Com 18 mortes confirmadas nesta etapa da Operação Escudo – todas em confronto contra policiais, segundo os boletins de ocorrência -, a ouvidoria da instituição virá à Baixada Santista neste domingo (11) para conversar com familiares de vítimas.
Há suspeita de inocentes terem sido mortos, a despeito do boletim de ocorrência indicar a participação direta no confronto contra os policiais.
A Operação Escudo voltou com força total à Baixada Santista após a morte de dois policiais em menos de uma semana apenas em Santos, no litoral paulista.
Casos do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo e do cabo José Silveira dos Santos, atingidos durante atuação em duas comunidades no Município.
Com a vinda de reforço policial e atuação direta do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, a atuação da PM ganhou força.
E não só na orla, mas também na periferia de Santos e São Vicente – que até cancelou as atividades carnavalescas nas ruas.
Clima tenso
O clima é tenso nas comunidades, especialmente em bairros da Zona Noroeste e nos morros.
Aliás, na sexta à noite, a secretaria confirmou que dois homens morreram ‘em confronto’ com a polícia no Morro São Bento, bairro de Santos.
Ambos foram levados à Santa Casa de Santos, mas morreram.
No entanto, no meio das mortes envolvendo bandidos, há casos como o de um catador de latinha que atuava no Dique do Sambaiatuba assassinado dentro de sua moradia na semana passada.
O assunto virou reportagem na Folha de S. Paulo (leia mais), que tem atuado na cobertura destes casos – assim como a Operação Escudo desencadeada no ano passado, com destaque para o Guarujá.
Além disso, há o episódio que ganhou as redes sociais.
Afinal, um policial atirou duas vezes em um servidor de São Vicente – que estava desarmado.
Ele está internado no hospital municipal da cidade e não corre risco de morte.
Ouvidoria da polícia
Tais situações preocupam o ouvidor da polícia, Claudio Silva.
Junto com uma comitiva de instituições e movimentos, ele se encontrará com familiares que denunciando supostos abusos da própria polícia.
O encontro ocorrerá às 8 horas, no Frango Assado, na Imigrantes.
De lá, o grupo desce para o litoral em direção à Câmara Municipal de São Vicente, com previsão do encontro marcado para às 10 horas.
Hoje, Silva conversou pelo telefone com o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, onde analisaram a situação.
Confira a nota emitida pela ouvidoria das polícias.
Nota pública
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo tem acompanhado com muita apreensão, desde o início, esta nova operação policial deflagrada na Baixada Santista e tem estado em frequente contato com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, refletindo e trocando com esta ouvidoria suas preocupações com o crescente volume de denúncias.
Ou seja, indicando aumento crescente e desproporcional da violência, cujos resultados fomos tristemente testemunhas na sua primeira edição.
A partir de denúncias que nos tem chegado através de moradores e grupos em redes sociais, com videos, fotos e áudios, nota-se um recrudescimento assimétrico da violência nos últimos quatro dias, com ênfase para a última sexta feira.
Aliás, percepção que parte não apenas desta ouvidoria, mas compartilhada por diversas instituições e entidades de direitos humanos que tem atuado no episódio.
Por esta razão, esta ouvidoria acionou diversas autoridades, manifestando sua preocupação com o quadro, incluindo a possibilidade de uma visita in loco na Baixada, para contactar esses moradores que tem enviado denúncias e reclamações, incluindo uma interlocução com o próprio gabinete da Secretaria de Segurança Pública do estado, instalado naquele território.
Dentro dessas tratativas, o ouvidor, Prof. Claudio Silva esteve em contato telefônico por mais de um quarto de hora hoje com o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, momento em que fizeram diversas reflexões sobre estes acontecimentos.
E assim, com o consequente comprometimento do ministro em buscar respostas junto à diversas autoridades das esferas estadual e federal sobre este crescente e preocupante número de denúncias que tem chegado a todos os órgãos de defesa dos direitos da pessoa humana.
A par disso, a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo reforça a disponibilidade total de seus canais.
Assim, estão abertos para receber denúncias da população bem como dos agentes de segurança que, de algum modo, sentirem-se pressionados ou violados em seus direitos:
WhatsApp (mensagens/arquivos): (11) 97469-9812
Telefone: 08000 17 70 70 – segunda a sexta, das 9 às 17h.
Email – [email protected]