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Opiniões

23 DE ABRIL DE 2010

Vulnerabilidade social

Por: Fernando De Maria

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Os recentes episódios de violência ocorridos, especialmente, em Guarujá, São Vicente e na periferia de Santos na  última semana, provocando a morte de 15 vítimas, a maioria jovens, além de atentados contra cidadãos comuns e policiais, serve como alerta para uma realidade cada vez mais presente em razão da extrema desigualdade social da região. 
Trata-se de uma guerra urbana, que, infelizmente, não supreende em razão da vulnerabilidade social que a região está exposta, fruto de ocupações descontroladas, alimentadas por interesses políticos e econômicos vis que ajudaram a construir este cenário de desigualdade social cada vez mais latente.
Estudo realizado pela Fundação Seade sobre a vulnerabilidade social no Estado sintetiza as diferenças sociais gritantes existentes na região, onde Santos acaba se tornando uma ‘ilha de excelência’ em relação aos municípios vizinhos.
Para se ter uma ideia, 46,2% da população de Guarujá vive em locais de ‘alta e muito alta’ vulnerabilidade social.  Cubatão chega a 42,2%, Praia Grande, 31,8%, e São Vicente, 25,1%. Em Santos, este índice é de 12,6%.
A vulnerabilidade é fruto da carência de infraestrutura, de segurança,  e da disponibilidade de espaços públicos, fatores que influenciam os níveis de bem-estar de indíviduos e famílias. Sua ausência  pode gerar desintegração e marginalidade social, fato que ganha cada vez mais espaço e alimenta a onda de violência que atinge a todos, de todas as classes sociais, cada qual de uma maneira.
Conforme o estudo (disponível em www.seade.gov.br), “a segregação residencial cria ‘guetos’ de famílias pobres ou que comungam de determinadas características que as tornam vulneráveis à pobreza, e, no outro extremo, produz as áreas que concentram as parcelas da população com elevados índices de riqueza”. Ou seja, a periferia é escondida para debaixo do tapete das cidades, só que os efeitos desta segregação se espalham em suas artérias onde qualquer um em qualquer lugar pode ser vítima de algum tipo de violência.
Neste cenário sem perspectivas, o jovem é presa fácil para ser autor e vítima dos crimes. E os resultados são tristes. As maiores cidades da região têm índices que superam a média estadual no tocante à taxa de mortalidade na população entre 15 e 34 anos, onde a violência  lidera as estatísticas. Em Guarujá, chega a 142,48 casos a cada 100 mil habitantes, 18% superior à média paulista. Ou seja, o jovem guarujaense tem 1/5 de chances a mais de morrer que a média paulista.
Os números são crueis e tendem a crescer se ações de melhorias sociais e combate à violência  pelo Poder Público não forem implementadas urgentemente.


 

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