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Opiniões

10 DE JUNHO DE 2017

O homem que sabe demais

Por: Fernando De Maria

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O título acima remete a um dos clássicos de Alfred Hitchcock onde um médico (James Stewart) e sua família se envolvem em uma trama internacional de assassinato, quando ele ouve de um homem algumas palavras, suficientes porém para que conspiradores resolvam sequestrar seu filho para impedi-lo de denunciar a trama à polícia.

Independente do tempo do verbo do título do filme (1956) e do enredo ser um pouco diferente da atualidade é inegável que o atual homem que sabe demais chama-se Rodrigo Rocha Loures, 50 anos, vice-tesoureito do PMDB e ex-assessor direto do presidente Michel Temer.

O Governo tentou em vão blindá-lo. Mas Loures acabou sendo surpreendido com a prisão, após o retorno do deputado Osmar Serraglio do Ministério da Justiça para a Câmara Federal. De volta à suplência, Loures teve a prisão aceita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, e agora vive dias de angústia atrás das grades, justamente sem poder curtir o nascimento do seu filho, cuja esposa está grávida de 8 meses.

A pressão psicológica que paira sobre o amigo do presidente é enorme. Preso no complexo da Papuda, em Brasília, Loures divide uma cela de 25 metros quadrados com outros oito detentos. O homem da mala de R$ 500 mil dada pela JBS, conforme indicam imagens gravadas e o que o levaram à cadeia, está temeroso.

Nem suas longas madeixas, pedido dos seus advogados para serem mantidas, deverão cobrir-lhe mais a cabeça inquieta que indaga: irei delatar ou não?

A dúvida shakespeariana do ex-vice-tesoureiro do PMDB é o ponto central sobre o futuro de Michel Temer. Afinal, junto ao TSE – Tribunal Superior Eleitoral, a chapa Dilma-Temer sairá ilesa. Até o PSDB, autor da ação, hoje já não tem tanto interesse em levar a proposta adiante, especialmente após o envolvimento nas denúncias da JBS sobre o pagamento de propina ao presidente licenciado do partido, senador Aécio Neves, e o fato do PSDB ser aliado – até quando? – do Governo.

Afinal, está claro que o presidente do TSE, Gilmar Mendes, parece ter conseguido cooptar a maioria dos seus pares para desconsiderar as delações da Odebrechet, que não estariam presentes na petição do partido, sepultando o trabalho do relator Herman Benjamin sobre a cassação da chapa Dilma-Temer. Tal atitude representa um tapa na cara da sociedade, pois está evidenciado o lobby de Mendes para colocar panos quentes neste ponto crucial sobre o futuro daNação.

Diante desta realidade, o único empecilho para o presidente chama-se Loures. Se o homem que sabe demais abrir a boca, novidades se tornarão públicas. Resta saber qual o caminho a seguir: optar pelo silêncio ou pela delação premiada? O tempo na prisão será o determinante para o ex-parlamentar fazer a sua escolha.

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