Ao contrário das tradicionais coletivas sobre as ações do governo do Estado, sempre iniciadas às 12h45, as autoridades tucanas mudaram o foco nesta sexta (14).
Ao invés de termos como Covid, Butanvac e Coronavac, as atenções e discursos se voltaram à filiação do vice-governador Rodrigo Garcia ao PSDB, ex-DEM.

Rodrigo Garcia: chegada ao PSDB altera discussão eleitoral
E isso provocou o efeito cascata com o pedido de desfiliação do ex-presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, outro ex-demista.
O PSD, de Gilberto Kassab, deverá recebê-lo de braços abertos. Mas o PSDB também.
De qualquer forma, vale lembrar que Kassab foi – sem ter sido – secretário-chefe da Casa Civil licenciado durante o governo Doria por quase 500 dias.
Às vésperas de sua posse, em 2018, uma operação da Polícia Federal o colocou como suspeito de receber da JBS a quantia de R$ 58 milhões.
Dessa forma, foi colocado na geladeira e nunca assumiu o poderoso cargo.
Mas voltando ao DEM, as saídas provocaram a ira pública e troca de farpas entre Maia e o presidente do DEM, ACM Neto.
Tudo em tempo de redes sociais.
Ou seja, acusações apenas virtuais para delírio da mídia ávida por tais acusações e bate-bocas virtuais.

João Doria: chegada de Rodrigo Garcia ao PSDB confirma sua disposição para disputar a presidência da República e provoca a ira do presidente do DEM. Foto: Divulgação
Rindo à toa
Enquanto isso, em São Paulo, de forma presencial – e virtual – o governador João Doria ria à toa.
Afinal, a filiação de Garcia fora capaz de literalmente ‘bagunçar o coreto’ entre os partidos de centro.
E assim, fortalecer seu nome como a melhor opção para evitar a polarização Bolsonaro e Lula, como a mídia – e as pesquisas – tem colocado até o momento.
Com transmissão ao vivo nas redes sociais e praticamente no mesmo horário das tradicionais coletivas realizadas no Palácio dos Bandeirantes – aliás, não realizadas hoje – o ato político serviu também para esquentar os bastidores políticos paulistas.
O ato político durou mais de 2 horas (confira o vídeo abaixo).
https://www.facebook.com/PSDBSP/videos/894611684720251
Outros partidos
Assim, a participação de integrantes de outros partidos que prestigiaram a filiação, como a do deputado Paulo Pereira da Silva, do Solidariedade; Arnaldo Jardim, do Cidadania, e integrantes do Progressistas e MDB são sinais claros deste arco de alianças que começa a ser construído.
Tais partidos tendem a caminhar juntos com Garcia, agora o provável candidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes.
Sem contar, é claro, o PSD, de Kassab, sempre um aliado importante – e com tempo de TV.
Além disso, a entrada de Garcia no ninho tucano sinaliza claramente que o governador João Doria sairá mesmo candidato à presidência da República.
E assim, abrirá espaço para Garcia sucedê-lo, caso seja desejo dos eleitores paulistas, é claro.

Geraldo Alckmin: fica ou não no PSDB?
Geraldo Alckmin
Estranhamente, alguns nomes, como o presidente do PSDB, Bruno Araújo, sequer citaram o nome do ex-governador Geraldo Alckmin, que tem pretensões de concorrer novamente pelo partido em São Paulo a qual foi governador paulista por quatro vezes – e candidato à Presidência por duas.
No entanto, para isso ocorrer, Alckmin terá que passar por uma prévia, disputando espaço com o recém-chegado Garcia.
Sabe que tem chances bem remotas de sucesso.
Hoje, Doria está com as cartas na mão no ninho tucano paulista.
Sem espaço no governo, com a saída de Garcia, porém, o DEM quer dar o troco e tenta convencer o ex-governador Alckmin a mudar de lado.
Por sua vez, seu ex-vice, Márcio França, que dá as cartas no PSB em São Paulo, tenta atrai-lo para retomar a dobradinha feita em 2014/2018, quando Alckmin saiu à presidência e permitiu que França governasse o estado por oito meses.
Ao contrário de 2014, hoje o PSDB e PSB não se bicam. Literalmente.
Vale lembrar que tucanos e pombos não são afeitos a bicadas mútuas.
Pelo menos no mundo animal.
Já no universo político…
Deixe um comentário