A vitória do candidato pelo Partido Republicano Donald Trump às eleições presidenciais dos Estados Unidos, na madrugada desta terça-feira (9), surpreendeu parte dos brasileiros. Nas redes sociais, pode-se ver muitos comentários demonstrando insatisfação ao resultado eleitoral, no qual a ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, do Partido Democrata, foi derrotada.
Esta decepção por parte dos brasileiros, de acordo com o professor e coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Santos (Unisantos), Fabiano Lourenço de Menezes, é resultado do discurso xenofóbico de Trump no período eleitoral.
“Foi um processo eleitoral muito baixo. A marca de Trump era muito pesada. Achávamos que todo o discurso de Trump não pegaria bem aos norte-americanos, tanto que o resultado das eleições surpreendeu”, destaca. “Depois de ter ganhado as eleições ele mudou aquele discurso para um de cooperação, igualdade… completamente diferente do anterior. Acredito que ele não será muito radical, até porque o presidente tem o poder de fazer muitas coisas, mas não sozinho, ele depende do congresso”.
Para o especialista ainda é cedo para analisar o que a vitória de Trump interferirá aos imigrantes brasileiros, principalmente àqueles que habitam no país de forma ilegal. “Este já é um medo enraizado nos imigrantes ilegais. Sempre que tem mudança de governo eles ficam com medo. Acredito que ele não irá expulsar os ilegais, porque em sua maioria esses imigrantes ocupam empregos que os norte-americanos não querem”, salienta.
Veja depoimentos de santistas que moram nos Estados Unidos
Mayra Ramos Kawamoto, jornalista e empresária – há quatro anos nos EUA
“Acho que ainda é muito cedo para dizer o que vai mudar. Eu moro legalmente no Estados Unidos, trabalho, tenho a minha empresa e pago taxas como todo trabalhador. De qualquer forma, acredito sim que possa haver uma mudança não muito agradável para quem está ilegal ou está em processo de legalização no país.
Muitos republicanos não gostam do Trump. Mas muitos odeiam a Hilary, pois ela é corrupta. As pessoas não votaram no candidato que mais gostavam, mas sim no candidato que menos odiavam.”
Murilo Bedaque, estudante – há um ano nos EUA
“A Vitória de Donald Trump foi uma coisa inesperada por todo mundo. Os jornais, principalmente, faziam um suspense porém já acreditavam em uma vitória de Hillary.
Acredito que agora as coisas irão mudar radicalmente aqui no EUA, tanto para quem futuramente queira tirar um visto para vir visitar o país, quanto aos milhares de brasileiros que estão aqui, principalmente os ilegais. Ontem, o país literalmente parou para acompanhar as apurações. Mas agora é esperar para ver se tudo o que ele disse em discursos ele irá colocar em pratica.”
Visão americana
A empresária Cynthia Quimby, deixa claro que nunca gostou de Trump, mas que acredita que a eleição foi resultado da dor que muitos americanos vem passando nos últimos anos.
“Donald Trump fala sobre problemas relacionados à empregos e a classe média americana. Ele entende que muitas pessoas estão ficando desempregadas e fala sobre isso com propostas sérias de mudança. Famílias estão vendo seus planos de saúde ficarem mais caros, mas a qualidade está inferior. Para muitos americanos que estão passando por problemas financeiros, ele foi o único candidato que colocou propostas de melhoria e parece realmente se preocupar com isso. Todas essas pessoas não são racistas, misóginos e intolerantes. Embora eu não concorde com tudo o que ele representa, espero que ele realmente lute pelos cidadãos esquecidos como presidente dos Estados Unidos”, declara.
Sobre Trump
Nascido em 14 de junho de 1946 no bairro nova-iorquino do Queens, Trump é o quarto dos cinco filhos de Fred Trump, um construtor de origem alemã, e Mary MacLeod, uma dona de casa de procedência escocesa. Casou-se em 2005 com Melania Trump. Antes disso, ele foi casado e se divorciou de Maria Trump e Ivana Trump. Com Melania, tem um filho chamado Barron. Com Maria, a filha Tiffany, com quem se reconciliou recentemente, depois de um relacionamento conturbado. Com Ivana, ele tem três filhos, Eric, Ivanka e Donald, que ocupam funções de comando em suas empresas.
Fred Trump morreu aos 93 anos, em 1999, deixando para Donald uma fortuna de US$ 250 milhões. Porém, os biógrafos consideram que Donald Trump já era milionário 20 anos antes, quando iniciou a compra de vários edifícios em Nova York. Essa foi uma fase ascendente da vida do empresário porque ele comprou, em 1983, um antigo prédio que depois se transformou no Trump Tower, e também o Trump Plaza, e vários cassinos em Atlantic City, no estado de Nova Jersey.