De onde vem os detritos lançados no mar e encontrados nas praias de Santos?
Para tirar esta dúvida, a Secretaria de Meio Ambiente lança em junho – dentro das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente – o projeto Ciência Cidadã.
Na prática, alunos de três escolas (municipal, estadual e particular) irão conhecer in loco, ou seja, na praia, todo o processo da destinação dos resíduos que chegam pelo mar, além dos que se espalham nas areias.
Professores e alunos das escolas UME João Papa Sobrinho, Escola Estadual Marquês de São Vicente e Colégio Jean Piaget participam do projeto.
Eles receberam informações e treinamento para execução da atividade.
Ao todo, 600 crianças estarão envolvidas.
O trabalho é resultado do convênio firmado pela Prefeitura de Santos com o governo da Suécia.
Portanto, o acordo firmado em 2017 contou com a presença de técnicos da Agência de Proteção Ambiental da Suécia (Sepa).
Assim, a escolha por Santos decorreu do trabalho desenvolvido pelo Município no tocante às ações ambientais, vários deles de forma pioneira (a coleta seletiva, por exemplo, ocorre há mais de 30 anos).
Secretário adjunto Marcus Fernandes comentou sobre os projetos desenvolvidos e ações programadas para os próximos meses durante o Jornal Enfoque. Foto: Carla Nascimento
Exemplo
Aliás, o intercâmbio permitiu a troca de experiências entre os técnicos.
Dessa forma, como resultado, possibilitou identificar os trajetos dos resíduos que chegam às praias de Santos, no litoral paulista.
Assim, a metodologia empregada virou referência de estudos para outros municípios litorâneos do Brasil.
“Acabamos com o achismo e criamos uma metodologia auditável”, explica o secretário adjunto de Meio Ambiente, Marcus Neves Fernandes.
Na prática, por exemplo, a instalação de barreiras junto aos canais próximos à praia foi um dos exemplos concretos do resultado do estudo.
Dessa maneira, o levantamento identificou mais de 90 itens descartados de forma irregular e que chegam às praias.
Portanto, o resultado serviu de referência para dezenas de municípios litorâneos brasileiros, que passaram a adotar a metodologia.
Fernandes participou do Jornal Enfoque desta quarta (12), onde falou sobre este e outros temas ambientais.
Beco Limpo
Dessa forma, ações foram criadas, como o projeto Beco Limpo, de melhorias e ações ambientais no Dique da Vila Gilda, a maior comunidade de palafitas do País.
Assim, graças à parceria com o Instituto Arte no Dique, que desenvolve um premiado trabalho social na região.
No mês passado, o Instituto Arte no Dique entregou uma marcenaria ecológica, que irá ampliar o reaproveitamento de madeiras para mudar sua finalidade.
O que seria lixo está sendo reaproveitado nas oficinas da EcoFábrica Criativa. Foto: Francisco Arrais/Arquivo
Ecofábrica Criativa
Durante o programa, Fernandes também comentou com a ação de reaproveitamento de madeira descartada nas ruas que acabam tendo outro destino: a recuperação e reaproveitamento com surgimento de outras peças.
“Mais de 50% do volume coletado no Cata-Treco é madeira”, enfatizou.
Assim, desde agosto passado uma área de 5 mil m2 na Avenida Nossa Senhora de Fátima, na Zona Noroeste, abriga a Ecofábrica Criativa.
No mês passado, o espaço ganhou reforço com a Fábrica de Artefatos e Zeladoria (FAZ).
Portanto, ela amplia a capacidade de recuperação da madeira, cuja ideia é atender a demanda unindo sustentabilidade e recuperação de próprios públicos.
Com novos equipamentos, é possível também qualificar profissionais e garantir também a visitação de alunos e grupos para conhecer o trabalho realizado.
Assim, cursos de educação ambiental também entram na lista de novidades do espaço.
Não bastasse, parceria firmada pela Semam com a empresa Bandeirantes/Deicmar vai garantir um volume mensal de 2 a 5 toneladas de madeiras que a empresa opera.
“Atualmente, este material é triturado e queimado. Passará a ter outra finalidade”, enfatiza.
Outros temas
Dessa forma, durante o programa, o secretário-adjunto falou também das ações para as comemorações do Dia da Mata Atlântica, comemorado em 27 de maio.
Além dos impactos da dragagem no Porto de Santos nas praias, estudos para identificação dos efeitos do gás estufa no cotidiano da Cidade, a qual ele enfatizou a importância da SPA – que está fazendo um estudo específico – trabalhar em conjunto com a secretaria.
“Para mim, fica estranho achar que a poluição chega na faixa portuária e para. Se eu tenho um parceiro, por que não trabalharmos juntos?”, indaga.
Assim, o tema, aliás, faz parte do plano com 50 metas públicas firmadas pelo Município para o desenvolvimento e conscientização ambiental.
Santos é uma das pioneiras e referência na questão das alterações climáticas no Brasil.