré-fabricadas de concreto -, esse sistema utiliza menos mão de obra especializada em etapas que consomem tempo, portanto dinheiro; e a velocidade que os operários treinados por entidades como o Senai, por exemplo, imprimem às obras, resulta em custos menores. Essa diminuição de custos é global: são menos etapas (a estrutura já é a vedação) o que, portanto, exige menos operários, diminuindo a folha de pagamento e dos custos correlatos, como alojamentos, vale-refeição, vale-transporte, entre outros benefícios.
Mas é fundamental, para obter melhores resultados, que os construtores e incorporadores invistam na melhoria da gestão da produção. A gestão da obra precisa ser otimizada e modernizada, com melhorias na logística, recorrendo à mecanização intensiva das atividades, e no treinamento e capacitação da mão de obra. Assim, somando as vantagens do sistema construtivo com alvenaria estrutural com blocos de concreto às otimizações de gestão, pode-se obter ganhos expressivos: trabalhos de pesquisadores recentemente divulgados mostram que empresas com logística e gestão eficientes, têm índice de quebras de blocos de concreto de 0,5%. Há empresas menos eficientes nessas áreas que chegam a ter perda de 15% dos blocos de concreto, por quebra decorrente de falta de cuidado e planejamento na recepção, armazenamento, transporte na obra e no uso para o assentamento das paredes.
Em tempos de mão de obra escassa e cada vez mais cara, em virtude do aquecimento do mercado, a otimização da gestão permite explorar ao máximo as vantagens competitivas do sistema construtivo com blocos estruturais de concreto, que podem fazer a diferença entre apostar no prejuízo ou ter obras de qualidade e oferecidas a preços competitivos no mercado imobiliário, preservando as margens de lucro de construtoras e incorporadoras.
*Carlos Alberto Tauil é arquiteto e consultor técnico da BlocoBrasil (Associação Brasileira dos Fabricantes de Blocos de Concreto)