A continuidade do conflito armado envolvendo a Rússia e Ucrânia vem produzindo uma tragédia humanitária de grandes proporções e, ao mesmo tempo, despertando em muitos países a necessidade de rever políticas de abastecimento diante da escassez no fornecimento de vários produtos e insumos originários daquela região.
A consequente instabilidade provocada pela guerra e pelos embargos impostos aos produtos russos e de nações que apoiam a invasão bélica impõem a substituição de fornecedores de matérias primas e, sobretudo, a redefinição das estratégias adotadas para amenizar os impactos econômicos gerados pela fragilidade percebida nos fundamentos da globalização.
Nesse contexto, mais do que nunca, torna-se necessário aos pré-candidatos à Presidência da República incluir os segmentos ligados à atividade industrial brasileira entre as principais prioridades de um futuro Governo, a partir do estabelecimento de metas de curto e longo prazos visando recuperar a capacidade e a autonomia da produção nacional.
Entidades do setor relacionam 12 áreas estratégicas merecedoras de maior atenção para a retomada do setor, envolvendo segurança jurídica para os contratos, investimentos, tributação e gasto público, financiamento, relações do trabalho, infraestrutura, educação, inovação, comércio exterior, meio ambiente, burocracia e micro e pequena empresas.
Estudos recentes apontam que indústria brasileira pode garantir alcançar ambiciosa meta de crescimento anual do Produto Interno Bruto em 5,5% anuais, permitindo que a renda per capita cresça paralelamente 4,5%, dobrando em 15 anos.
Por certo, há disposição dos representantes do setor industrial em colaborar com o futuro governo, ocupando um espaço de participação que represente devidamente a importância e magnitude da indústria como fator preponderante para a ampliação do número de vagas de trabalho e à retomada do desenvolvimento econômico e social.
Consolidar uma maior expressão do setor no País, ampliando sua abrangência na economia por meio do aumento da capacidade de aquisição do consumidor brasileiro, se faz necessária diante dos cenários que se preconizam para o futuro.
O empenho na busca de soluções para problemas crônicos que há muito atrasam o ritmo de crescimento do Brasil merece ser visto como uma iniciativa merecedora de estímulos, porque promoverá a formação de novos paradigmas de governança para o País, por meio de uma integração de esforços dos agentes públicos e privados , que invariavelmente resultam em saldos positivos e tornam objetivos e projetos comuns factíveis.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação