Desde 22 de março de 1993, o Dia Mundial da Água é comemorado, conforme resolução da Organização das Nações Unidas firmada no ano anterior.
Assim, ficou estabelecido que todos têm direito ao acesso à água e, como consequência, ao saneamento básico.
Na prática, porém, os desafios ainda são enormes.
Um em quatro habitantes do planeta ainda não têm acesso a este bem vital, a despeito de 2 bilhões de pessoas terem sido beneficiadas com o produto ao longo das últimas duas décadas, informa as Nações Unidas.
No Brasil, mais de 30 milhões de pessoas enfrentam dificuldades no acesso ao líquido – no saneamento básico são 100 milhões de brasileiros.
Mesmo Santos, no litoral paulista, que encontra uma posição favorável dentro do cenário nacional, com quase 100% de abrangência em ambos os itens, também tem seus déficits.
Isso porque os indicadores divulgados só se referem aos números de locais regularizados.
Comunidades e palafitas, por exemplo, sem regularização fundiária, não aparecem nos índices, distorcendo os números reais.
Basta lembrar que o Dique da Vila Gilda, na Zona Noroeste, a maior favela de palafitas do País, reúne mais de 3 mil famílias.
Infelizmente, a ampla maioria sem ligação de água (com encanamentos provisórios ligados à alguma rede, quando ocorre), nem saneamento básico.
Entrevista
Para falar sobre a data, o biólogo, professor doutor em Ecologia e Recursos Naturais, especialista em qualidade da água e diretor e responsável técnico da empresa Aquática Consultoria Ambiental Ltda, João Paschoa, participou do Jornal Enfoque desta quarta (22).
Ele também leciona em cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Santa Cecília
Com sua experiência como docente e pesquisador, Paschoa fez uma analogia com o trabalho de um beija-flor que tenta apagar um incêndio, de gota em gota.
“Se cada um fizer sua parte, o trabalho coletivo prospera”, salienta.
Citou, por exemplo, estudos onde apontam que pequenos atos podem interferir diretamente no ambiente aquático.
Por exemplo, toda a coleta de esgoto se dirige ao emissário submarino, localizado no José Menino, e de lá segue para o mar – a 4 quilômetros de distância.
O simples apertar de uma descarga, portanto, pode levar elementos químicos presentes no corpo humano que afetam o ambiente.
Caso do consumo de cocaína que, descartado via urina ou fezes, tem como destino o fundo do alto-mar.
“Pesquisas mostram que após o Carnaval, o volume dos resquícios da droga crescem absurdamente. Isso afeta o meio”, salienta.
Dessa forma, o mesmo ocorre em relação ao consumo de anticoncepcionais pelas mulheres, cujos resquícios estão presentes na urina.
Assim, em razão do volume considerável, como ocorre, o simples ato impacta as espécies marinhas.
“Estudos mostram que pelo menos três tipos de peixes do litoral na região tiveram reversão do sexo”, relata.
Paschoa também falou de suas experiências em regiões como a Floresta Amazônica e o sertão nordestino, com extremos de vegetação e clima.
Como biólogo, ele também enfatizou a importância dos profissionais e o mercado de trabalho em ascensão.
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