A ação envolvendo pelo menos 13 guardas municipais para impedir que o artista de rua, o violinista santista, Robson Peres, tocasse em frente a estabelecimentos comerciais no Gonzaga na última terça-feira à noite (18) será ‘o divisor de águas’ para a implantação de uma legislação sobre o trabalho dos artistas de rua na Cidade.
E assim definir normas e locais para a prática de atividades artísticas em locais públicos.
A afirmação é do secretário de Cultura de Santos, Rafael Leal.
Assim, já está programada provavelmente para a próxima quarta-feira (19) uma reunião com o músico, representantes do Conselho Municipal de Cultura e com o vereador Benedito Furtado (PSB) para discutir pontos para regulamentar a participação de artistas de rua em Santos.
O secretário de Segurança, Sérgio Del Bel, também deverá ser convidado – ele ainda não recebeu o convite.
“O município precisa estimular o artista de rua. É o DNA da nossa cidade”, enfatiza Leal.
“Vamos fazer deste episódio um divisor de águas. Tenho certeza disso!”, acrescenta.
Aliás, a ideia é tomar como referência legislações já existentes sobre o assunto tanto na Capital como em Ribeirão Preto, no interior paulista.
Por sua vez, Cidade que registrou um grave caso de violência contra um artista de rua em maio último
Segurança
Opinião semelhante tem o secretário de Segurança, Sérgio Del Bel, responsável pela Guarda Municipal.
Ele também defende a regulamentação de uma legislação específica para os artistas de rua para evitar episódios como o ocorrido na última terça.
Mesma opinião tem o vereador Furtado.
“A prefeitura deve ser desculpar com o rapaz”, salienta.
“É uma perseguição a artistas de rua de alguns segmentos da Cidade”, lamenta.
Furtado reconhece que tanto Leal como Del Bel tem a mesma visão visando a regulamentação das atividades dos artistas de rua na Cidade.
Afinal, em algumas situações, há riscos para os artistas e terceiros, como os malabaristas que usam fogo ou facas em frente aos semáforos, destaca Del Bel.
Calçada
Na última terça (18) à noite, o músico foi abordado por guardas municipais por tocar em frente a estabelecimentos comerciais na Avenida Floriano Peixoto.
Ao todo, 13 GMs, conforme imagens divulgadas nas redes sociais do músico, participaram da ação.
Não houve violência, mas o elevado número de homens no local chamou a atenção de quem passava pela via.
Robson estava tocando em frente a um estabelecimento, mas foi abordado pela funcionária que chamou a Guarda Municipal.
Para evitar confrontos, ele optou em atravessar a rua em direção à calçada do shopping Miramar, no Gonzaga.
E assim, segundo ele, uma segurança do shopping foi reclamar para a GM, provocando a aglomeração da Guarda Municipal.
“Nem tinha começado a tocar. Em meia hora, tinha uns 15 guardas no meu entorno. O negócio ficou tenso”, relembra.
Com a recusa de sair do local e ameaçado de ir à delegacia em nova queixa, Robson concordou em ficar em outro canto da calçada.
O shopping informou que não irá se pronunciar sobre o assunto e apenas citou que esta foi a sétima ocorrência já registrada em relação ao profissional.
Ao lado do seu violino, Robson Peres toca há quase uma década em frente a comércios do Gonzaga, onde tira seu sustento e para seus dois filhos.
Dessa maneira, nas redes sociais, a ação reverberou.
Assim, somente no Instagram do músico, com 7.960 seguidores, já são 1.730 curtidas e 625 comentários.
Vide o vídeo.
https://www.facebook.com/watch/?v=247739294859848
Prefeitura
Em nota, a prefeitura de Santos informou que o número de guardas e viaturas atendeu ao procedimento padrão de segurança para primeira abordagem dos fatos.
De acordo a ocorrência – denúncia de perturbação da ordem pública por som alto – e o local, no caso, via e comércio com grande fluxo de pessoas.
Assim, outros guardas que faziam ronda de rotina nas imediações também se dirigiram ao local, mas logo voltaram ao patrulhamento.
Ao chegar ao local, o efetivo da GCM fez a intermediação do diálogo entre um representante do shopping (denunciante) e o artista, que usava uma caixa de som amplificada ligada.
No entanto, informa a nota, não houve nenhum tipo de ação truculenta e/ou necessidade de condução das partes envolvidas às autoridades policiais.
Dessa forma, após orientação da GCM para diminuir o volume do som da caixa, o artista optou – por livre e espontânea vontade – deixar o local.
No entanto, Peres nega, pois disse que ficou em outro trecho da calçada.
A Secretaria de Cultura, juntamente com o Conselho de Cultura de Santos, já marcou uma reunião, para próxima semana, com o músico Robson Peres.
Assim, no encontro, no qual também estarão presentes representantes da Câmara Municipal de Santos, terá como pauta a discussão conjunta para a regulamentação da atuação destes trabalhadores da cultura.
Por sua vez, assegura, a Prefeitura de Santos mantém o compromisso de estimular e garantir que a arte e a cultura estejam em todas as partes da Cidade, mantendo viva a tradição de Santos de ser um celeiro de artistas das mais variadas vertentes.