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Opiniões

19 DE AGOSTO DE 2016

Santos: uma cidade em ponto morto

Por: Da Redação

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A campanha eleitoral começou, mas parece que ainda não saiu do lugar. Depois de quase uma semana, as candidaturas não invadiram as ruas, exceto por tímidos adesivos de carros, com a repetição de cores, slogans e rostos sorridentes.

É claro que as novas regras limitaram a euforia dos candidatos e suas cargas de poluição visual. Sonho com uma Santos com menos lixo em forma de santinhos e outras tranqueiras de papel. Se a cidade já recicla pouco (menos de 2%), imagina o destino cruel dos bueiros a engolirem o que não merecem.

Por outro lado, muitos candidatos pensam que inventaram a roda no mundo virtual. Páginas de Facebook se multiplicaram, pedidos de amizade nos iludem com falsa popularidade, mas permanecem os slogans infantilizados na maioria dos casos. Termos como coragem, ousadia, família e Deus reforçam o teatro em busca do emprego dos céus.

O resultado já se reflete na pesquisa da Enfoque/Jornal Boqnews. A 40 dias da eleições, 55,3% dos entrevistados estão indecisos sobre o prefeito a escolher, segundo a pesquisa espontânea. Na estimulada, quando os nomes dos candidatos são expostos aos entrevistados, os indecisos caem para 36,7%. Em outras palavras, há um desinteresse de parte significativa do eleitorado pela campanha.

O prefeito Paulo Alexandre Barbosa é o maior beneficiado com uma campanha eleitoral em ponto morto. Quando menos atenção for dada aos adversários, maiores serão as chances dos eleitores votarem no piloto automático.

Na pesquisa espontânea, Paulo Alexandre (PSDB) lidera com 22,7%. Marcelo Del Bosco (PPS) tem 2,3%. Carina Vitral (PC do B), 1,1%. Os demais não alcançam 1%. Na pesquisa estimulada, o prefeito está na frente com 36,7%, seguido por Del Bosco, com 5,3%. Depois, Carina Vitral, com 2,3%; Paulo Schiff (PDT), com 2%.

Os dados indicam que, embora seja cedo para previsões consistentes, é possível pensar a campanha a curto prazo. O prefeito não está com a bola toda, se pensarmos que venceu há quatro anos no primeiro turno, com folga maior. Em compensação, os adversários padecem de desconhecimento do público ou de desconfiança. E o tempo talvez seja pequeno para reverter o cenário.

Paulo Alexandre apresenta, conforme a pesquisa, 53,3% de aprovação. mas 29% o reprovam como administrador. Metade dos entrevistados o consideram um prefeito de nota 5 a nota 7. Numa universidade, ele ficaria de exame, não passaria direto. Os números se assemelham à pesquisa anterior, de junho, o que denota relativa estabilidade.

O prefeito atual apresenta o maior índice de rejeição do eleitorado: 10,7%. Mas cuidado: 1) ele é bem mais conhecido do que os demais candidatos; 2) é vidraça por razões óbvias e 3) é um índice baixo para quem lidera a corrida. Um sintoma disso é que 47% dos entrevistados acreditam que Paulo Alexandre vai se reeleger em outubro.

Outra questão interessante é a preocupação do eleitor. 38,1% acreditam que o próximo prefeito deve priorizar a Saúde. Nada mais simbólico, diante de um hospital como os Estivadores, que custou uma fortuna, mas não foi aberto justamente por falta de dinheiro para equipamentos e pessoal, aspectos que deveriam ser previstos e planejados desde que o projeto foi anunciado, no início da atual gestão.

A primeira pesquisa pós-início de campanha eleitoral confirma algumas sensações. A eleição acontece numa cidade acomodada, não exatamente satisfeita. Parte do eleitorado não vê, até o momento, um adversário capaz de derrubar o atual prefeito e se apresentar como uma alternativa real.

Leve-se em conta que há pouco interesse em se informar com profundidade sobre nomes e programas de governo. O passado de promessas ao vento também pesa na desconfiança generalizada.

O próximo passo é a exibição do horário eleitoral gratuito. Difícil crer numa alteração significativa por causa do rádio e da TV, diante do tempo maior do candidato favorito. Até que ponto os demais concorrentes serão criativos com pouco dinheiro e tempo reduzido?

Lamento que a campanha eleitoral não esquente em temperatura mais perto da fervura. O banho maria só empurra os reais problemas para debaixo do tapete e não força um debate contundente sobre o que realmente interessa para Santos. Por enquanto, sorrisos, slogans e tapinhas nas costas não resolvem a equação da urna eletrônica.

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