Cortes de árvores em terreno no Gonzaga mostram necessidade de revisão de lei | Boqnews
Corte de árvores em terreno onde será erguido empreendimento imobiliário no Gonzaga. Foto: Divulgação

Polêmica

08 DE DEZEMBRO DE 2022

Siga-nos no Google Notícias!

Cortes de árvores em terreno no Gonzaga mostram necessidade de revisão de lei

Palmeiras foram retiradas de terreno onde será construído empreendimento. Lei precisa ser alterada, reconhece secretário de Meio Ambiente de Santos

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

A poda de seis palmeiras Caryota urens (popularmente conhecidas como rabo-de-peixe), além de dois replantios de palmeiras Trianda, ambas exóticas, de origem asiática, em um terreno na Rua Galeão Carvalhal, no Gonzaga, onde outrora funcionara uma agência bancária, mostra a necessidade de revisão da atual legislação sobre o tema.

Afinal, hoje a cada árvore retirada na Cidade há a necessidade de replantio de outras 10.

No entanto, a legislação não se leva em consideração o tempo de existência da espécie derrubada.

O Boqnews apurou que a empresa recebeu a licença para retirada das palmeiras.

Ou seja, o ato registrado por imagens de internautas está dentro da legislação existente, no caso a lei municipal 973/2017.

A legislação trata exatamente sobre o manejo da vegetação do Município, inclusive para terceiros.

Dessa forma, duas árvores chegaram a ser transplantadas.

Mas as outras retiradas receberam compensação conforme a lei, com plantio de 10 árvores para cada unidade derrubada.

Ao todo, 120 árvores (mudas) foram replantadas no Bairro do Macuco.

Portanto, pelo menos 12 árvores, inclusive palmeiras– várias  com mais de 15 anos de existência – não integram mais a paisagem do local.

No entanto, o que se questiona é que uma árvore demora anos e até décadas para crescer.

No entanto, conforme a lei, pode ser substituída por mudas, ainda que em um volume 10 vezes maior.

Esta polêmica é antiga e até agora nada mudou.

Ocorreu quando das obras da entrada de Santos e também nas da segunda fase do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, motivando revolta e questionamentos de munícipes, com reclamações nas redes sociais.

No final, árvores com décadas de existência foram derrubadas em prol do suposto progresso, ainda que obras públicas.

Dessa vez, a polêmica também chega a um empreendimento particular.

Nas redes sociais

Diante da polêmica, a ação privada ganhou as redes sociais.

A psicóloga Mariangela Fortes, por exemplo, filmou o corte e questionou.

“Ah, eles vão fazer a compensação… oras, onde e com que árvores? Com ipês do Horto? Existem várias maneiras de tê-las tirado daí e replantado em outros canteiros, mas para que este trabalho, né?

 

Em seu post, o arquiteto Marcos Piffer também lamentou o corte.

Na imagem, registrou a “retirada de seis palmeiras imperiais”, colocadas lado a lado.

“A desculpa de sempre, a de que foi realizada uma compensação com o plantio de mudas, é inaceitável e pífia”, resumiu.

Necessidade de mudança

O secretário de Meio Ambiente de Santos, Marcos Libório, reconhece que há necessidade de mudança na atual legislação.

“A lei precisa ser revisada. Estamos trabalhando nisso”, destacou.

“Nossa proposta é que os projetos priorizem a manutenção das árvores existentes”, acrescentou.

No entanto, ressalta Libório, o processo de retirada e corte das espécies no empreendimento ocorreu dentro da legislação atual, que necessita de urgente revisão, como reconhece o secretário.

“Esse debate serve para qualquer obra. Não somente nesse caso. Porém, as construtoras buscam otimizar a ocupação optando pela retirada das árvores. Por ser propriedade particular e atendendo a lei de arborização não temos como exigir além disso”, enfatizou.

Conforme a Semam, as seis palmeiras retiradas estavam em estágio final de vida, não sendo indicado o replantio.

Já as duas replantadas eram mais jovens e o replantio foi feito na Ponta da Praia.

A lei ambiental municipal (nº 973) determina que para cada árvore retirada outras 10 sejam plantadas.

No caso mencionado, a Secretaria de Meio Ambiente (Semam) propôs o dobro, ou seja, 20 árvores para cada supressão, totalizando 120 plantios, 93 dos quais já foram feitos, todos no Macuco e imediações, por ser um bairro com baixo índice de arborização.

Valores

A questão central é o custo entre plantar uma árvore (muda) ou o replantio de uma unidade já existente.

Dados de 2022 no site CronoShare mostram exatamente a discrepância de valores.

Enquanto o custo para plantio de uma árvore pequena varia de R$ 90 a R$ 390, o replantio de uma árvore grande varia de R$ 1.149 a R$ 5 mil.

Ou seja, até 10 vezes mais caro. E por árvore retirada.

Além dos custos com jardineiros, agrônomos e toda estrutura para o replantio.

Portanto, sai muito mais barato substituir as árvores por mudas do que buscar a sobrevivência das espécies.

Recentemente, a prefeitura fez a retirada de coqueiros entre os canais 5 e 6, que corriam o risco de cair em razão da diminuição da faixa de areia.

Medida correta, aliás, que deveria ser também ampliada para a iniciativa privada e também no caso das obras do VLT.

Mas isso só será possível com a mudança da legislação atual.

Árvores que corriam o risco de cair foram retiradas da faixa de areia na praia, entre os canais 5 e 6, e levadas ao José Menino. Foto: Divulgação/PMS

Outro lado

Procurada por e-mail (único contato com a empresa), a Construtora Patriani, de São Paulo, não respondeu até o fechamento desta reportagem.

O conteúdo será acrescido tão logo a empresa se pronuncie, caso queira.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.