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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Tecnologia

06 DE ABRIL DE 2023

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Chegada da inteligência artificial preocupa profissionais de comunicação

Uso indiscriminado da tecnologia pode trazer prejuízos para sociedade

Por: Vinícius Dantas
Da Redação

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Com o desenvolvimento da tecnologia tão avassalador, forte utilização das redes sociais e diversos recursos de comunicação, a comunicação aliada ao papel do jornalismo segue em pauta. Ainda mais quando se comemora o Dia do Jornalista nesta sexta (7).

Isso porque com uma alta e rápida entrega de diversos conteúdos, algumas pessoas substituíram o papel pelas telas, e as plataformas digitais possuem uma forte influência na informação.

Pode-se observar isso no período de eleições presidenciais, por exemplo.

No entanto, a questão que fica é qual será o futuro da comunicação?

Inteligência Artificial

A ferramenta ChatGPT vem sido muito utilizada para criação de textos e serve como auxílio aos profissionais de comunicação.

Segundo o coordenador do curso de Jornalismo da Unisanta, professor-doutor Robson Bastos, a Inteligência Artificial (IA) pode auxiliar na questão da elaboração de pautas e arquivos sobre o tema da reportagem.

“Não vejo como inimiga. A profissão só vai se fortalecer, porque nós teremos que validar a Informação da IA. Igual a hoje, como o que acontece com as pesquisas no Google ou em outra plataforma”.

O professor e coordenador do curso de Jornalismo da Unisantos, Paulo Borsen, concorda e afirma que a IA está ou estará presente em todas as atividades, uma realidade que não tem como mudar.

“Penso que há muitos benefícios para a sociedade, mas é preciso entender qual o real potencial da utilização dessa tecnologia no Jornalismo para que possamos definir os limites éticos e como devemos utilizá-la em benefício do próprio trabalho do jornalista e da sociedade”.

Futuro do jornalismo

Sobre o papel do jornalista e sua importância para o futuro, Bastos revela que o bom Jornalismo serve para buscar as “verdades”.

Além de buscar a informação precisa e profunda para a sociedade. Seja nas diferentes áreas, desde política, saúde até meio ambiente.

Borsen resume a profissão como “mais do que nunca ser os olhos da sociedade”.

O docente disse que a tecnologia tem aproximado mais das fontes, dos dados, permitindo um amplo trabalho por conta de diversos dados.

Porém, ele alerta que o jornalismo de dados é um ganho para a sociedade, na medida em que há melhores condições de fiscalização do jornalista.

“A informação, a contextualização, a análise, o aprofundamento dos fatos é mais importante do que nunca numa sociedade superficial, imediatista, que vive das aparências e das imagens. Só que esse papel, que não é novo, precisa ser reinventado diariamente, por conta das novas tecnologias e linguagens”.

Desinformação

Contudo, um ponto que é fundamental nos dias de hoje é a atenção sobre o conteúdo, ou melhor, a verdade que ele apresenta.

Com uma grande onda da fake news (notícias falsas), todos precisam diferenciar se o que acessam é falso ou real.

É justamente neste caminho que entra o jornalista, de acordo com Bastos, o profissional com a responsabilidade de combater as notícias falsas.

“O jornalista pode e deve combater as fake news indo a fontes fidedignas e equilibradas. Com muita apuração e pesquisa. E um trabalho profundo e muito responsável. Nenhum robô vai conseguir fazer esse trabalho”.

Todavia, para Borsen, o jornalismo precisa se conectar da sociedade mais cedo. Sendo apresentado nas escolas, formando futuros leitores e consumidores de notícias. Ele aponta que dessa maneira seria um grande passo para a construção de uma sociedade melhor.

Outra reflexão é que a inteligência artificial auxilia na informação e comunicação, porém até certo ponto, já que nem todos os conteúdos ela consegue transmitir.

Sociedade

Além de pesquisar, checar, entrevistar e documentar, o jornalismo por meio de suas informações promove debates e deixa a comunicação entre a sociedade acontecer.

Por exemplo, em um mundo cada vez mais polarizado, há dificuldade em ouvir e entender outro pensamento.

Conforme Bastos, a mediação dos conflitos apenas ocorrerá com equilíbrio e bom senso e o jornalismo deve demonstrar todos os lados da questão.

Contudo, cabe ao leitor decidir qual estará adequado a ele.

Assim como informar e promover debates, o jornalismo auxilia no comportamento social e político.

Questionado sobre como a profissão pode contribuir para a democracia, ele responde “O Jornalismo engajado ou cívico pode demonstrar os direitos e deveres da cidadania. Esclarecer que todos temos um papel social a cumprir. Para o bem da boa convivência e da democracia”.

A credibilidade é o combustível para que o jornalismo exista, segundo Paulo Borsen.

“Esse movimento orquestrado por facções políticas radicais de produção industrial de fake news tem o objetivo de ferir o jornalismo, atacando justamente a credibilidade. Além de enganar a sociedade e arrastá-la para seus projetos ditatoriais, um dos objetivos é desacreditar o jornalismo”, enfatiza.

“O jornalismo historicamente é inimigo dos ditadores, dos algozes da democracia e por isso não deve ser livre e plural para eles.”

Combate às Fake News

Recentemente, o Governo Federal lançou a campanha Brasil Contra Fake.

Além disso, hoje não existem apenas notícias falsas, mas também imagens manipuladas e deep fakes (técnica que utiliza IA para tirar o rosto de uma pessoa e aplicar em vídeo).

De acordo com o jornalista e doutor em Ciências Humanas, Michel Carvalho, “a desinformação se tornou objeto de preocupação de todas as democracias nos últimos tempos e é um tema muito presente hoje em dia em diferentes áreas do conhecimento”.

Sobre a questão da segurança nas redes sociais, ele menciona que, segundo pesquisas recentes, a maioria dos usuários desconhece a origem do que lê na internet.

Além disso, essas pessoas não conseguem entender e analisar as mensagens que circulam digitalmente. “Muitas compartilham informações falsas por ingenuidade, sem consciência do impacto danoso daquele determinado conteúdo à coletividade. São internautas que não sabem nem, ao menos, distinguir opinião e notícia, humor e realidade”.

Tratando-se das formas de evitar as fake news, ele cita que a Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) elaborou oito passos que ajudam a checar notícias:

“Avaliar o veículo de comunicação; ler além do título; verificar o autor do texto; certificar-se de que os links dão suporte à história e são credíveis; verificar a data de publicação da informação; analisar se o conteúdo não é satírico; considerar se suas próprias crenças podem afetar seu julgamento; e, por fim, consultar um profissional de informação ou acessar sites de verificação, como Agência Lupa, Aos Fatos e Truco”.

Portanto, o futuro da comunicação para os jornalistas dependerá da credibilidade e qualidade, pois o profissional lida com uma série de tecnologias e tornou-se multifuncional, ao realizar entrevista, pesquisa, checar, gravar, fotografar e redigir.

Leia mais

Avanço da tecnologia já impõe mudanças na didática do professor

 

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