“Um trabalho minimalista de câmera, que, segundo o júri, destacou as delicadas performances do elenco”. Foram com essas palavras que o júri do Curta Santos 013 – formado pelo crítico de cinema Cássio Starling, a atriz e diretora Eliana Fonseca e o roteirista Daniel Chaia – premiaram o curta-metragem Tempo é Morfina em quatro categorias: Melhor Ficção, Melhor Direção, Melhor Ator e Melhor Atriz.
O curta-metragem foi todo produzido por jovens de baixa renda da Baixada Santista, estudantes de cinema das Oficinas Querô, com patrocínio da ThyssenKrupp. Na direção, jovens de apenas 17 anos, Kamilli Semenov e Daniel Queija se entregaram à história densa de Jobson (Vinícius Ferreira) e Eliane (Priscilla Maia), escrita pelo diretor e roteirista Rafael Aidar.
“Quanta emoção pra uma noite só. Só tenho a agradecer a equipe, ao Instituto Querô, ao Rafael Aidar, os atores e meu parceiro de muitos anos, Daniel. Fizemos um filme lindo que tá rodando o Brasil e sendo assistido por várias pessoas. Vocês são o motivo de tudo isso. Obrigada!!!”, disse emocionada Kamilli Semenov.
“É justo dizer que Vinicius, Priscilla e Aidar foram os pilares do sucesso deste projeto. Obrigado por depositar tempo e confiança em um bando de jovens que abandonaram as tardes vazias e resolveram fazer cinema”, agradeceu Daniel Queija pelas redes sociais, que atualmente está morando na Espanha. E o diretor Rafael Aidar, tutor dos jovens durantes as filmagens, complementa: “Eles foram os maestros. Muito merecido. Me emociona muito vê-los felizes e motivados com o cinema. É só o começo…”.
Ao todo, 22 curtas-metragens participaram da 13ª edição do Curta Santos e a premiação aconteceu na noite de sábado (19/09), no Galpão Tremendão. Além dos troféus, os vencedores poderão frequentar cursos e locar equipamentos de audiovisual oferecidos pelos apoiadores do Festival: CiaRio, Melies, DOT Cine, Cinecolor Digital, CTAv, Fábrica Brasileira de Imagens, Electrica e Inspiratorium.
Um navio que deixou marcas no Porto de Santos
Dos dez prêmios que o Querô concorria no Festival, levaram oito deles para casa. Quatro para os jovens do Querô e outros quatro foram entregues à produtora Querô Filmes, que junto com o diretor Cristiano Sidoti, produziram o filme eleito Melhor Documentário no festival: Nau Insensata.
Em uma história forte, de fotografia marcante e sons que remetiam à tensão da época, segundo o júri, “o documentário foi agraciado pela expressiva construção formal ao resgatar um fato histórico pouco conhecido e contribuir para manter viva a memória difícil do período da ditadura”.
Na tela do cinema, ex-presos políticos narravam ao público do Festival o que passaram no navio Raul Soares, que serviu de presídio político no início da Ditadura Militar no Porto de Santos.
Além de Melhor Documentário, o filme também levou Melhor Som (Fernando Russo, Kira Pereira e Raphael Lupo), Melhor Fotografia (Roberto Vezzoni de Muniz) e Melhor Roteiro (Cristiano Sidoti). “Até agora já foram cinco prêmios para o Nau Insensata, além de selecionado para um festival na França. Mais do que todo esse reconhecimento, é motivador saber que estamos ajudando a manter viva uma história de tamanha importância para a cidade de Santos”, finaliza o sócio-diretor da Querô Filmes, Jefferson Paulino.