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09 DE JUNHO DE 2023

A chaga do analfabetismo

Por: Humberto Challoub

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Ao divulgar o relatório da pesquisa Alfabetiza Brasil do Ministério da Educação (MEC), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) deu números a uma triste realidade conhecida e mais uma vez mensurada em toda a sua trágica dimensão.

Afinal, apenas 4 em cada 10 crianças do 2º ano do Ensino Fundamental estavam alfabetizadas no País em 2021, resultado ainda pior em comparação a 2019, quando mais de 6 crianças em cada 10 eram consideradas alfabetizadas.

O resultado remete à previsão de que o Brasil ainda levará algumas décadas para se livrar de um problema crônico que continuará condenando gerações às situações de exclusão e preconceito.

A manutenção do analfabetismo em níveis não condizentes com uma nação que se almeja desenvolvida resulta do continuísmo de políticas educacionais ineficientes, sobretudo no Ensino Fundamental.

Apesar de estar invariavelmente presente nas campanhas eleitorais e constar na relação de prioridades estabelecidas pela quase totalidade das administrações públicas, a Educação Básica há muito carece de políticas contínuas que efetivamente assegurem o acesso a todas as camadas da população.

Além disso, promovam a melhoria das condições estruturais e recursos pedagógicos e, principalmente, assegurem níveis salariais para manter e atrair professores de qualidade reconhecida.

Mais do que quitar uma dívida social com a população, o investimento maciço em projetos dirigidos à Educação Fundamental denotam a única estratégia capaz de garantir um futuro de crescimento econômico sustentável, por meio da formação de gerações preparadas para os novos desafios tecnológicos e dotadas com a capacidade de entender, cumprir deveres e exigir os plenos direitos de cidadania.

O mundo, cada vez mais globalizado, impõe novos desafios e a necessidade de ações criativas, inovadoras e alicerçadas em novas tecnologias sustentáveis que garantirão mais eficiência produtiva em consonância com a preservação ambiental

A negligência do Estado brasileiro já faz por exigir um maior envolvimento da sociedade civil, que deve também participar com propostas de aprimoramento das bases educacionais e contribuir com o acréscimo de investimentos privados para a ampliação da qualidade do ensino oferecido.

Isso porque, apenas a cobrança da responsabilidade que cabe aos governos tem se revelado insuficiente para resolver um problema que, afinal, interessa a todos os brasileiros, sem distinção.

O desafio é enorme. Resta saber se teremos boa vontade das autoridades para mudar esta realidade.

 

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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