Dados do IBGE tornam Santos o espelho demográfico do Brasil de amanhã | Boqnews
Santos tem indicadores que a colocam como a cidade mais feminina do Brasil, em termos proporcionais. Além disso, tem o maior índice de envelhecimento entre cidades com mais de 50 mil habitantes. Foto: Divulgação

Censo 2022

27 DE OUTUBRO DE 2023

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Dados do IBGE tornam Santos o espelho demográfico do Brasil de amanhã

Santos é a cidade mais feminina do Brasil e com maior relação da população idosa e jovem entre cidades com mais de 50 mil moradores

Por: Fernando De Maria

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Santos, no litoral paulista, é um bom exemplo do Brasil de amanhã.

Afinal, dados divulgados pelo IBGE referente ao Censo 2022, mostram vários pontos onde a cidade litorânea já está à frente.

Como o avanço das mulheres em relação aos homens, aumento da idade mediana (média que separa a metade mais jovem da metade mais velha) e incremento do índice de envelhecimento.

Por exemplo: o total de pessoas com 65 anos ou mais no país (22.169.101) chegou a 10,9% da população, com alta de 57,4% em relação a 2010.

Na ocasião,  esse contingente era de 14.081.477, ou 7,4% da população.

Em Santos, a população acima de 65 anos já representa 18,7% – ou seja 8  pontos percentuais acima  da média nacional.

Não é a toa que a idade mediana (média que separa a metade mais jovem da mais velha da população) chega a a 42 anos, a mais elevada no Estado de São Paulo – empatando com São Caetano do Sul.

No entanto, na cidade do Grande ABCD o índice de envelhecimento é menor que em Santos: 84,09.

Portanto, Santos tem um índice bem acima da média e o maior entre as cidades com mais de 50 mil habitantes.

Uma das líderes neste quesito é União da Serra (RS) com média de 53 anos.

Outros dois municípios gaúchos têm idades semelhantes: Monte Belo do Sul e Três Arroios.

Aliás, o Rio Grande do Sul é o estado com a maior idade mediana: 38 anos – mas abaixo do que Santos, por exemplo.

População idosa foi uma das mais afetadas pela pandemia. Vacinação foi fundamental.

Covid-19

E este número de idosos em termos proporcionais seria ainda maior se não fosse a Covid-19.

Afinal, o município do litoral paulista registrou elevado índice de letalidade pela doença, especialmente pelo fato da elevada concentração de idosos morando na Cidade.

Afinal, a doença foi a mais letal justamente nas faixas etárias mais elevadas.

Aliás, em 2010 – a população acima de 65 anos representava 19,2%, com 80.657 santistas.

No Censo de 2022, eles chegam a 78.420 moradores – ou seja 18,7%.

Uma diferença de 2.237 santistas acima dos 65 anos – justamente a faixa etária mais atingida pela pandemia.

Santos registrou 2.668 óbitos pela Covid, com taxa de letalidade de 3,1%, maior que cidades como Campinas, São José do Rio Preto, entre outras, com população bem maior.

Portanto, se não fosse a trágica doença, certamente Santos não teria recuado em números da população na comparação entre os censos.

De 419.400 em 2010 para 418.608 para 2022.

Mais dados

Se levarmos em consideração a faixa etária entre 60 a 64 anos (pré-idoso para o IBGE), os santistas que se encontram nesta faixa etária impressionam.

Eram 21.440 em 2010 e agora 27.097 – ou seja, 5.657 santistas a mais – alta de 26,4%

Se levarmos em consideração a inclusão da população acima de 60 anos, pode-se afirmar que hoje um em cada 4 santistas é considerado idoso (25,2%).

Em 2010, este índice era de 24,3%.

Assim, Santos é, proporcionalmente, a cidade com maior número de população com índice de envelhecimento do Brasil – entre as cidades com mais de 50 mil habitantes.

Os dados foram verificados pelo Boqnews ao longo dos 5.568 municípios brasileiros.

Uma outra curiosidade chama atenção, conforme os dados do IBGE.

Em 2010, não foram registradas pessoas acima de 100 anos na Cidade.

Desta vez, são 16 homens e 91 mulheres.

Idosos acima de 60 anos já representam 1/4 dos santistas, bem acima da média nacional. Foto: Divulgação

Idosos x menores

Outro indicador importante é a relação entre idosos (pessoas acima de 65 anos) em relação aos menores de 14 anos.

Afinal, o Município viu esta relação se alterar substancialmente em pouco mais de uma década.

Afinal, em 2010, eram 66.138 crianças contra 58.781 idosos – uma relação de 88,8 idosos para cada grupo de 100 crianças.

Agora, o cálculo se inverteu – e com sobra.

São 60.370 crianças de zero a 14 anos (contra 66.138 em 2010, uma queda de 8,7%) e 78.420 idosos contra 58.781 em 2010 – alta de 33,4%.

Com esta alteração na balança, hoje Santos tem mais idosos que crianças nascendo em uma proporção de disparidade crescente.

Ou seja, são 129,9 idosos para cada grupo de 100 crianças.

Afinal, o aumento da população de 65 anos ou mais somado com a diminuição da parcela da população de até 14 anos no mesmo período – que passou de 24,1% para 19,8% – revelam o envelhecimento crescente da população brasileira.

Em Santos, as crianças representam 14,4% do total de moradores – ou seja, 5,4 pontos percentuais a menos que a média nacional.

No Brasil, o índice chegou a 55,2 em 2022, indicando que há 55,2 idosos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.

Em 2010, o índice de envelhecimento era menor, correspondendo a 30,7.

Isso sinaliza mudanças nas políticas públicas, com maior atenção à terceira idade, especialmente entre as mulheres.

Foto: Arte Mala

Outras faixas etárias

Outra curiosidade é que se no Censo de 2010 as faixas etárias populacionais com maior número de santistas estava na casa de 25 a 29 anos (33.313 pessoas), hoje a maior concentração está entre aqueles entre 40 a 44 anos (34.224 santistas).

Além disso, no Brasil a idade mediana subiu de 29 anos para 35 anos – em Santos, são 7 anos a mais – 42 anos.

Aliás, entre as cidades da Baixada Santista (vide quadro), apenas Bertioga e Cubatão tem uma idade mediana abaixo no País.

Em Guarujá, o índice é o mesmo do Brasil.

Participação feminina é cada vez maior em Santos, chegando a quase 40 mil mulheres. Foto: Divulgação/Arquivo

Maior cidade feminina

Outra curiosidade no levantamento divulgado hoje pelo IBGE mostra que Santos é a cidade mais feminina do Brasil, título que já tinha obtido no censo de 2010 – de forma proporcional, é claro.

No Brasil, o número de homens em relação ao grupo de 100 mulheres é de 94,2.

Ou seja, 94,2 homens para cada 100 mulheres – apesar de nascerem mais crianças do sexo masculino.

Isso mostra que a tendência histórica de predominância feminina na composição por sexo da população cresceu.

Afinal, em 1980, eram 98,7 homens para cada 100 mulheres; em 2010, 96,0.

Em Santos, a proporção é de 82,89 – a maior do Brasil.

Ou seja, para cada 100 mulheres existem 82,89 homens.

E ainda: de cada 100 santistas, 55 são mulheres – portanto 55% da população santista é feminina.

Em números, uma diferença de 39.154 pessoas.

Se fosse uma cidade exclusivamente habitada por mulheres, ela seria a 162ª  mais populosa de São Paulo.

O Boqnews apurou que a proporção encontrada em Santos é a maior do País entre os  5.568 municípios.

Portanto, isso a torna como a cidade  mais feminina – em termos proporcionais – do Brasil.

Algumas cidades chegam próximo a esta proporção, a ampla maioria formada por capitais.

Casos de Belo Horizonte (86,77 homens para cada 100 mulheres), Olinda (PE), com 84,89; Recife (PE),  com 84,87; Salvador (BA), 83,81; Fortaleza (CE),86,57.

E ainda: Vitória (ES), 86,18; São Luís (MA), 87,23; Aracaju (SE), 84,81, entre outros.

 

Sexo x grupos etários

Para concluir o porquê Santos antecipa uma tendência nacional que será corroborada nos próximos censos nacionais é que a razão de sexo por grupos etários no Brasil e nas grandes regiões mostra uma maior proporção de homens na população com até 19 anos de idade, partindo de 103,5 homens para cada 100 mulheres na faixa de 0 a 4 anos.

Em Santos, a população até 19 anos totaliza 83.349, sendo 42.448 homens e 40.901 mulheres.

Assim, a partir dos 20 anos, o cenário se altera – como ocorre no Brasil.

Entre 20 a 24 anos, são 12.330 homens e 12.633 mulheres.

“A maior incidência de homens nas primeiras idades é uma consequência do maior nascimento de crianças do sexo masculino em relação àquelas do sexo feminino. O maior contingente de homens diminui com a idade devido à sobre mortalidade masculina, mais intensa na juventude devido às mortes por causas externas”, explica gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Izabel Marri, em entrevista ao portal do IBGE.

Confira detalhes da pesquisa aqui

 

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