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Saúde

20 DE MAIO DE 2023

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Menopausa: de olho no antes, durante e depois

Modificar estilo de vida é fundamental para enfrentar o momento, explica a psiquiatra Adriana Pereira

Por: Da Redação

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A menopausa, nome dado à última menstruação e que marca o fim da fase reprodutiva da mulher a partir da quarta década de vida, é um período que requer um olhar muito especial não só dela própria, mas também de todos que a rodeiam.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), até 2030, haverá mais de um bilhão de mulheres na menopausa. Além disso, a partir daí, 100 milhões entrarão a cada ano.

Sintomas neuropsiquiátricos, começam a aparecer alguns anos antes da menopausa, em um período chamado de transição menopausal, para o qual os cuidados com a saúde da mulher são fundamentais, sobretudo porque, com o aumento da expectativa de vida, ela viverá 1/3 da sua vida na fase pós-menopausal.

“Oitenta por cento das mulheres possuem sintomas durante a transição menopausal, enquanto outras 20% passam assintomáticas, mas isso não significa que isso vai se manter para o resto da vida”, afirma a psiquiatra Adriana Pereira. Pois atualmente observa-se que algumas mulheres estão se tornando sintomáticas após a 6ª. década de vida.

“Alteração do humor, desatenção, lapsos de memória, crises de ansiedade e   insônia são queixas frequentes que levam muitas destas mulheres a serem diagnosticadas com depressão e/ou ansiedade. Por fim, entram no circuito da doença com o uso de psicotrópicos por um longo período, pois não têm a causa de seus sintomas investigada e não recebem o tratamento mais adequado”, emenda.

A profissional lembra que o processo pode se iniciar a partir dos 40 anos, mas atualmente observa-se em alguns casos, mais cedo, logo após os 35 anos.

Variação biológica

“Há mulheres que começam com 40, 42, enquanto outras aos 50. Existe uma variação biológica. A idade materna e das tias para a menopausa pode ser um parâmetro. Ultimamente temos mulheres antes dos 40 apresentando sintomas, principalmente aquelas que têm história de menopausa precoce na família.

Nesta fase, lembra a psiquiatra, a mulher apresenta um declínio da função cognitiva, caracterizado pela chamada névoa cerebral, quando ocorre um processo inflamatório. Portanto, uma queda da produção de energia celular por conta da queda dos hormônios estradiol e progesterona. Assim, deixando a cabeça atordoada, e uma sensação de confusão mental que não é contínua e que se agrava diante os fatores de estresse no dia a dia destas mulheres.

“Falo que é uma época em que a mulher é uma bomba relógio, pois há uma confluência de instabilidade vascular, alterações metabólicas, propensão à depressão e alta carga de estresse. Fatores que, associados, duplica o risco para doença cardiovascular nesta faixa etária”, afirma. “Nessa fase, a mulher está, muitas vezes, no auge profissional, com mais responsabilidades, tem filho pequeno ou adolescente, que ainda solicita muita atenção, e ainda passa por crise no casamento. No ano passado, por exemplo, saiu uma investigação na Inglaterra que a maior quantidade de divórcios ocorre na fase da menopausa “, lista.

Pilares de vida

Como é impossível deter a menopausa e o envelhecimento, o foco da mulher deve ser garantir um futuro mais saudável. De modo a minimizar os sintomas e o impacto da menopausa na saúde. “É preciso instrumentalizar melhor essa mulher para que ela lide com estratégias melhores contra o estresse, por exemplo”, recomenda Adriana.

É necessário modificar o estilo de vida, apoiando-se em seis importantes pilares:

Higiene do sono

É durante o sono que temos a ativação do sistema glinfático, que é aquele que faz a limpeza neuronal de todo o estresse oxidativo acumulado durante o dia e a sedimentação da memória de aprendizado. “Sono é um dos pilares fundamentais”, afirma a psiquiatra.

Alimentação

É preciso modificar a alimentação. É uma fase em que a mulher tem predisposição para ganhar peso e a ficar pré-diabética, pela adaptação natural do corpo à queda hormonal. O corpo vai induzir a mulher a ganhar peso para a gordura ajudar na produção do estrogênio. “Aí é que está o perigo porque a insulina, hormônio que controla a glicemia, dispara e ele, sim, é o hormônio que está mais está associado ao risco de câncer”, acrescenta a profissional. Falar de alimentação, lembra Adriana, é lembrar do intestino, onde vai ocorrer todo o processamento nutricional, matéria-prima para neurotransmissores, funcionamento de enzimas e hormônios. “O colesterol, por exemplo, é a matéria-prima dos hormônios sexuais. Por isso que ele não é tão vilão como se relata”, completa.

Exercícios físicos

A psiquiatra lembra que as mulheres resistem muito a este pilar da medicina do estilo de vida. “Elas precisam ter um banco de músculos porque é ele que vai ajudar na proteção óssea. Uma das complicações é a osteoporose (doença que se caracteriza pela perda progressiva de massa óssea, tornando os ossos enfraquecidos e predispostos a fraturas), que é uma   das justificativas da reposição hormonal atualmente. Só que não adianta fazer a reposição e não ter o banco de músculos, pois, após a 7ª. década de vida. Vai desenvolver a osteosarcopenia (redução da massa muscular e óssea) e a dinapenia (redução da força muscular) da mesma forma.

Controle de substâncias psicoativas

O álcool faz com que o metabolismo hormonal fica prejudicado no fígado, podendo causar complicações. “Incluo também café em excesso, que faz mal para as mulheres nessa fase, o cigarro e outras drogas”, completa Adriana.

Relacionamentos abusivos e tóxicos

É um importante causador de estresse não só com o companheiro ou com a família, mas também com elas próprias. “Por estarem envelhecendo, algumas mulheres começam a brigar consigo mesmo: se acham velhas e burras por conta dos sintomas da menopausa. Isso é uma carga de estresse que, em muitas ocasiões, leva também à depressão e à ansiedade”, explica a psiquiatra.

 Gerenciamento do estresse

O estresse depende muito da percepção sobre a situação, ajudá-las com estratégias de enfrentamento (mindfullness e autocompaixão), que reduzem a ativação neural ocasionada pelas situações deflagradoras de estresse.

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